Capítulo 14

312 34 6
                                    


POV EMILY

Depois de ter praticamente deixado Sue ajoelhada no quintal de sua casa implorando para eu ficar. O meu coração se despedaçou em mil, mas o que eu poderia fazer? Eu já não aguentava a nossa situação... por mais que seja dificil no começo, eu sei que ela poderá ser feliz com Austin e sua família. Talvez o amor que ela sentia por mim a impedia de enxergar a realidade. Ela não precisa de mim.

Quando cheguei em casa a noite, meus pais se assustaram, mas dei a desculpa que não aguentaria ficar mais um dia longe de casa e chorei... chorei tanto que eles não me perguntaram mais nada. No dia seguinte, pedi para que minha família não deixasse ninguem me incomodar em meu quarto e eu fui bem clara que nem mesmo Sue poderia. Eu imaginava que ela iria vir atrás de mim e sinceramente eu não aguentaria dizer não a ela e voltariamos a viver em sua casa, eu acho que ela nunca notou como eu me sentia...

De manhã, e a tarde do dia seguinte... foram duas vezes que ouvi Sue nos corredores, na segunda vez, sua voz estava alterada com Lavinia, mas sinto uma eterna gratidão por minha irmã me defender e respeitar o meu tempo. Foram assim por dias, eu acho que se passou um pouco mas de um mês, quando eu permiti que Sue realmente me visse. Quando eu fui a sua casa, em um dia que eu sabia que Austin estaria fora e eu poderia conversar com Sue, sem problemas.

- Emily - Sue estava desacreditada descendo as escadas - Porque você está fazendo isso? - cada vez mais ela descia as escadas rapidamente

- Oi Sue - sorrio um pouco sem jeito, pois vê-lá novamente me traz uma fraqueza, uma vontade de desistir de tudo novamente, mas continuo focada em meus pensamentos.

- Você vai voltar para casa? - quando me dou conta Sue rapidamente abre os seus braços para me abraçar - As crianças estão sentindo sua falta - nesse momento ela me aperta cada vez mais em seu corpo - Estou morrendo de saudades.

- Posso ver as crianças um pouco? - tento fugir do assunto e aproveitar para ver os seus filhos, pois sinto tanta falta deles, que não consigo nem mesmo escrever meus poemas.

Ela sorri e me leva em direção ao quarto de brinquedos, imediamente quando entramos lá, as crianças me abraçam e me perguntam onde eu estava. Eu explico que estava ajudando a vóvó e que vou passar um tempo longe. Quando olho Sue, vejo lagrimas caindo em seu rosto. Ficamos brincando e lendo para as crianças até eu perceber que a tarde já se foi e que eu precisava voltar. Hoje ficaria um tempo com Lavinia tricotando com o seu grupo de amigos. Eu odeio fazer esse tipo de coisa, mas ela vem sido uma amiga tão leal que resolvi agrada-lá.

- Preciso voltar, combinei com Lavinia que iria ajudar a tricotar - imediatamente pela sua expressão posso imaginar que ela ache que estou mentindo para voltar para casa.

- Você odeia tricotar Emily - Sue diferente das outras vezes, perderá seu jeito doce, para uma expressão de discordancia - Volta para casa, por favor

- Nós já conversamos sobre isso - não quero ser arrogante, mas ela não percebe que as crianças estão prestando atenção em nossa conversa? - Eu preciso ir.

- Como assim nós conversamos? - sua voz começa a ficar alterada - Você estava indo embora sem ao menos se despedir, o que VOCÊ ACHA QUE EU TO PENSANDO?

- Sue, as crianças... - seguro em suas mãos e isso a acalma e faz com que ela volte a realidade - Podemos conversar em outro lugar?

Ela não solta das minhas mãos, nem mesmo quando nos despedimos das crianças. A babá já esta ali com a orientação que iremos fazer um breve caminhada e que logo retonaremos. Estamos andando naquele mesmo caminho onde nos conhecemos, talvez ela esteja tentando trazer lembranças em meu coração... Estou com medo de alguém nos ver, pois mesmo quando tento soltar minhas mãos da sua, ela me segura cada vez mais firme, como se me dissesse que não me deixaria.

Chegamos a nossa arvore... local do nosso primeiro beijo, primeiras conversas, onde nos apaixonamos e quando ela finalmente me permite ficar livre com as mãos, percebo que é a hora de conversar.

- Sue, eu não posso mais viver com a sua família. Depois de todos esses anos eu percebi que eu sou o unico problema da sua vida - percebo que ela quer me interromper, mas insisto - Eu fui egoista com você, me perdoa... eu não deveria ter te beijado a quase 12 anos atrás, você estava de casamento marcado com meu irmão e eu deixei os meus sentimentos influenciarem a sua vida, as suas escolhas... Se não fosse eu, você viveria uma vida normal com seu marido e os seus filhos e eu posso enxergar hoje o quanto vocês podem ser felizes juntos. Eu sei que você me ama e eu sou grata por ser amada por uma mulher como você. Mas agora eu sei o que eu fiz e o quão dificil eu tornei sua vida e eu não quero mais isso.

- Emily, você jamais foi um erro em minha vida. Eu não amo Austin, eu jamais poderia ama-lo pois tudo o que eu anseio é você. Por favor, Em - ela se aproxima e por mais que eu me afaste, ela segura suas mãos em meu vestido me impedindo de ir para longe - Se você quiser, eu jamais deixarei Austin me tocar novamente... eu sei o quanto é dificil pra você, não pense que eu nunca percebi o quanto você todos os dias lutou para ficar comigo e com a minha familia que também é sua. Eu te amo, não desista de nós. Essas ultimas semanas foram um inferno sem você, eu preciso de você. Eu preciso do seus beijos e caricias. Eu preciso dos seus poemas, das suas palavras. Eu não posso te perder.

- Eu não posso - agora sou eu quem não segurava as lagrimas - È melhor eu ir.

- Me beija? - esse pedido me tirou fora da realidade, mas como depois de tudo isso eu poderia dizer sim a essa pergunta?

- Não ... não mais - Pela primeira vez, percebo que Sue finalmente entendeu a realidade, nós apartir daqui, não estariamos mais juntas.

Dickinson - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora