Parte 5

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As casas estavam vazias, os comércios fechados, nenhum sinal de vida pela cidade inteira. Na hospedaria, não havia marcas de arrombamento e nem em nenhuma outra residência, então, chegamos à conclusão de que as pessoas haviam saído por conta própria.

— Talvez um feitiço? — perguntei ingenuamente.

— Não. As fadas não têm esse poder todo. — Ele sentou-se no mesmo banco em que eu o vi pela primeira vez.

— Um vampiro? Eles não podem hipnotizar as pessoas? — continuei formulando hipóteses.

— Só humanos, bruxos não.

Ele tinha se levantado e voltado para a rua. Não me sentia segura do lado de fora, mas sabia que também não estava do lado de dentro.

— E se um bruxo tivesse enfeitiçado as pessoas? A pedido das fadas? — Outra ideia surgiu em minha mente.

Yuri, que estava andando à minha frente, parou bruscamente e virou-se para mim.

— Até que faz sentindo, mas por que nós dois não fomos enfeitiçados também?

— Não sei! — Dei de ombros.

— O que você estava fazendo? Antes de todos sumirem?

— Lendo, e depois peguei no sono — respondi, e lembrei que havia dormido com o livro em cima de mim.

— Eu também estava no quarto. Não faz sentido.

Uma brisa insistia em soprar, fazendo-me arrepiar. De repente deu-me um estalo.

— Os duendes!

Yuri entendeu na hora, sorriu e começamos a caminhar para a colina. Minha avó tinha dito para eu não andar sozinha pela cidade, pois era território dos duendes. Automaticamente, imaginei que eles viviam em meio as pessoas também. Podiam ter visto algo que nos ajudasse a desvendar aquele mistério.

Muitas urzas estavam abertas e deixavam todo o caminho roxo. Algumas moitas, em especial, balançavam conforme caminhávamos. Não demoramos para descobrir o porquê.

Um pequeno duende de orelhas grandes e pontudas surgiu em nossa frente. Sorrindo, ele ofereceu uma urza, mas Yuri continuou de cara fechada.

— Não queremos uma flor, queremos saber o que acontece com as pessoas da cidade.

O duende, então, fechou a cara e virou as costas. Sem que notássemos, ele sumiu.

— Ei! Volte aqui! — Yuri gritou, mas não adiantou.

Seguimos o caminho que o pequeno ser fez e um pouco mais adiante era possível ver um vasto campo de urzas pisoteadas.

— Yuri, veja aquilo! — Apontei. O estrago se estendia por quilômetros e adentrava a floresta.

Caminhamos seguindo as flores destruídas e os galhos quebrados, adentramos a floresta e andamos até que ouvimos vozes. Eram femininas e falavam baixo.

Paramos e nos agachamos atrás de uma grande moita de samambaias. Fomos aos arrastos pelo chão até chegarmos a uma clareira. Bem no centro, mais de duzentas pessoas estavam sentadas no chão, presos em uma espécie de bolha de magia.

No meio deles consegui ver minha avó e minha mãe, do lado delas a mãe de Yuri, que observava tudo com muita aflição. Eram mais de dez fadas da lua ao todo, elas estavam nas sombras das árvores e não se aproximavam muito da clareira. Apenas duas faziam guarda, o restante delas estava descansando.

— O que vamos fazer? Não vamos dar conta de todas elas — sussurrei com medo.

— Temos que tentar algo. Não podemos deixá-los para morrer! — Ele virou-se para mim. Vi seus olhos brilhando.

— Não! — Sacudi a cabeça — Temos que ter um plano.

— Estando de dia, elas só vão se expor se for muito necessário porque não gostam de sol, podemos nos aproveitar disso.

Concordei com a cabeça, e ele continuou.

— Eu vou chamar a atenção delas, vou levá-las para o mais longe que conseguir, você desfaz aquela proteção.

— É perigoso!

Ele apenas sorriu e levantou-se gritando.

— Suas vadias! Soltem minha mãe imediatamente.

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Fadas da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora