Capítulo 1

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 – 3 meses, por favor, apenas 3 meses

...

POV – Seher

Nem acredito que já fazem duas semanas que saí de casa e vim morar na grande Paris. É claro que eu sei que não será por muito tempo, mas por enquanto quero aproveitar ao máximo a minha estadia. Eu quero ser eu mesma, quero conhecer pessoas novas, quero fazer amizades. Quero fazer esses 3 meses valerem a vida que não tive até agora. Se eu sinto falta de casa? De jeito nenhum!

Depois que ela se foi tudo ficou estranho, minha relação com meu pai nunca mais foi a mesma. Eu entendo que quando ele olha pra mim só consegue enxergar ela e é por isso que às vezes (só às vezes mesmo, Seher?) ele perde a paciência comigo. Eu nunca soube o que realmente aconteceu, quer dizer, eu sei que a minha mãe teve amantes e em um de seus encontros secretos foi pega pelo meu pai. Essas histórias sempre me machucam, tudo bem que eu era muito nova e não entendia quase nada mas a minha mãe era totalmente apaixonada pelo meu pai e pelo que a mãe Esma me conta a ela era uma pessoa maravilhosa com coração de ouro.

Nunca tive abertura pra conversar sobre esse assunto com meu pai, primeiro porque ele não sabe que sei e segundo a gente mal se fala. Quando tentamos acabamos nos ofendendo e nos machucando, e eu simplesmente desisti de tentar conversar e acatei os conselhos da senhora Ikbal. Ela é a esposa do meu pai. Eles casaram algum tempo depois da morte da minha mãe, mas não acho que ele casou com ela por amor. Acho que foi para ela ajudar a cuidar de mim. Sou muita grata a ela pois em várias situações com meu pai ela me defendeu e já chegou até a se colocar na minha frente para evitar que ele ... bem, se eu estou aqui hoje é por causa dela. Mas em outro momento eu contarei um pouco mais sobre a minha história. Preciso dormir por que amanhã será um grande dia.

...

Hoje é o meu vigésimo aniversário. Acordei às 5 da manhã para apreciar o nascer do Sol, mas adivinha? O dia amanheceu nublado, bom eu não deveria ter esperado algo diferente uma vez que vim para cá faltando poucas semanas para o início do inverno. É o que eu queria? Não é, mas não tive escolha. Não teria outra oportunidade para passar um tempo sozinha e daqui a algumas semanas meu prazo terminará e eu terei que fazer o que prometi. Não sei como será, mas ... não quero me preocupar com isso agora, hoje é o meu dia. E irei aproveitá-lo ao máximo.

Não quis me hospedar em um hotel, então pedi por um apartamento no 4 andar aqui próximo à torre Eiffel. Hoje eu me arrepende de não ter pedido um lugar no térreo ou primeiro andar PORQUE AQUI SIMPLESMENTE NÃO TEM ELEVADOR, mas tudo bem. Aqui é pequeno e aconchegante, com uma decoração parisiense clássica. Pensei em preparar meu café da manhã e sair só mais tarde, mas por algum milagre o Sol apareceu e o dia ficou mais bonito. Então decidi continuar meu rolê gastronômico pela cidade. Vi a previsão do tempo para o dia de hoje em meu celular e decidi colocar um vestido branco leve de tricô com mangas compridas e uma meia calça preta (apesar de estar fazendo sol o vento está um pouco frio) e uma botinha. Saindo de casa liguei para Melek para confirmar nosso compromisso hoje às 19:00.

Conheci Melek no meu segundo dia aqui na cidade, que foi quando decidi que a cada dia tomaria café da manhã em um lugar diferente pra substituir minhas memórias ruins e desconfortáveis de cafés da manhã com a minha família. Fui à padaria Le Pain Quotidian, um lugar super aconchegante com decoração simples e rústica. Eu não tinha ideia do que pedir e foi quando uma jovem que aparentava ser uns dois anos mais velha que eu, com cabelos longos escuros e cacheados, fez o pedido por mim. Em todos esses dias que passei aqui ainda não encontrei um lugar com um croissant melhor que o deles.

Desde esse dia eu e Melek passamos a conversar e acabamos nos tornando amigas. Ela também é de Ankara, mas já mora aqui há 2 anos. Enfim, ela não atendeu minha ligação. Ela passa boa parte do dia trabalhando é por isso que quase sempre saímos juntas apenas durante a noite. Sem destino para o café da manhã de hoje apenas caminhei aleatoriamente pelas ruas do centro até encontrar um lugar que me chamasse atenção. Avistei uma pequena padaria e como já estava com muita fome decidi ir até lá. Antes de chegar na porta senti meu celular vibrando dentro da minha bolsa. Senti um aperto no peito ao ver o nome no visor, então atendi

Sen VarsınOnde histórias criam vida. Descubra agora