Contos Lesbicos

Ciúmes

É definitivo. Eu odeio festa de confraternização de empresa.

Fuzilo a imagem que vejo em minha frente. Minha esposa está, no mínimo, há meia hora conversando e rindo com uma colega de trabalho. O pior é que a outra mulher a toca enquanto fala e ela deixa.

Elas conversam tão intimamente que sinto o amargo na boca. Não estou feliz. Nem um pouco.

Minha mulher sabe muito bem que eu não conheço ninguém direito do serviço dela mas não se importou nem um pouco em me deixar aqui na mesa sozinha enquanto se diverte com a outra.

Pois ela que fique aqui sozinha.

Pego minha bolsa e me levanto da mesa. Vou até onde elas estão conversando e espero me notarem e pararem de falar.

Dou um sorriso forçado para a colega de trabalho e me viro pra minha esposa.

- Vou pegar um taxi pra ir pra casa. Já estou cansada.

Tento fingir cara de paisagem mas Alexa percebe algo.

- Está tudo bem?

- Sim, só não estou mais no clima de festa. Não quero atrapalhar. A gente se vê em casa.

Forço um sorriso e começo a me afastar. Alexa franze as sobrancelhas e segura meu braço.

- Me dê só um minuto para me despedir e eu vou com você.

- Não é necessário. -minha voz sai um pouco ríspida e tento controlar o tom. - Você pode muito bem ficar e aproveitar a festa. Eu vejo que você está se divertindo. A gente se vê mais tarde.

Ela continua a me analisar e me puxa pra ela.

- Eu disse que vou com você.

Ela me dá uma última olhada e sai para se despedir de seus colegas. Bufo e me viro para a saída, não me preocupando em dar um sorriso para a tal colega.

Vou até a entrada do hotel onde está acontecendo a festa e me encosto em uma balaustra enquanto espero trazerem o carro.

Alexa chega bem na hora em que o manobrista chega com o veículo e deixo que ela entre no lugar do motorista enquanto me sento no lugar do passageiro.

- Pode me dizer o que está errado? -pergunta ao mesmo tempo que guia o carro.

- Nada. Só perdi o clima para a festa e te disse que não precisava vir comigo. -resmungo e olho para as construções ao redor.

- Acho que você sabe que eu te conheço há bastante tempo pra reconher quando você está chateada.

Não digo nada. A escorpiana em mim está rancorosa o bastante pra deixar que ela descubra o problema sozinha.

Ela faz um barulho de frustração mas mesmo assim não me viro pra ela.

Chegamos em casa em menos de cinco minutos e eu sou a primeira a sair do carro e entrar. Subo as escadas rapidamente e escuto quando ela fecha a porta de entrada.

Vou direto para o closet anexo ao quarto e me livro dos saltos e do vestido. Logo sigo para o banheiro e vejo quando minha esposa entra no quarto. Ela se encosta no batente da porta com os saltos na mão mas eu continuo ignorando enquanto termino de desfazer o penteado no meu cabelo.

- Então? -ela pergunta calmamente.

Apenas dou de ombros.

- Você está sendo infantil. -diz.

- Talvez.

- Se você ao menos conseguisse se comunicar como adultos normais a gente já teria resolvido.