05. Papai

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O nariz raspava sobre os fios escuros vagarosamente, como se quisesse decorar a essência que o filhote emanava.

Acariciava as costas alheia com um sentimento de alegria e satisfação, a euforia correndo nas veias, enquanto o peito quente se enchia de ternura e benquerença. Não lembrava quanto tempo estavam ali, mas fora o suficiente para Youngmin não querer largá-lo.

Sendo assim, o adulto abraçou mais forte a criança, deixando que mais uma vez ele babasse a camisa que vestia, ao se entorpecer com o cheiro do progenitor alfa.

Em seus pensamentos, o fio de voz chorosa do filho, questionando se era pai dele e se iria embora novamente, cortava de fato o coração do mais velho. O instinto de pai protetor invadiu o corpo de Jeongguk quase que instantaneamente, pois sentia que Young chorava de alívio e, ao mesmo tempo, de desespero. Provavelmente por ter passado anos sem conhecer o progenitor, e agora temia perdê-lo novamente.

A ideia de deixar o garoto nem sequer passou pela sua cabeça, apesar de ter que voltar para o exterior para cumprir com uma promessa que era inevitável. O moreno já sofria tanto quanto o menino.

Youngmin era um alfa inteligente, independente da pouca idade. O genitor acreditava que toda aquela inteligência não vinha dele, mas sim de Jimin, que naquela altura já deveria saber que era pai do filho dele, e que estava dando aulas para o pequeno Park. Não queria pensar na reação do ômega ao descobrir que estava voltando para casa... Que teria que lidar com a indesejável notícia que Jeon Jeongguk estava de volta e trabalhando no mesmo lugar que sua cria estudava. Se estivesse no lugar dele, a insegurança era o menor dos problemas.

A verdade é que o professor nunca quis participar dos negócios da família ou seguir os passos dos pais. Desde muito jovem ele já havia decidido querer viver e caminhar dos próprios sonhos, e não viver uma vida imposta de dedos apontando para o que fazer, ou não. O foco inicial ao voltar para Coréia, era conviver um tempo com a família antes que Sunmi colocasse pessoas atrás dele, monitorando-o. Foram quatro anos dolorosos onde teve que escolher os passos que queria seguir, e em meio a perdas, altos e baixos, ele finalmente conseguiu entender o que queria.

Contudo, não estava preparado para o que encontrou ao chegar na Coréia. E, caramba! Havia ganhado o maior tesouro. Seus braços agora protegem seu bem mais precioso, a pessoa a quem queria amar e proteger com todas as forças.

O peito estufado, inflamado de amor.

Seu lobo agora chorava de orgulho.

— Papai. — Ouviu-o chamar baixinho, quase como um sussurro.

O miúdo não fazia ideia de como o coração do educador falhava miseravelmente perante aquelas cinco letrinhas. Não conseguiu evitar que os lábios se curvassem em um sorriso abobado, afinal, ele ansiava ouvi-las.

— Hm?

O quarto parecia menor agora, ambos enfiados na bolha onde somente os dois existiam, e nada mais. Os olhos marejados do progenitor assustaram um pouco o moleque, mas o alfa chorava de felicidade. Seu coração batia desesperado, em folia pela alegria correndo em suas veias. Queria chorar em abundância, mas só o faria quando Youngmin não estivesse por perto; tinha medo de assustá-lo ainda mais.

E abraçado ao pai, os olhinhos do menino estavam focados nos desenhos atrás do moreno, nas folhas arrumadas na escrivaninha.

— Senhor não vai deixilar' a gente de novo, não é? — Jeon quis rir ao perceber a palavra errada, mas o pirralho empurrou um ombro seu para fitá-lo com os olhos cheios de esperança.

— Nunca deixarei você, filho — disse firme. No entanto, a criança franziu o cenho, inclinando a cabeça para o lado como se ainda estivesse com dúvidas.

Parental | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora