Nós estávamos nas brigas

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Era uma vez, a história entre uma garota de cabelos armados feito juba e um garoto de cabelos laranjas como o pôr do sol.

O primeiro diálogo entre eles foi uma implicância sobre uma sujeira no nariz. Ele a achou muito prepotente e mandona, lhe ditava as regras e a hora de colocar as vestes

Ela o achou metido e implicante, fingiu que não a viu na cabine e a contra-argumentou na frente do amigo.

Depois veio um feitiço perfeitamente correto realizado por ela, o ciúme e um apelido maldoso "pesadelo". Veio um trasgo montanhês adulto combatido por ele, que foi ensinado a falar o feitiço da maneira correta por ela. Viraram amigos brigões.

Mesmo só tendo onze anos. Os sinais já estavam lá. Mesmo sendo amigos. Eram feitos de brigas diversas.

Eles estavam lá quando brigavam por causa de um gato e um rato. Quando gritavam um com o outro por pretendentes em baile e confraternizações com não inimigos, com ídolos virando ameaças e uma colega de turma virando uma inimiga por somente namorá-lo.

Brigar fazia parte do que eram. Não brigavam porque gostavam, não conseguiam evitar. Quando se tem personalidades opostas e ao mesmo tempo tão parecidas, brigar se torna o complemento de quem são.

Hermione Granger, a bruxa mais inteligente da sua idade, a menina que usou o vira-tempo para poder fazer mais aulas. Inteligente. Sabichona. Um tanto chata e com a mente voltada para a razão.

Ronald Weasley, o sexto filho, inseguro, com um apetite constante, brilhante com xadrez, um pouco sarcástico e propenso a ser pura emoção. Contradição pura. O elo do que se transformou em um trio, em uma família. Ser o elo nunca é uma tarefa simples.

Estavam agora no presente abraçados olhando o trem partir. O trem que levava um dos seus bens mais preciosos. Rose Weasley partiu para seu primeiro ano. Hugo corria em volta deles fugindo da prima Lily que tentava o atacar com cócegas.

— Se lembra do primeiro ano? – Hermione suspirou.

— Lembro de uma garotinha dentuça e com uma enorme juba invadindo minha cabine. – Rony sorria. – Talvez ela tenha se apaixonado no instante que olhou para meus cabelos brilhantes.

Hermione lhe deu uma cotovelada com força.

— Não me recordo de nada parecido. Na verdade se bem me lembro encontrei um garoto com o nariz sujo e sem jeito para feitiços.

Rony a encarou com intensidade. Seus lábios se tocaram com ternura enquanto escutavam Hugo reclamando dos atos escandalosos em público. 

— Não negou que se apaixonou assim que me viu. – Seus olhos de azul intenso e as sardas que tinham aumentado após trabalhar tempo de mais no sol quando Auror.

Ela não poderia negar. Não sabia que era se apaixonar, sabia que tinha sentido alguma coisa. Só percebeu que a coisa era paixão alguns anos depois.

— Você deve ter sentido o mesmo. – Ela sorriu.

— Percebi naquele baile ridículo. E depois com aquela fofoca da Ginevra, tive certeza. – Seu pescoço começava a ficar vermelho.

— Fomos teimosos até o último momento. – Hermione não conseguia mais enxergar o trem que levava sua pequena rosa.

— Fomos? – Ron riu. – Somos.

— Inclusive aquela sua teimosia de deixar Rose comer todo o estoque de sorvete da geladeira.

— Hermione ela ia começar Hogwarts hoje, sabe que Hogwarts não existe sorvete, achei que minha garotinha ia sentir falta. Que mal há?

— Posso te dizer uma lista com mais de 100 ítens dos malefícios de sorvete demais substituindo o jantar. Começando por açúcar demais…

— A perfeita filha dos pais dentistas. Pois eu posso te dizer uma lista com mais de 200 ítens como o sorvete pode ser benéfico para aliviar a tensão e a ansiedade.

Hugo balançava a cabeça de um para outro ouvindo a discussão dos pais que andavam de mãos dadas pela estação voltando para o carro.

Afinal, eram feitos de detalhes e as brigas estavam sempre presentes, fazia parte da essência deles.

Nós estávamos nos detalhesOnde histórias criam vida. Descubra agora