Caminhos Cruzados - Livro 2
Amar em meio à tantos problemas causados por uma caça ao tesouro, pode ser muito difícil. E, dessa vez, Mila Monroe e JJ Maybank precisam aprender a lidar com o luto, a dor e a injustiça que tomava conta de Outer Banks.
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O luto é uma merda.
O corpo dói de tanta carga emocional, a cabeça lateja de tanto choro, os pensamentos ficam embaçados e a única coisa que alguém que está passando por esse momento quer, é um pouco de paz. Veja bem, essa é a grande diferença entre a dor do luto e outra dor qualquer. Perder quem você ama pra morte é exaustivo. Por dentro e por fora.
Mila já tinha sentido muitas dores, mas aquela, de longe, era a mais cansativa de todas. Parte dela queria apenas ligar para o seu melhor amigo e contar todas as merdas que estavam acontecendo.
"Ei, John B! Aqui quem fala é a Mila! Você tá atrasado pra nossa reunião sobre o tesouro hoje!"
Lógico que estava atrasado, estava provavelmente morto. Mas, lógico, não era isso que Mila queria aceitar. Ele tinha dito "até amanhã' e, o fundo, ela realmente esperava vê-lo no dia seguinte. Talvez poderia acordar desse pesadelo onde viver é tão difícil e voltar para uma realidade mais confortável.
Mila estava um caco, já nem tinha mais lágrimas para chorar. Deitada na cama, ouvia o dia inteiro o celular tocando com mensagens preocupadas de seus amigos. Lisa, Kiara e Pope não desistiam nunca.
Ao contrário de JJ.
Normalmente, Mila se sentiria mal por não ter recebido uma mensagem sequer de uma das pessoas que mais amava no mundo. Porém, naquele momento, tudo parecia irrelevante. E lá no fundo, ela sabia que JJ estava tão acabado quanto ela. Todos estavam, claro, mas os dois eram parecidos em uma coisa: tinham dificuldade em assumir que precisavam de ajuda.
Uma das partes mais tristes foi não ter tido nenhum contato com sua própria mãe. Pensou milhares de vezes em ir até a casa que, há alguns meses, chamava de lar, apenas para ver se sua ela estava bem. Se ao menos tinha noção do que estava acontecendo no mundo ou se Peter tinha a isolado completamente.
Até que, em algum momento tomou coragem para fazê-lo. Foi até lá, mas tudo que encontrou foi uma casa escura com janelas fechadas. E então, seu coração pareceu levar uma facada e seu estômago virou um nó enquanto imaginava Margot deitada na cama, completamente alheia de tudo que acontecia.
Apenas voltou para a casa de John B e se escondeu debaixo das cobertas. Escolheu que lidaria com isso no dia seguinte, apesar de saber que no dia seguinte também deixaria para o próximo dia, e assim viveria.
Batidas na porta da frente despertaram Mila de seus pensamentos vazios. Parecia ter acordado para a realidade por alguns segundos, mas logo resolveu voltar a ignorar quem quer que fosse. Para o seu azar, a pessoa do lado de fora era insistente.
— Mila, eu sei que está aí dentro — a voz de Kiara chegou em seus ouvidos.
Apenas seguiu em silêncio.
Não muito surpresa, Mila ouviu a porta se abrir. Pensou no momento que a ensinou a arrombar portas com grampos de cabelo e revirou os olhos, se arrependendo. Logo, passos se aproximaram cada vez mais, até que enfim chegaram no antigo quarto de John B, onde a garota se encontrava naquela situação deprimente e deplorável.
— Não pode ignorar todo mundo pra sempre — Pope disse ao entrar no quarto.
Mila continuou a encarar o teto e deu de ombros.
— Posso tentar.
Pope soltou um longo suspiro cansado e sentou ao lado de sua amiga na cama.
— Vamos fazer uma homenagem a ele — a contou. — Precisamos de você, Mila. Kiara está o tempo inteiro chapada, JJ não para de beber e eu...
— Você o quê?
Ele demorou um pouco para responder.
— Não sei o que fazer, Mila.
Finalmente, Mila o olhou. Estava farta de viver daquele jeito. John B não podia estar morto, ela simplesmente não era capaz de aceitar aquilo. Seus amigos precisavam dela e ela precisava deles.
Mesmo sentindo um peso sobre seus ombros, como se a gravidade estivesse mais forte e tentasse desesperadamente a puxar novamente para a cama, Mila se sentou. Então, olhou no fundo dos olhos de Pope. Ele tinha perdido muita coisa no meio daquela loucura.
Com delicadeza, o puxou para um abraço. Pope não disse nada, apenas escondeu seu rosto no ombro dela e deixou algumas lágrimas escaparem.
— Vai ficar tudo bem.
Mila achava difícil acreditar naquelas palavras depois de tudo que tinham vivido. Mas era a única coisa que podia fazer. Esperar que os dias melhores chegassem.
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Notas da autora: Capítulo bem curtinho, eu sei. Esse é só o começo. Os outros vão ser bem maiores, assim como no primeiro livro, mas precisava muuuuito postar só uma parte pra sentir o sabor e fazer um charmezinho kkkk obrigada por lerem, amo vocês <3
(A amizade do Pope e da Mila tem o meu coração inteirinho)
