Capítulo 3

4.4K 472 97
                                    

Harry ficou sozinha no canto do sofá em que se deitara por algumas horas. Ela não abriu os olhos, mas não precisava ver para saber o que acontecia ao seu redor. Ela conseguia sentir o que sua presença causava aqueles ao seu redor. O pequeno trio de metamorfos se mantinha o mais longe possível dela junto a Renesmee e Isabella Cullen. Já os vampiros, começaram como que criando um círculo ao seu redor onde ninguém conseguia -ou ousava- se aproximar, mas ela notava que, a cada momento, esse círculo se contraía. Mesmo sem perceber, eles gravitavam em seu entorno, se aproximando lentamente. De todas as pessoas que Harry pensou que a abordariam primeiro - e ela sabia que seria abordada em breve- ela honestamente não esperou que fosse o sorridente Emmet quem cederia primeiro, como a Lua finalmente colidindo com a Terra depois de quase três horas gravitando ao seu redor.

-Então... Morte, em?! - Ela abriu um de seus olhos em sinal de reconhecimento. Era impressão de Harry ou o vampiro estava balançando levemente para frente e para trás sobre os pés como uma criança?

-Apenas Harry. 

-Aposto que posso vencê-la.- zombou ele, apertando os músculos.

-Ninguém por vencer a morte, rapaz. Não realmente.

-Não realmente? -ironizou Rosalie - Alguém tentou?

-Mas é claro! - exclamou Harry, sorriso nostálgico aparecendo em sua face.- Toda uma geração de alquimistas. Pelo menos. Tolos! Mas foi divertido vê-los tentar e fracassar vez após outra. Você ficaria surpreso com o quão criativo os humanos ficam depois de um tempo sendo frustrados consecutivamente.

-Porque tolos? - Perguntou Benjamin, se aproximando alguns passos dela. Ele parecia tão animado quanto Emmet. -Todos temem a morte. Não é apenas natural... tentar evitá-la?

-Não há nada mais natural que a morte. Mais até que a própria vida. Hora, ninguém pode vencer ou comandar a morte. Não é assim que funciona. Embora alguns consigam transcendê-la. 

-Transcendê-la? -uma voz rouca se aproximou e Harry não precisou se virar para saber que era Jasper, apoiado na parede ás suas costas. Harry tinha que admitir, ele era uma das pessoas ali que ela estava mais curiosa para conhecer. Saber como ele estava após tantos anos de afastamento entre os dois. Bom, não que ele soubesse que eles haviam caminhado quase literalmente juntos por um bom tempo.

-Sim. Você sabe. Todos temem a morte. O momento final... - Dramatizou Harry. 

-Mas é? - cortou Emmet.

-O que? 

-O momento final! Ou há alguma coisa depois?

-Oh... mas qual seria a graça se eu te dissesse? - Harry inclinou a cabeça para o lado em confusão.

-Mas... -resmungou o amontoado de músculos.

-Nã... -Harry agitou o indicador de um lado para o outro o mais próximo possível do rosto do vampiro, enfatizando a negação - Não vou falar...

-Mas... - Emmet tentou insistir, fazendo bico e arregalando os olhos. Era fofo, Harry admitia. Uma montanha de músculos agindo como uma criança de cinco anos frustrada por não ganhar um pirulito. 

-É um segredo que nós guardamos por milênios. 

-Nós... ?- interrompeu Jasper, como se tentando decifrar a palavra mais importante de uma frase que simplesmente não consegue entender. O vampiro loiro se desprendeu da parede, marchando receoso até se sentar a sua frente no sofá. Ele cruzou os braços e apoiou a base da canela direita no joelho esquerdo e a encarou curioso, parecendo querer dizer "estou pronto para ouvir".

 Bom, para ser honesto, Harry imaginava que era justamente isso. E se fosse para além da honestidade, ela admitiria que havia montado aquela frase, daquela forma, para isso mesmo. Afinal, quantos milhões de anos ela teve que suportar em suas poucas décadas de vida?! Quanto tempo vendo e ceifando microorganismos até o surgimento de uma raça realmente capaz de compor algum raciocínio lógico?! Foi apenas tanta espera... Vida pode ter se divertido muito com os milênios de criação que havia investido naquele planeta. Sempre tentando uma pequena diferença em alguma pequena ilha, e depois logo partindo para outro projeto. Oh, como Harry odiava alguns deles. Sorriu ladina ao se lembrar do grande meteoro que dizimou os dinossauros. Não foi culpa dela, é claro. Ela não causava esse tipo de coisa. E era simplesmente muita papelada cadastrar tão subitamente tantas espécies simultâneas no mundo dos mortos, especialmente as quase inteligentes. Mas ela admitia para sí mesma que havia aproveitado até os limites que pôde daquele acontecimento para eliminar algumas delas. Quem tinha dado a ideia de girino para Vida criar os lagartos e morcegos tão fora de escala, ela nunca saberia dizer. Bom, talvez fosse Caos. Ele adorava esse tipo de coisa. Mas bom, Harry fez questão de eliminar aquelas monstruosidades quando a oportunidade apareceu, convencendo Vida a transformar aqueles que ela, por algum desvio de personalidade, realmente gostava -como os Pterodáctilos- em espécies de escala muito menor. Ela até a convenceu em deixá-los mais fofos e bonitinhos em sua maior parte! -tanto quanto possível, afinal, morcegos nunca seriam realmente fofos, Harry não era milagreira-. Mas isso era um desvio. O que importa é que, com tão pouco tempo com seres racionais disponíveis, Harry não conseguia se impedir de provocá-los as vezes. Ela simplesmente estava entediada de mais, por tempo de mais. Mesmo que gostasse particularmente dos vampiros, afinal, eles eram uma das poucas crias dela.

Pedindo Socorro para a Morte - Harry Potter/Crepúsculo - ShortStoryOnde histórias criam vida. Descubra agora