Capítulo 4

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ATENÇÃO: AVISO DE GATILHO. NESSE CAPÍTULO TEMO O TEMA "MORTE" ABORDADO FORTEMENTE -COMO NO RESTO DA FIC-, ALÉM DE MENSÃO A ABUSO SEXUAL E ASSASSINATO -ATÉ PORQUÊ, SÃO VAMPIROS... MAS ENFIM-. NEM TODAS AS DISCUSSÕES FILOSÓFICAS AQUI APRESENTADAS DEVEM SER LEVADAS A SÉRIO, OKY?

A casa dos Cullen fedia, decidiu Harry. Era talvez a falta de capacidade humana de suar, ela pensou, que era aquele interminável produto de limpeza nunca ir embora. O desinfetante coçava seu nariz. Mas enquanto ela encarava a cruz de Carlisle sobre a escada, ela quase podia esquecer o pinicar no seu olfato. Algumas aberrações superam outras, ela bem sabia disso.

-Gosta? -cedeu o loiro louro centenário, aproximando-se finalmente dela.

-Não ligo, na verdade. - Internamente, ela estava aliviada que enfim Carlisle decidiu abordá-la. Talvez agora ele não ficasse rondando ansiosamente ao seu redor.

Os outros vampiros pareciam se adaptar rapidamente a sua presença. Alguns por seus instintos de pertencimento a ela serem mais aguçados, outros porque já foram criados em sua presença ao ponto de simplesmente sentir-se confortável o bastante em seu entorno. Jasper e Edward eram os mais incomodados. Ela entendia. O primeiro tinha sido muito traumatizado pela vida a respeito da morte. Harry se lembra de sua feição rígida em muitas vezes que o encontrou, e sempre soube que o afastamento era a forma dele de lidar consigo mesmo e, consequentemente, com ela, mesmo que não fosse a coisa mais saudável. A Morte precisa ser sentida, era verdade, mas teria ele a sentido de mais a ponto de distorcer sua percepção e tolerância a ela?

E Edward... Ele era um curioso que ansiosa e espontaneamente a buscou e depois descartou quando decidiu "ser uma pessoa melhor", dizendo não ter gostado dela. Como se você pudesse fazer isso com ela, a Morte. Coitado. Não conseguia enxergar que se culpava mais pela escolha que fez do que pelas vidas que essa escolha tirou, e nem percebe disso. O que isso o tornava?, ela se perguntava. Harry tinha que admitir que tinha um certo rancor em relação a isso. Quer dizer, o menino a busca sem respeito ou reverência, nem com relação a si nem com a Vida, e depois diz que ela é a malvada? Ela é monstruosa? Quantos outros a tinham buscado antes sem utilizar-se do recurso do vampiro e ela os havia recebido em braços acolhedores por um momento?

Mas Carlisle... Ele era um curioso diferente. Nunca se cansava de encará-la, sempre tentar salvar a todos. O maior defensor da vida, alguns diriam. Mas eis que ele se encontra, finalmente, face a face com a Morte, e se Harry sabia de uma coisa, é que ela não costumava ser como as pessoas a pintam por aí. Ela entendeu o vampiro. Três dias e ela explode com as suas firmes crenças e moral, com todas as suas certezas que justificavam o esforço que empregou em salvar e ajudar pessoas por anos e anos. Ao mesmo tempo, Carlisle era um dos maiores estudiosos entre os vampiros. E se encontrava agora na mesma sala que ela. Ele finalmente teria a chance de conversar com um ser de milhares de anos. Um que possuía, muito provavelmente, a resposta para quase -se não todas- as perguntas filosóficas, históricas e até mesmo biológicas que ele poderia pensar em fazer.

E ela estava ali... Bem ali... Na sua frente...

Ela notou os olhares intrigados que ele dirigia sempre que ela ameaçava abrir a boca. No início ela ficou curiosa. Ele faria as perguntas que ela lia em seus olhos? Ela deveria responder com frases enigmáticas em seu melhor estilo Maroto ?

Mas logo perdeu a graça. Então ali estava ela. Olhando fixamente uma cruz de dois metros, feita em madeira maciça escura. Ela até evitou piscar os olhos por alguns momentos para um efeito mais dramático. Talvez ele se apressasse e eles poderiam acabar logo com isso?

-Você gosta dela?

-O que? - Harry se fez de desentendida.

-A cruz. - disse ele, sorrindo de lado, parecendo relamente achá-la interessante. -Você gosta dela?

Pedindo Socorro para a Morte - Harry Potter/Crepúsculo - ShortStoryOnde histórias criam vida. Descubra agora