Camisa 23 |Jikook

5

—Podemos ir a um lugar?

Jungkook falou abafado, pelo fato de estar com o rosto próximo as madeixas do loiro.

Jimin apenas negou com a cabeça, aquilo com certeza ultrapassava a linha do "isso não é uma reconciliação".

—Então, podemos falar sobre aquele dia?—Jungkook perguntou, sentindo Jimin afastar a cabeça de seu ombro.

—Podemos.—Falou confiante.

—Quando cheguei na cidade, senti como se eu não fizesse mais parte de nada, o que não era de toda mentira.
—O atleta falava inquieto, enquanto mexia nos anéis em seus dedos.—Em
Daegu eu tinha meu time de basquete, amigos de infância, meus avós, enfim, tinha o que eu considerava ser meu tudo.—Continuou.—Achei que tinha perdido tudo quando me mudei, até que eu conheci você, Jimin. Era um ruivinho tão gentil, e muito estressadinho também.

—Você sempre dizia isso.—Os dois riram, recordando.

—Conheci você, e você me deu confiança pra poder fazer o teste do time de basquete da escola, me deu confiança pra fazer novos amigos, me deu confiança pra amar alguém.—Seu tom de voz entregava a saudade que sentia.—Depois de alguns anos eu tive a grande proposta, me mudar pros Estados Unidos e jogar oficialmente no time dos gigantes, porra, era meu sonho de infância.—Sorriu com a lembrança.

—Você sempre foi obcecado, usava várias camisas do Michael Jordan, toda camisa número 23 e só o que mudava era a cor.—Sorriu junto do atleta, jamais se entristeceria pelo sonho do seu amor.

—Você estava tão feliz por mim, eu me senti cem por cento, como se eu não precisasse de mais nada na minha vida.—Jungkook encarava os olhos de Jimin, fazendo o mesmo se arrepiar.—Eu fui covarde! Achei que eu sabia o que era melhor pra você, céus, eu fui tão burro!—O moreno chorava novamente, sem medo, e o loiro voltou a abraça-lo.

—Acho que já falamos o que tínhamos pra falar, sei que jamais faria algo pra me machucar, mas machucou, e infelizmente tem coisas que não podemos reverter.—Jimin falava com calma.

—Calma, o que você quer dizer com isso?—Jungkook parecia afoito e confuso.

—Isso é uma conversa Jungkook, não uma reconciliação.

O atleta se mantinha imóvel, confuso com tudo aquilo. Sentiu seu coração partir em mil pedacinhos quando ele ouviu tais palavras.

—C-como assim loirinho? Você não me perdoou?—O olhar de espanto era nítido.

—Perdoei, claro que perdoei, mas isso não quer dizer que vamos voltar.—Tirou uma coragem de onde ele não sabia que tinha, mas continuou falando.—Sei que não tinha a intenção, mas todos esses anos foram pura angústia, enquanto eu tentava procurar o erro em mim.

—Não existe erros em você meu loirinho, jamais!

—Mas até eu descobrir isso, Jungkook, eu precisei me destruir inteiro, pra me reconstruir novamente.—Sua voz não tinha mais mágoa, apenas sinceridade.—Não posso trair a mim, e voltar com você como se nada tivesse acontecido, porque aconteceu muita coisa.

—Eu só quero que você me diga, tá tudo acabado de verdade? Eu posso tentar reconquistar você?—Jungkook parecia estar na sua sentença final, esperando o juíz bater o martelo, mas independente de qual fosse, não ia recorrer mais.

—Você tem apenas uma chance de me mostrar que eu posso confiar em você novamente, uma chance.—Jimin foi sincero.

—É tudo que eu preciso, meu loirinho.
—Jungkook acariciou levemente a bochecha rosada do outro, os olhinhos inchados pelo choro recente fazia o rostinho angelical de Jimin ficar incrivelmente corada.

—Agora vá visitar sua mãe, senhora Jeon deve estar com saudades.—Jimin alertou Jungkook, imaginando que a senhora Jeon estaria o esperando com a chinela em mãos, por conta da demora.

—Sim senhor, avisei a ela que ia dar uma escapadinha antes de visitá-la.—Coçou a nuca, envergonhado.—Tenho uma surpresa pra você, me diga quando estiver disponível, tá?

Jimin assentiu levemente com um sorriso tímido, sentia um misto de emoções, mas o que prevalecia era o orgulho que sentia de si mesmo, por ter conseguido se manter fiel a si, e mesmo que amasse muito Jungkook, ele respeitou seus próprios sentimentos.

Estava disposto a escutar Jungkook e talvez assim podesse tentar lhe dar uma nova chance, mas até lá, deveria trabalhar todos os maus resolvidos.