Depois de muitas ameaças e uma reforma, resolvi postar essa fanfic que um dia foi excluída desse perfil. Quem já leu, leia de novo, quem não conhece a história, espero que goste. É uma das minhas preferidas. Os outros quatro capítulos vão ser postados todos os dias. Boa leitura. 💕
"Jamais os moralistas conseguirão fazer compreender toda a influência que os sentimentos exercem sobre os interesses. Essa influência é tão poderosa como a dos interesses sobre os sentimentos. Todas as leis da natureza têm um duplo efeito, em sentido inverso um do outro."
Honoré de Balzac
Respira e inspira. Respira e inspira. Respira e...
— Inferno.
Inspira.
Bright fechou o notebook com força, se arrependendo logo em seguida. A sua vida estava ali. Os seus trabalhos da faculdade, o seu material de estudo, e o seu livro inacabado. Um livro que estava sendo escrito há um ano, quase mofando na área de trabalho. Se quebrasse aquele notebook velho, daria adeus aos seus documentos mais importantes, afinal, não teria dinheiro para consertá-lo, porque o salário que ganhava com o estágio sendo um professor da educação infantil dava apenas para pagar o aluguel do apartamento, se alimentar, e claro, não esquecer os boletos que sempre venciam em cima da mesa da cozinha. Era complicado, mas poderia ser pior. Poderia não estar na faculdade e não ter um estágio, poderia não ter nascido com o dom da escrita e as suas chances de se tornar milionário e ser reconhecido pelo mundo seriam zero. Poderia ser muito pior. Com o que tinha hoje dava para aguentar.
A cafeteria onde Bright estava se encontrava lotada. Sexta de manhã. As pessoas deveriam estar mais calmas pelo fim da semana, quem sabe em casa, tomando café sem pressa em ir trabalhar, estudar ou fazer qualquer outra coisa que não fosse da conta de ninguém. Mas, aparentemente, todos os cidadãos daquele bairro pareciam ter ido se espremer naquele lugar pequeno, onde Bright tentava ao máximo terminar de escrever o seu livro. Estava com um problemão. Inspiração: ok. Tempo livre: ok. Lugar silencioso: nada ok. Bright não tinha vizinhos civilizados. O casal do apartamento da frente discutia quase todos os dias, aos gritos. Os universitários do andar de cima tinham uma banda que ensaiava noite sim, noite não. A síndica do andar debaixo adorava arrastar móveis e fazer faxina o tempo todo. Aquele escritor frustrado precisava de um lugar para escrever e terminar o bendito livro — ou maldito, dependendo do ponto de vista. Estava quase pronto. Ainda inacabado, sem um fim, mas ele já havia mandado a sinopse e alguns capítulos para algumas editoras, recebendo respostas negativas em troca. Com o coração na mão e a ansiedade dando as caras, Bright corria para pegar o celular e checar o e-mail sempre que ouvia o barulho de alguma notificação. Com pesar, lia as respostas das editoras. Algumas diziam que não estavam recebendo originais no momento, outras nem sequer o respondiam. Depois de cada resposta desanimadora, Bright parava de escrever, até o momento em que lembrava que a sua história precisava de um desfecho.
Foi na noite passada que Bright decidiu que, na manhã seguinte, iria até a cafeteria da esquina, aquela que ficava no fim da rua onde morava, onde só havia entrado uma única vez para comprar um cupcake que estava paquerando há dias. Ele só não esperava que o lugar fosse estar tão cheio e barulhento. Ainda assim, não desistiu. Respirou e inspirou novamente, abrindo o notebook com calma, recuperando o resto da paciência que tinha. Os dedos dançaram levemente por cima das teclas, sem realmente tocá-las. Tentou ao máximo, por alguns segundos, se concentrar na cena em que o soldado do exército implorava de joelhos por ajuda ao outro militar que pertencia ao grupo inimigo. Bright digitou o começo de um diálogo dramático, gostando do que estava criando. Um sorriso brotou automaticamente nos lábios, até perceber que mil palavras já haviam saído. Depois, sentiu a boca seca. Precisava de mais café.
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A Exceção
FanfictionBright é um estudante de letras que está se esforçando para terminar de escrever e publicar o seu primeiro livro, ao mesmo tempo em que tenta conciliar o pouco dinheiro que ganha no estágio como professor para pagar o aluguel e as contas vencidas. E...