Win chamou Nani em sua sala certo da decisão que havia tomado. Esperava que o editor-chefe não ficasse magoado. Sentados de frente um para o outro, Nani apertou o joelho dobrado com força. Era sempre assustador falar com Win. Nunca sabia o que esperar vindo dele. Ele era o seu superior, ocupava o cargo mais alto da empresa e poderia demiti-lo a qualquer momento, mesmo que soubesse que era o melhor funcionário dali. E, além disso, Win também era a sua paixonite secreta. Esperava que um dia ele o chamasse para um jantar, mas não um jantar de negócios. Antes de começar a falar, Win tomou um gole do café. Estava nervoso em contar aquilo para Nani. Não sabia qual reação ele teria quando soubesse que faria o trabalho dele.
— Você lembra do Bright?
— O escritor da cafeteria.
— Isso. — Encarava o copo de café, o indicador indo e voltando pela borda. — Eu... vou cuidar do livro dele. — O olhou, no mesmo momento em que Nani juntou as sobrancelhas.
— Por quê? Achei que eu faria isso. Terminei mais rápido o trabalho que estava pendente com alguns autores pra poder me concentrar nesse projeto.
— Não sei muito bem, o que é estranho, já que sempre sei o motivo de tomar as minhas decisões, mas... o livro desse garoto mexeu comigo. Quero trabalhar ele com o Bright, entende?
— Claro. — Forçou um sorriso, não compreendendo a decisão do chefe. Sentiu uma pontada de ciúmes, algo nunca sentido antes, já que o que importava para Win era unicamente a sua sobrinha e o trabalho. Por um segundo se perguntou se Win estava interessado mesmo no livro ou no garoto. — Eu entendo.
— Ficou magoado? Sei que gosta de fazer o seu trabalho, mas eu preciso fazer isso.
— Sr. Win, por favor. Você é o chefe, pode fazer o que quiser aqui. Não se preocupe. Tenho outros projetos.
— Obrigado por entender. — Nani novamente sorriu, mas estava triste. Win não percebeu. Pegou o celular e digitou algumas palavras. — Como eu te falei ontem, temos reunião hoje com o Bright. Vou apresentar você, a equipe, a editora e pedir pra que ele assine o contrato.
— Esse livro é tão bom assim?
— É incrível. — O sorriso ficou largo e Nani pôde jurar que os olhos estavam brilhando. — Você precisa ler. Não tem um final ainda, mas vou fazê-lo terminar o mais rápido possível.
— Você aceitou publicar um livro sem saber o final dele? — Tentou não falar alto, com deboche. Não queria ser o vilão só porque estava com ciúmes de Win, que não conhecia ou retribuía os seus sentimentos amorosos.
— Se você ler o que eu li, vai entender do que eu estou falando. Começamos a reunião daqui a meia hora, tudo bem?
— Tudo bem. — Respondeu, a voz saindo baixa. Se levantou e saiu da sala.
Win pegou o celular e olhou a mensagem que havia enviado para Bright. Questionou a si mesmo se estava sendo intrometido perguntando onde ele estava, principalmente porque a reunião começaria apenas em meia hora. Não se importou muito, depois de refletir. Estava interessado na futura carreira do universitário e nada mais. O tempo passou e a reunião estava prestes a começar. Na sala, Nani conversava com o designer, enquanto Win havia ido buscar Bright na porta do prédio. Quando bateu os olhos nele, percebeu o quanto ele estava agitado. No elevador, apoiou a mão no seu ombro para demostrar apoio, mas sentindo o nervosismo de Bright, escorregou a mão pelo seu braço até estarem de mãos dadas, o dando um sorriso reconfortante.
— Não fique nervoso. Não há motivo pra isso.
— Me peça tudo, menos isso.
— Quando chegarmos à sala, você vai ficar tão animado que o nervosismo vai sumir. Nós vamos conversar direitinho e toda a equipe vai explicar como funciona a editora e todos os processos dela. Você vai ler o contrato durante o tempo que quiser e tirar as suas dúvidas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Exceção
FanficBright é um estudante de letras que está se esforçando para terminar de escrever e publicar o seu primeiro livro, ao mesmo tempo em que tenta conciliar o pouco dinheiro que ganha no estágio como professor para pagar o aluguel e as contas vencidas. E...