A Oportunidade

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Win estava extremamente entusiasmado, e tudo por causa daquele escritor que mal conhecia. Talvez Bright fosse um garoto de ouro. Ele ainda estava na faculdade, então provavelmente ainda era jovem e podia ser considerado um garoto. Win jamais tiraria da mente a cena que viu quando chegou à cafeteria: Bright escrevendo sem parar, não tirando os olhos da tela nem para dar uma olhada nas teclas onde os dedos apertavam. Ficou tão curioso e interessado no que ele estava fazendo que apressou o caixa só para ter mais tempo de falar com aquele provável escritor antes que ele desaparecesse. Deu tudo errado depois. Os dois estavam distraídos e o incidente com o café aconteceu. Mesmo assim, Win teve sorte. Achou hilário e fofo o modo como ele se comportava. Tinha uma língua afiada e era atrevido, mesmo que se arrependesse segundos depois. De forma alguma aquilo era ruim. Ele sabia lidar com as pessoas.

Ele chegou ao trabalho sorrindo. Não se lembrava da última vez que um escritor o havia deixado alegre. Pior, um escritor que ainda não conhecia. Talvez a sua intuição estivesse certa novamente. Quem sabe Bright realmente tivesse um dom e estivesse apenas esperando ser descoberto para fazer sucesso. A intuição de Win nunca falhava. Ele sabia quem eram os melhores escritores apenas em olhar para eles. Não era à toa que a sua editora era uma das mais cobiçadas e não só para quem quisesse publicar livros, mas também para fazer parte da sua equipe. Quem conseguia trabalhar ali, conseguia por mérito próprio, nada de indicação ou nepotismo. Nani, o editor-chefe, estava na editora desde que havia sido fundada. Atualmente era o melhor amigo de Win e, em hipótese alguma, admitiria para si mesmo que era apaixonado por ele. Possuíam uma boa relação de chefe e funcionário e estava naquele cargo porque Win confiava em si, e porque conseguia ler um livro de trezentas páginas em dois dias. Nani era muito eficiente e por ser o mais próximo de Win, foi para quem Win ligou assim que chegou em sua sala.

— Me chamou? — Perguntou, só a cabeça aparecendo na porta.

Àquela altura, o coração já estava acelerado. Trabalhava com Win há tanto tempo e mesmo assim nunca se acostumaria olhá-lo nos olhos e falar com ele normalmente.

— Sim! Entre. Tenho uma novidade.

Educado e silencioso, Nani entrou com uma prancheta, uma caneta nas mãos se sentou em frente ao chefe. Os cabelos longos estavam bem arrumados e presos, e o casaco preto de gola alta o deixava charmoso. Era muito elegante — às vezes porque gostava de se sentir bonito, em outros momentos porque queria impressionar Win.

— Qual? — O olhou nos olhos, mais calmo. Era mais fácil falar com ele sobre trabalho do que sobre assuntos banais.

— Conheci um escritor hoje, em uma cafeteria. Tenho certeza de que o garoto se encaixaria aqui.

— Garoto?

— Acho que sim. Não pude ficar muito tempo, precisei vir trabalhar. Ele ainda está na faculdade, mas tem um livro e eu acho que a história é cativante. Você precisava ver o jeito como ele escrevia. Tão rápido e apaixonado.

— Pegou o contato dele?

— Claro. Acha que eu sou bobo? Ele vai mandar o original pro meu e-mail direto, já que o e-mail principal da editora vive tão cheio que mal conseguimos lidar.

— Recebemos muitas propostas, você sabe.

— Eu sei disso. Não é ruim, só precisamos nos organizar um pouquinho.

— Quer fazer isso agora?

Win sorriu, carinhoso.

— Gosto do quão eficiente você é, mas dessa vez, não. Eu mesmo vou assumir esse projeto.

— É raro ver você animado assim. Geralmente só lê algo depois da minha aprovação. — Nani disse, vendo o brilho no olhar que Win tinha naquele momento. — Posso ir ou ainda precisa de mim? Tenho que lidar com alguns autores.

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