Prólogo

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Vadia. Aberração. Nojento.

Essas eram as palavras que Louis ouvia constantemente ao passar pelos corredores da escola. 

Hoje não era diferente.

Ele caminhava com a cabeça erguida, o rosto impassível, como se os insultos fossem ruídos distantes, insignificantes. Não lhes daria o prazer de vê-lo abalado. 

Cada passo era uma declaração silenciosa de que não seria quebrado.

Com um sorriso desafiador, Louis atravessou o corredor, vestindo sua saia listrada branca, um top preto, e uma jaqueta escura. As roupas eram uma armadura, um símbolo de quem ele era, uma afronta aos olhares cheios de desprezo. 

Ao chegar à sala, ele largou o material sobre a mesa, lançando um olhar direto aos colegas.

— O quê? Ainda não se acostumaram com a "vadia" da escola? — provocou, o tom carregado de sarcasmo. — Tirem uma foto, vai durar mais.

Ele se virou para a mesa, onde encontrava novas ofensas rabiscadas. Com um suspiro, pegou um lenço umedecido e começou a esfregar as palavras, apagando-as com vigor. 

Ninguém te quer aqui. Se mata logo, aberração. 

Aquelas palavras cortavam mais do que ele gostaria de admitir, mas ele se recusava a ceder. Seus dedos ficaram vermelhos enquanto esfregava, mas não parou.

Enquanto mais alunos entravam, os cochichos e risadas contidas continuavam. Louis tentou ignorá-los, mas em certo momento, a paciência se esgotou.

— Vocês são todos uns idiotas! — gritou, os olhos fixos nos colegas. — Acham que são melhores do que eu? Pois não são. Vocês não passam de uns filhos da puta mimados!

— O que você disse, vadia? — Derek, um dos seguidores de Justin, aproximou-se. Louis sentiu uma onda de tensão, mas não desviou o olhar.

Ele se levantou, encarando Derek com um misto de desprezo e desafio.

Inabalável, Louis levantou a cabeça encarando seus olhos. — Filho. Da. Puta. Mimado. 

Justin riu ao fundo, incentivando Derek com um sorriso perverso. — Se eu fosse você, não deixava essa passar, cara.

Então Derek, sem hesitar, avançou e deu um tapa violento em Louis, fazendo-o cair entre as cadeiras. A sala explodiu em murmúrios, e alguns estudantes riram baixo.

Louis tocou o rosto, sentindo o gosto de sangue na boca, mas se manteve firme, os olhos desafiadores.

— Que barulheira é essa? — a voz do professor interrompeu, ao entrar na sala e fitar o trio. — Tomlinson, você está bem?

Louis lançou um olhar para Justin e Derek, notando o sorriso cínico de Justin. Limpou a boca com as costas da mão, ajustando a saia antes de responder, baixo, para o professor.

— Estou bem, professor.

O professor hesitou, mas não insistiu. 

Eles nunca insistiam.

— Não quero confusão na minha sala — disse, em tom de aviso, antes de fazer um gesto para que alguém entrasse.

Um jovem alto surgiu na porta. Tinha cabelos cacheados e olhos verdes que varreram o ambiente com uma indiferença quase gelada. A expressão em seu rosto não era de curiosidade nem interesse, apenas um tédio absoluto, que fez a sala inteira cair em silêncio.

— Este é Harry Styles. Ele fará parte da turma a partir de hoje. Deem as boas-vindas.

— Bem-vindo, Styles — disseram todos em uníssono, exceto Louis, que nem ergueu o olhar.

Algumas garotas sussurraram boas-vindas de forma insinuante, mas Harry não lhes deu atenção. Apenas cruzou o olhar com alguns dos rapazes do time, que sentiram um calafrio percorrer a espinha diante do olhar frio do novato.

— Pode se sentar atrás do Tomlinson — indicou o professor.

Louis ergueu a cabeça ao ouvir seu nome e encontrou os olhos de Harry. A intensidade daquele olhar fez o estômago de Louis revirar. Havia algo nos olhos de Harry, talvez um toque de curiosidade perigosa. Harry demorou o olhar em sua saia, percorrendo-a com uma atenção que não era nem desaprovação nem desprezo. Era algo indecifrável para Louis.

Por um breve segundo, os olhares se cruzaram, e Louis sentiu o peso daquela observação, como se Harry estivesse enxergando muito além das roupas, muito além da fachada que Louis construíra. Então, Harry desviou o olhar e foi até seu lugar.

Harry se sentou atrás dele, sem dizer uma palavra, enquanto o professor começava a aula.

Logo, papéis amassados começaram a voar em direção a Louis. Ele os ignorou, acostumado ao tratamento. Abriu o caderno e começou a esboçar a paisagem do lado de fora, deixando que o desenho ocupasse sua mente e distraísse a dor pulsante na bochecha.

Sentia o olhar de Harry sobre si, um misto de fascínio e distância, mas não ousava erguer os olhos para confirmar.

Era só mais um dia naquele colégio.

The Perfect Doll {I'm not fine... help me}Onde histórias criam vida. Descubra agora