Epílogo

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Lexa cresceu em uma família rica e influente. Seus pais participavam de festas e bailes de arrecadação de fundos, o seu sobrenome estava constantemente em jornais e revistas de empreendedorismo e mais de uma vez ela teve fotógrafos tirando fotos escondidas dela e da sua família. Mas isso tinha acabado depois da morte dos seus pais e da venda da empresa. Depois disso, ela e Anya passaram a ser apenas Alexandria e Anya Woods, um sobrenome relativamente comum e nomes basicamente comuns. Estar de volta sendo o centro das atenções era nada confortável.

A ida do cais até o hotel foi tranquila, mas assim que eles chegaram no lugar que iriam os recepcionar, uma multidão de jornalistas e fotógrafos cercavam as grandes portas de entrada. Ela estava em uma van com Clarke, as crianças, Lincoln, Octavia e mais alguns dos outros e todos se olhavam com um certo pânico nos olhos.

A travessia não foi legal. As perguntas e os cliques e os flashes e tudo, nada foi legal. E foi apenas piorando. Em um momento ela era apenas uma professora universitária, no outro ela era a sobrevivente de um acidente aéreo. Ela não tinha plena noção de tudo estando isolada com outros 59 sobreviventes no meio de uma ilhota, mas agora, assistindo reportagens e mais reportagens, observando os funcionários do hotel e as enfermeiras no hospital a olhando pelo canto dos olhos, ela se sentia um animal enjaulado.

Eles chegaram em Sydney às 10 horas da manhã, Lexa descobriu mais tarde que eles estavam em um fuso-horário de +3 horas. O tempo que os funcionários da companhia aérea deram para todos foi para um banho e em seguida todos iriam para um hospital, a fim de fazer um check-up completo. Era o mínimo.

Em meio a toda essa correria, Lexa se separou de Clarke de todos os outros, os encontrando apenas bem mais tarde, quando eles voltaram para o hotel na mesma van. Entretanto, todos estavam acompanhados e ela sozinha. Clarke a apresentou para os pais e ela também chegou a receber abraços dos pais de Aden, mas desta vez ela estava sozinha e sentiu pela primeira vez o que Clarke disse para ela ainda no primeiro dia. Por algum motivo, Anya estava mais preocupada com Raven do que com Lexa. E bem, ela entendia.

Igualmente após a morte dos pais, Lexa se isolou e foi cuidar da parte burocrática da coisa. Ela deixou Anya se afastar e ficar no próprio mundinho, que agora era Raven, e ela foi atrás das contas bancárias e de advogados. No fim da tarde, ela teve a sorte de esbarrar com Indra e elas tiveram uma longa conversa a respeito do futuro processo que Indra estaria entrando em ação contra a companhia aérea. Ela conseguiu fechar metade da sua mente nisso, a outra metade estava em Clarke.

Lexa realmente só foi ver a mulher quando ela estava acompanhada dos pais. Lexa entendia toda a emoção dos dois, mas ela gostaria de poder abraçar Clarke livremente e dividir o tempo ocioso e estressante. Ela estava deitada na cama, virando de um lado para o outro, quando percebeu o que estava faltando, e depois de uma ligação para a recepção do hospital, ela bateu duas vezes na porta do quarto 101.

— Oi — Clarke sorriu para ela e imediatamente permitiu a sua entrada. — Também sem conseguir dormir?

— Nunca pensei que ia sentir falta de um chão duro de areia— Lexa riu e se encostou na parede ao lado da porta. Clarke olhou para ela por alguns minutos e, sem convite, abraçou Lexa e deitou a cabeça no seu ombro.

— Sentiu falta só do "colchão" de areia?

— Acho que não.

Elas ficaram bons minutos abraçadas, até que Lexa sentiu o cansaço de todos esses dias baterem mais forte.

— Eu posso ficar?

— Nem precisava pedir — Clarke respondeu e puxou Lexa para a cama. Elas se acomodaram de frente uma para a outra e Clarke foi a primeira a quebrar a distância entre elas e começou a brincar com alguns fios de cabelos que estavam no rosto de Lexa. — Meu dia foi uma bagunça. Uma assistente social apareceu faz algumas horas e levaram a Madi. Eu estou sentindo que uma parte de mim foi embora.

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