Fazia alguns minutos que ele se encontrava na mesma posição e não tocava no chá. Seus pensamentos estavam longe, ele não achava certo encher Raquel com seus problemas, ainda mais agora com o estado da sua mãe piorando.
— Amor? — ela o chamou. — E então?
Sérgio encarou aqueles olhos castanhos, que antes tão brilhantes, agora possuíam ar de preocupação. De fato, não era justo arrastar ela para os seus problemas.
— Ei. — ela colocou a mão sobre a dele e se aproximou. — Você sabe que pode me falar qualquer coisa, eu não vou te julgar.
— Eu sei, Raquel, é que não é justo. Você já tem que lidar com a doença da sua mãe, tem uma filha para cuidar, você não precisa se preocupar comigo e-eu...
— Como é? — Raquel o interrompeu a fala atropelada dele quase sem acreditar no que ouviu. — Não preciso me preocupar?
Seus olhos se encheram de água, mas ela segurou as lágrimas. — Sérgio, você me pediu em casamento, você disse que quer construir uma vida comigo. — fez uma pausa e tocou o rosto dele com as duas mãos. — A partir de agora não são seus problemas, são nossos. Me deixa te ajudar, confia em mim.
Seu olhar passou de preocupado para carinhoso, havia amor ali e ele não tinha dúvidas. Ela estava disposta a ajudá-lo independente do problema, o mínimo que pedia era confiança.
— Você vai me achar um bobo, Raquel. — ele limpou o canto dos olhos.
— Nada sobre você é bobo, vamos, me conta o que está te atormentando desde que saímos daquele banco.
Sérgio suspirou e buscou coragem para contar-lhe o que se passava em sua cabeça, desde suas dores até sua culpa. Culpa essa que se aumentava cada vez mais ao lembrar de seu último sonho, a forma como eles o olhavam e transmitiam sua raiva arrepiava o professor. E se fosse verdade, mesmo que mortos, em algum lugar do universo eles sentissem mesmo raiva do homem que os arrastou para o assalto?
Aos poucos ele contou tudo que estava preso em sua garganta e sem que menos esperasse, o choro saiu árduo e forte. Raquel rapidamente o abraçou colocando o mesmo em seu peito como se pudesse retirar dele toda a sua dor.
— Amor, me escuta. — ela falava enquanto fazia um carinho em seus cabelos, o choro dele aos poucos foi cessando. — Todos nós fizemos uma escolha, você não obrigou ninguém a participar desse plano. — ela tentava achar as palavras certas — Infelizmente coisas ruins acontecem, talvez não hoje ou amanhã, mas um dia acontecem. E aconteceu, não há como voltar no tempo.
Ele ergueu seu rosto para olhar a mulher a sua frente, ela mantinha um semblante carinhoso enquanto seus dedos tocavam o rosto dele.
— Não se culpe por algo que não tinha o seu controle. Você foi um anjo da guarda para eles, mas às vezes nem mesmo anjos podem nos livrar da morte. — mantinham os olhos fixos uns nos outros. — Me escuta, podemos procurar ajuda médica se você quiser. Talvez isso ajude você a entender melhor o que está sentindo.
Ela beijou suavemente os lábios úmidos dele. — O que acha? — ele apenas concordou com a cabeça e a puxou para um beijo mais demorado.
Aquela era a forma dele de dizer obrigado. Sérgio não era tão bom assim em expressar seus sentimentos, gestos para ele valia mais que palavras então naquele beijo haviam milhares de declarações e principalmente: agradecimentos. Ele estava disposto a procurar ajuda, saberia que independente do caminho que teria pela frente, ela estaria ali com ele.
— Eu te amo. — ele sussurrou após o beijo.
— Eu também te amo. — ela sorriu e deu alguns selinhos nos lábios dele.
— E pensar que você quase me algemou quando nos conhecemos. — comentou divertido arrancando uma risada gostosa dela, aquele som que somente ela tinha e fazia o coração dele acelerar.
— Se eu tivesse seguido mais um pouco minha intuição eu teria te descoberto. — ela passou as pernas sobre as dele e o abraçou de lado.
— Verdade. — deu um selinho em Raquel — Mas, por outro lado não estaríamos aqui hoje.
— Verdade, então que bom que eu não segui minha intuição. — entrelaçou suas mãos.
A quilômetros de distância da Filipinas, Helsinki e Palermo estavam entretidos em uma conversa na sacada do apartamento que estavam. Algumas garrafas de cerveja já estavam vazias e o clima era descontraído.
— E então, tem planos agora que está rico? — Helsinki perguntou com o conhecido sotaque forte, atraindo o olhar do homem ao seu lado.
— Até tenho alguns, mas vai depender se uma certa pessoa aceitar. — ergueu uma sobrancelha para o amigo e bebeu um gole de sua bebida.
— É mesmo? — perguntou como se não estivesse interessado no assunto, mas a verdade é que ele estava morrendo de curiosidade. — Vai me contar quem é?
— Não seja bobo, você sabe que estou falando de você. — Palermo se aproximou ficando cara a cara com o homem barbudo.
— Bom... — ele segurou o sorriso. — Digamos que essa pessoa aceite, quais seriam esses planos?
— É surpresa. — Palermo tocou seu rosto. — Eu disse para você que não iria te abandonar e estou aqui cumprindo isso, mas eu quero saber de você.
— Eu também não vou te abandonar.
Seus rostos estavam próximos o suficiente para sentir a respiração um do outro, mas a insegurança de um fez com que o primeiro beijo torna-se um abraço. Talvez fosse cedo demais, haveria tempo para aquilo, na hora e no dia certo.
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Notas da autora:Casal novo na área? Talvez ☺️💖 tenho três coisas para dizer:
1° esse capítulo foi inspirado em uma oneshot Serquel aqui do wattpad, vou deixar o link nos comentários, vale super a pena ler💖
2° Os próximos capítulos serão bem fofos e focados no nosso casal, e se serve de spoiler tá vindo uma segunda versão da famosa "Noite da merluza" então aguardem.
3° muito obrigada pelas mais de 100 leituras, pode parecer pouco, mas para mim já é incrível! Vcs são demais.
Beijos e até o próximo ☺️💖
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Por Você - Serquel
RomansaApós o sucesso do roubo ao Banco Internacional da Espanha, o professor e seu bando ganham a oportunidade de recomeçar. Especialmente eles: Raquel e Sérgio. Fanfic derivada de La casa de papel. Como o final não deu tantos detalhes sobre a vida deles...