Capítulo 10

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Dandara Um meses depois

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Dandara
Um meses depois...

        Respirava fundo, tentando me acalmar. Sentada agora em frente ao piano, respirava tentando acalmar as batidas do coração ao peito, ouvindo o meu suspiro percorrer a sala de música que nos momentos que Hilária não está acordada venho me refugiar.  Passo as mãos suadas sobre o tecido da saia que vestia, atordoada encarando as teclas e hora o papel em branco, trêmula ao todo diante do meu nervosismo.

       Durante a gravidez eu não toquei em nenhum instrumento, tentava evitar gastos excessivos focando no que era necessário. Havia me distanciado de todos com qual convivia na Inglaterra, tinha em bolso somente aquilo que tinha arrecadado até aquele momento, na tentativa de me esconder evitei ao máximo fazer transferências de dinheiro, e o que tinha arrecadado durante esse nove meses afastada caiam em uma conta minha em um banco londrino. Durante o tempo em que estava grávida eu não compus, desde o dia em que aquilo aconteceu não componho nada, é como se um bloqueio cobrisse o espírito criativo, nada de mim saía. Quando por algum acaso uma melodia surgia, eu ficava agitada procurando a registrar, mesmo com a barriga enorme eu corria procurando o gravador que tinha se feito companhia, mas as palavras... as palavras não saíam. Era agonizante não ter mais o mesmo poder de me expressar com a música, me doía a alma e me fazia ter cada vez mais raiva de Bomani por ter estragado até isso em minha vida.

      Em lentidão tento tocar uma das notas, apoiando-me na ponta de uma das teclas deixando o som daquele piano ressoar desafinado em agonia, era como eu me sentia. Dos meus olhos uma gota caiu, molhando a madeira, eu não queria chorar mais a minha dor, não podia, tinha que seguir em frente, essa era a verdade. Com a ponta do tecido sequei a pequena gota, respirando fundo mais uma vez na tentativa de controlar o choro que queria derramar.

       Ergo o olhar para porta que naquele momento estava aberta, dando-me a visão do corredor. Ouvia o som dos passos lentos que antes tanto me agoniavam, me deixando agitada, mas que agora já me soa natural. Lucas passava pelo corredor com o pequeno pacotinho cor de rosa, sorrindo e brincando com Hilária que ria puxando o tecido da blusa do homem. Aquela cena era acalentadora, não fez o meu coração diminuir a velocidade de suas agitadas batidas, mas ele já não doía mais, encará-los foi como meu pequeno bálsamo, meu anestesiante enquanto me afunda em lembranças ao qual queria esquecer.

       — Oi — disse um Lucas tímido, que difere muito com o Lucas que observo com os outros. Esse me parecia mais... verdadeiro.

        Um que naquele momento não precisava se preocupar com máscaras, não se preocupava em demonstrar fraquezas ou não. Às vezes me parecia um Lucas frágil, amoroso... Tinha me decidido, esse era o meu favorito, porque sentia que esse era o mais verdadeiro.

        Quando essa faceta se apresentava, eu tentava ser o mesmo, tentava demostrar o mesmo, tentava ser eu mesma. A Dandara sem aqueles traumas, a Dandara sendo apenas Dandara.

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