Correndo pelas pedras um pouco escorregadias devido ao lodo e de modo afobado, me sentia cansado pelo teste. Fui dispensado logo ao final da tarde.
Por algum motivo me encontrava aflito a cada pensamento relacionado a Jonghyun, não nos encontramos há alguns dias, desde então ele começou a aparecer em meus sonhos repetidamente, deixando-me a imaginar que algo devia ter acontecido.
Estava indo em direção ao pomar, que aos poucos estava deixando de ser familiar.
Quando observei as árvores com mais atenção, percebi que o tom de algumas frutas estava mudando, talvez devido às estações. Peguei-me balbuciando minha cabeça para afastar os pensamentos de que isso teria relação com o emocional de Jonghyun. Afinal, ele estava ligado àquele lugar, certo?Como de costume, o vento soprou mais forte.
-Jjong? - Chamei, reparando o eco que minha voz causava.
Comecei a me sentir sozinho, não era comum esse sentimento, não quando estava neste lugar.
Um lampejo acendeu perto dos galhos espinhosos, dando visão a rachadura entre as pedras, tendo os galhos entrelaçados livres e formando uma abertura para minha passagem.
Arqueei a sobrancelha, as coisas estavam diferentes, ele não havia respondido ao meu chamado e nem aparecido.
-Kibum...Entre, por favor. - A voz dele finalmente veio, mas de modo trêmulo.
reparava nos espinhos envolvidos em volta da fenda na parede, estes pareciam maiores. Dei alguns passos até a rachadura, observando rapidamente o espaço razoavelmente grande comparado a esguia danificação entre a parede.
Jonghyun me olhava com suas orbes bicolores, por algum motivo a cor de seus olhos remetiam a impressão de estar ligada ao seu humor.
Dando um longo suspiro, quebrei o silêncio quase incômodo que estava instalado.
-Eu não pude vir aqui nas últimas semanas... Estava muito ocupado. - Disse, observando-o se aproximar de mim.
Sua face era uma incógnita, até um sorriso brotar em seus lábios.
-Está tudo bem, Kibum-ah.
Percebi seu olhar mudar, deduzindo que a tonalidade realmente era ligada ao seu humor.
Havia muitas coisas que eu precisava aprender sobre Jonghyun.
~
Três semanas viraram quatro, quatro viraram cinco e me deparei com um total de quase dois meses desde que o conheci.
Notei, aos poucos, que já me sentia extremamente confortável ao me abrir com Jonghyun.
Como de costume, estava recitando em voz alta um poema, ambos tínhamos um ávido interesse por literatura, o que me fazia pensar ainda mais sobre o presentear com algum livro.
"Este lugar é maior do que aparenta" - Jonghyun disse, deitando sobre o galho rígido da macieira.
Neste momento, olhei para cima buscando algum contato visual e fechei parcialmente o livro que estava em minhas mãos.
"Quantos segredos esse lugar esconde?" - sorri, curioso para que ele me desse outra pequena pista daquele lugar.
Observei como rapidamente Jonghyun desceu da árvore e sentou ao meu lado. Ainda estava me habituando com a sua velocidade sobre-humana.
-Bum, olhe para mim. - Disse enquanto cruzava as pernas, sentando em minha frente.
Seus longos cabelos brancos eram hipnotizadores, fazendo com que me distraísse com frequência admirando sua forma mística.
-Bummie? -Ele me chamou novamente, fazendo com que eu ficasse um pouco envergonhado por estar reparando demais.
-Sim..?- Voltei minha atenção ao que ele tinha para me falar, tentando disfarçar minha desatenção devido sua aparência.
Ele soltou um leve riso, fazendo-me sorrir com os lábios.
Mas a minha vergonha voltou ao ver que ele entrelaçou seus dedos aos meus.
-Não costumo fazer este tipo de contato - Ele disse enquanto encostava seus joelhos junto aos meus, mas mantendo nossos rostos distantes. Aquele tipo de situação era nova para mim.
-Preciso estar perto o bastante para que você veja o que eu consigo ver. - Olhe nos meus olhos, Kibummie.
Deixei a vergonha de lado após sua frase, será que finalmente ele estaria confiando ao ponto de me mostrar mais de suas habilidades? Dei um sorriso totalmente involuntário e olhei em seus olhos, observando ele me envolver em um abraço lentamente. Retribui, sentido uma sensação de conforto.
Imediatamente, minha mente tornou-se um espaço em branco, isto até as visões tomarem conta de toda consciência que eu possuía.
Vi um labirinto coberto de rosas negras, algumas vermelhas e um número considerável de rosas brancas, num ambiente ligeiramente azulado devido à luz da lua.
Logo, tomei outra visão de uma pequena vila distante, não tinha nenhum palpite para qual seria este lugar, contudo, não tive muitos segundos ali. Comecei a ver uma família composta por quatro pessoas,
Vi um garoto que aparentava ter entre quatorze ou quinze anos, mas a visão foi cortada de imediato ao abraço ser desfeito.
Observei Jonghyun de forma pensativa, até entender que ele provavelmente conhecia aquelas pessoas ou estes eram seus familiares.
-Jjong? - Chamei, vendo as orbes bicolores se tornarem rosadas.
Ele estava com medo.
-Kibum...- ouvi seu chamado, até este me abraçar novamente.- Desculpa! Eu menti, não nasci desse jeito, mas não poderia te contar sem estar confiando em ti.
Suspirei, retribui o abraço e fiz uma leve carícia em seus cabelos, mesmo tendo ficado um pouco chateado pela mentira, conseguia entender seu lado. Na verdade, sempre imaginei que ele tinha uma família, mas não era capaz de recordar pelo passar das décadas.
-Está tudo bem, Jjong...mas olhe pra mim. - Ele se afastou, colocando as mãos ao lado do próprio corpo. - Você não me conhecia direito, eu entendo e está tudo bem.
Seu olhar estava fixo ao meu, notei que estávamos quase próximos o suficiente para um beijo. Me afastei de modo rápido ao notar o que estava prestes a fazer.
-Eu... eu preciso ir pra casa! - Disse me levantando e quase esquecendo o livro que trouxe comigo. Estava estático.
-Espere! - Ele se levantou vindo para perto, mas eu estava extremamente envergonhado para trocar alguma palavra, então apenas apressei o passo.
- Eu volto...- Emiti um sussurro como resposta, esperando que ele conseguisse ouvir.
Precisava digerir todos os acontecimentos do dia, ainda mais o quase beijo inesperado que ocorreu entre nós.
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Maze Of Roses
FanfictionKibum é um garoto de dezenove anos recém completos, um simples camponês que havia adquirido em um piscar de olhos uma nova realidade quando sua mãe se casa com um militar. Preparava-se para seguir o caminho do padrasto, independentemente de não que...