Ao Entardecer

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Kibum estava sonolento e sentia seu corpo pesado há três dias, seu sono estava começando a desregular devido sua última experiência, e Seo parecia gostar de vê-lo gastando a pouca energia que seu corpo ainda tinha.

Estava junto aos soldados fazendo a perícia pela região, se notasse alguém roubando comida ou caçando animais pela área deveria puni-lo de imediato. Rezava para não ceder ao seu corpo e cair consumido pelo cansaço, estava esgotado por noites mal dormidas. Pensou em voltar ao pomar, mas o pensamento de êxito era maior.

Caminhava ao lado de um grupo de homens, vasculhando floresta à dentro.

—Esse garoto é lento. – Disse um dos soldados, bufando.

Key estava segurando a única fonte que lhes fornecia claridade, sentia seus olhos pesarem, concluindo por ignorar o comentário a seu respeito.

A noite já havia caído fazia uma hora, a tropa de Seo estava de patrulha pela região referente aos boatos que corriam na boca dos soldados. Primeiro, afirmaram existir um alojamento de rebeldes na parte alta da floresta, seguido do boato que este era um grupo maior do que o imaginado.

Entravam cada vez mais na mata, Kibum estava cada vez mais exausto e suas pernas começaram a falhar. Ouvia seus companheiros reclamando, havendo apenas um soldado que o observava com um olhar piedoso.

Suas pernas fraquejaram, fazendo com que caísse sobre as folhas e o barro molhado do arvoredo.

"— O que a gente faz agora?!" – Ouviu a voz que soava como um grito.

Estava ofegante, seu corpo atingiu o ápice da exaustão e mal conseguia ter forças para segurar o lampião que carregava até o momento.

"— Deveríamos levar ele até em casa?"— Questionou um dos soldados.

O vento soprava fortemente, era provável que esfriasse naquela noite. Se deixassem Key para trás, ele iria adoecer ou congelar até a alvorada.

"— Eu duvido que o coronel se importe em abandonarmos o garoto, ele nunca foi útil mesmo. " — Ouviu a frase e entristeceu-se, remoendo toda a mágoa. Queria poder contar com a ajuda de sua mãe, mas ela estava presa em uma cama, sem forças nem mesmo para levantar. O parto estava próximo, seu irmãozinho nasceria daqui alguns meses, e o mais velho almejava que sua família pudesse se desvincular daquele maldito militar após o nascimento.

Ouvia as vozes tornando-se baixas, como se estivessem distantes, tornando o barulho dos passos inexistentes. Estava transpirando, seu corpo apoiava-se em uma árvore, suas pernas estavam fracas e seus braços se encontravam piores. As madeixas negras grudavam em sua testa, Key ofegava, apalpava o chão e tentava se reerguer.

O lampião que carregava havia sido retirado de sua vista, voltando com os homens até o caminho de casa.

Estava fraco, com frio e medo. Seus olhos começaram a marejar, encolheu-se encostando todo o corpo na árvore, pensando em uma maneira de não congelar enquanto a madrugada caísse.

Ouviu algo quebrando os ramos em sua volta, seguido da luz familiar que avistou no pomar.
Os olhos bicolores o encaravam de forma curiosa, e o garoto não compreendia o que era aquela figura.

Estava parado em sua frente, e observou o ser com mais calma, notando seus cabelos longos e esbranquiçados como neve, seguido por seus olhos rubros mesclados com um tom âmbar e cinza.

E claro, notou as orelhas, que eram pontiagudas e semelhantes às de um elfo.

"— Você não deveria estar aqui. " – A voz  grave se pronunciou suavemente.

Kibum estava tremendo, sua visão observou a criatura guiar a mão perto de seu rosto, aproximando-se e tentando tocá-lo.

Achava estar delirando devido às circunstâncias que se encontrava, mas não conseguiu falar sequer uma palavra após apagar definitivamente, tendo seu maior pico de exaustão.

~

Seo não estava tão preocupado com a possibilidade de Kibum ter uma hipotermia devido passar a noite na floresta, e apenas se perguntou o que diria para a Sr.Kim.

Levou as pernas até a mesa, esticando-as sobre o móvel e suspirando aliviado.

"— O que direi para sua mãe?Hm?" — Ele gargalhou, retirando a boina da cabeça e jogando-a ao lado de seus sapatos.

"— Se você for esperto, vai ao menos tentar voltar para casa. E eu lhe devo algum crédito se conseguir! " — Gracejou, agradecendo ao saber que o garoto iria sofrer aquela noite, ou acabar por falecer devido ao frio.





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