Capítulo Trinta e Três - Beco Sem Saída

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Alerta de gatilho: A primeira cena contém leve descrição de perseguição e tentativa de abuso sexual.
Se não se sentir confortável, não leia, passe para a cena seguinte.

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Manhattan, Nova Iorque
17 de Maio de 2012
5 anos antes

Lexi Martin estava sentada na ambulância tentando convencer a si mesma que tudo aquilo não passava de um pesadelo, que acordaria em sua cama, segura, ao lado de sua irmã, Mia, em Nova Orleans.

As luzes das sirenes da polícia piscavam, causando um pouco mais de ardência em seus olhos e fazendo-a se aconchegar mais no cobertor que a paramédica havia lhe dado, minutos antes. Sentiu as lágrimas quentes rolarem livremente por seu rosto ao olhar para as mãos trêmulas e ainda sujas de sangue. Do sangue dele.

Ao longe, sua mãe, Lea Martin, conversava com uma detetive de cabelos castanhos cortados na altura dos ombros, e apesar de tudo que havia acontecido, a mulher parecia calma ao detalhar os fatos, o que fez Lexi desejar não ser tão frágil, mas sim forte e segura, como a mãe.

Naquele momento, Lexi odiava aquela cidade, odiava ter pedido a mãe para fazerem aquela viagem, não queria imaginar o que poderia ter acontecido caso Lea não tivesse aparecido naquele beco, empunhando a navalha que sempre carregava, por proteção, e ferido o homem o suficiente para que conseguissem fugir.

— Eu sou o detetive Elliot Stabler. — Um homem mais velho, usando um terno, se aproximou de Lexi cautelosamente, tirando-a de seu transe. Ele não queria assustá-la mais, sabia muito bem como lidar com vítimas de tentativa de agressão sexual. — E aquela é a minha parceira, detetive Olivia Benson. — Com o indicador, apontou a mulher que conversava com Lea, anotando cada palavra que a mãe de Lexi proferia. — Somos da Unidade de Vítimas Especiais. Podemos conversar? — Elliot a fitou com compaixão nos olhos. Lexi meneou a cabeça positivamente, fungando mais uma vez. — Seu nome é Alexia Martin, certo? — Conferiu o bloquinho de anotações, e novamente Lexi apenas assentiu, imaginando que a mãe havia dito seu nome.

— Prefiro que me chamem de Lexi. — Conseguiu dizer, finalmente, fitando os olhos azuis do detetive Stabler e sentindo a confiança que o homem lhe passava.

— Quer me contar o que aconteceu? — A sutileza do homem ao fazer as perguntas fez com que Lexi se sentisse mais confortável para falar, mesmo com o enjoo que a situação causava.

— Minha mãe e eu somos de Nova Orleans, viemos a passeio para Manhattan. Eu sempre quis ver a Estátua da... — Lexi tentou forçar a mente a lembrar o nome, mas se sentiu ainda mais confusa.

— Liberdade — completou Elliot, observando-a atentamente enquanto se questionava internamente se ela poderia estar alcoolizada ou drogada.

— Isso, exatamente. — As bochechas de Lexi ruborizaram ao mesmo tempo que ela sentiu a necessidade de dar uma explicação ao detetive. — Tenho dislexia, e juntando isso ao nervosismo...

Elliot assentiu, demonstrando que não precisava de mais nenhuma explicação, conhecia um pouco sobre a doença e a forma que era difícil para os portadores associarem nomes e lugares.

— Bom, chegamos na cidade há alguns dias, visitamos alguns lugares juntas, mas minha mãe saiu e eu fiquei entediada no hotel. — Lexi deu de ombros antes de continuar. — Resolvi procurar por um Burger King, é algo que estou acostumada a fazer em Nova Orleans.

Quando percebeu que a mãe não voltaria tão cedo, Lexi verificou o mapa da cidade, descobrindo um Burger King há algumas quadras dali. Não sabia onde a mãe havia ido ou o que estava fazendo, então decidiu que não era uma má ideia, apesar da noite já estar caindo, ir comprar um lanche. Repensando a situação, Lexi se xingou internamente por ter sido tão ingênua. Onde estava com a cabeça quando achou que nada poderia dar errado ao sair sozinha por um lugar que não conhecia? Embora fosse noite, a rua estava movimentada, mas isso não era nenhum indicativo de que era seguro.

Em Nome Da Liberdade {ONE CHICAGO - LIVRO UM}Onde histórias criam vida. Descubra agora