𝗖𝗮𝗽. 𝗱𝗼𝗶𝘀 💌

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Apoio todo o meu corpo sobre a mediana escrivaninha. Nessa mantém-se da mesma forma da qual chegou. Um corpo rígido, o choro dominante e pernas trêmulas. Eu continuo a encarando, olhando todo o seu eu por trás do meu ombro.

Eu quero dizer a ela para acabar com o choro, mas eu entendo que a situação não é tão simples. E, de repente, eu quase choro.

Então sem pensar duas vezes, começo um assunto após quase dez minutos em silêncio:
— Você fez o teste de farmácia? — Nessa tira suas mãos do rosto, passa as costas da mesma sobre os arredores dos seus olhos e nega com a cabeça.

— Eu passei mal nas últimas semanas. Não imaginei que pudesse ser isso, mas eu fui ao médico. — agora meu coração acelera ainda mais. Aquilo não tem nem a possibilidade de ser apenas um erro.

— Ele disse que estou grávida de três semanas, Jaden... Você foi o único garoto com quem eu estive. — ela não mente. Eu me lembro da noite em que estivemos juntos e do quanto ela pareceu traumatizada quando tudo acabou. Eu apenas vesti minhas roupas e saí do quarto. Não perguntei se havia algo de errado, não pensei que pudesse acontecer algo do gênero.

— Eu não quero que você fique comigo, eu não vim te pedir isso, mas... Eu não sei o que fazer. Eu estou com medo.

— Isso não pode estar acontecendo... — sussurro para mim, mas ela escuta perfeitamente. — Eu preciso pensar um pouco, Nessa. — aviso.
Enquanto pisco firmemente e aperto meus punhos, sentindo minhas veias se intensificarem, meu corpo agora parece fraco, talvez tenha sido a notícia com tamanho impacto.

— Você promete que não vai me deixar sozinha nessa? — sua voz parece tão aflita. Eu, por mais que não queira isso, não poderia deixá-la. — Por favor, Jaden. — suplica.

— Eu não vou deixá-la sozinha nessa. — respondo.

— Eu só preciso pensar um pouco. Meus pais vão acabar comigo, também. — sussurro. Dessa vez penso em como poderei contar isso a eles.

— Eu só preciso de um tempo.

— Tudo bem. Por favor, me ligue. — ela balança a cabeça e vira seu corpo. Logo eu ouço a porta ser aberta, mas fechada segundos depois.

— DROGA! — grito tão alto que minhas cordas vocais falham antes mesmo que eu pudesse me arrepender de tal ato.

Com força, chuto a cadeira giratória, ela se espatifa ao chão e causa um barulho horrendo. O que eu pensei que não pudesse piorar aconteceu no segundo em que Mads abriu a porta e perguntou o que havia acontecido. Ela disse que Nessa saiu chorando e que não disse uma palavra sequer. Eu respondo a ela que preciso ficar sozinho. Isso gera uma pequena discussão, mas que no momento, não é nem de longe a pior coisa. Seu corpo inteiro sai pela porta e deixa o meu eu parado em frente à parede ao lado da janela. Apoiei meu corpo inteiro com minhas duas palmas abertas.

No final da tarde, minha mãe aparece e pergunta se estava tudo bem. Ela perguntou também o que aconteceu em meu quarto, e me questiono como eu fui capaz de deixar certa coisa acontecer.
Quando anoitece, rigidamente eu desço as escadas e encaro meus pais sentados um ao lado do outro no sofá vermelho da sala. Eles parecem felizes, pois riem a cada três segundos.
Ao mover meu corpo até o perímetro desejado, eu vejo seus olhos seguirem até mim e a atenção de ambos é exclusiva.

— Precisamos conversar. — digo rápido, encarando o olhar calmo que mamãe me manda. Eu sei que isso é questão de segundos, logo eu veria a aflição em cada uma de suas íris.

— Aconteceu algo? — ela pergunta e reveza seu olhar entre mim e John. Delicadamente, balanço a cabeça e olho para o homem sentado. Ele expressa uma face desconfiada.

𝙊𝙣𝙡𝙮 𝙝𝙤𝙥𝙚. Onde histórias criam vida. Descubra agora