𝗖𝗮𝗽. 𝗖𝗶𝗻𝗰𝗼 💌

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Eu acordo cedo, deixando seu corpo na cama com cautela, evitando com que ela acorde com meu demasiado descuidado. No entanto, apago o abajur, pois a claridade da manhã já está evidente. Fecho as janelas que dormiram abertas, mas ainda sim, sinto o frio cobrir minha pele. Então, ouço sua voz soar perante o quarto:

— Você já está indo? — olho para trás e balanço a cabeça. — E chegará quando?

— Provavelmente bem mais tarde. Eu tenho que ir à oficina hoje. — Nessa se senta sobre a cama e encosta suas costas na cabeceira amarronzada.

— Eu vou pedir para entregarem seu almoço, tudo bem?

— Sem precisão. Eu dou um jeito hoje.

— Você tem certeza? — pergunto após pegar uma calça jeans de lavagem negra, uma camiseta vermelha e minha jaqueta preta. — Deveria ir à aula, Ness.

— Não quero que falem sobre mim. — ela diz manhosa, puxando o cobertor e tampando seu rosto. Rio, porque acho isso fofo. — Aliás, ficarei bem sozinha.

— Qualquer coisa você me liga. — ela assente com a cabeça e eu sigo para fora do quarto, indo em direção ao banheiro.

Durante o banho, penso bem no que ouvi de Hailey na noite anterior. Eu queria escolhê-la, mas não podia, não quando isso faz com que eu tenha que deixar Selena sozinha. Eu novamente pensei e me questionei: que merda tenho feito? As coisas deveriam estar correndo em linha reta, da forma como projetei tudo.

Quando eu volto para o quarto, vejo Selena de pé, escolhendo uma roupa em frente à cômoda branca. Com o barulho dos meus passos, a garota vira seu rosto a noventa graus e sorri gentilmente.

— Eu decidi ir. Talvez seja melhor que estar sozinha à manhã e à tarde toda.

— Tudo bem. Se arrume e desça. — eu digo sem demonstrar muita ação ou feição.

Desço as escadas correndo e vou à cozinha, pegando duas canecas dentro de um dos armários e despejando leite. O telefone toca e eu não penso em atendê-lo, mas acabo arrastando meu corpo em direção ao aparelho preso sobre a parede limpa.

— Oi, filho. Está tudo bem por aí? — a voz de Pattie está tranquila e meiga.

— Ah... Sim, mãe, até agora está tudo bem. — digo sincero, ouvindo os passos de Janessa ecoarem sobre a escadaria.

— E Janessa? Ela está bem? Passou mal?

— Eu acho que ela está bem sim. Não se preocupe.

— Tudo bem, meu amor. Qualquer coisa você nos ligue.

— Vou tentar não ligar. — quando respondo, rio também, ouvindo minha mãe bufar. Mesmo não estando vendo-a, sei que ela acabara de rolar seus lindos olhos claros. — Eu não quero ter que precisar dele outra vez.

— Você sabe que seu pai só quer o seu bem. Ele está preocupado, porque agora ele se importa com ela.

— Não quero que ele se preocupe com a Nessa. Se eu aceitei tudo isso, é porque eu irei sim cuidar dela e do filho que ela carrega.

— Jhonny a adorou, querido. Ele acha que ela é uma boa garota... Eu também acho isso. — ela ri e eu apenas vejo a garota entrar à cozinha carregando um sorriso nos lábios. — Bom, eu vou te deixar em paz, mas me ligue qualquer coisa.

— Tudo bem, mãe. — Nessa recolhe uma das canecas e bebe todo o leite puro, vejo o líquido se deslizar por sua garganta e o movimento que isso gera. — Tchau. — encerro a ligação e volto com o telefone no gancho. — Você não vai comer nada?

𝙊𝙣𝙡𝙮 𝙝𝙤𝙥𝙚. Onde histórias criam vida. Descubra agora