Às vezes, eu o olho, mas sua atenção está presa na estrada movimentada. O restante do dia está sendo frio, estamos na época mais úmida do ano. Posso ouvir as risadas de Janessa e Amy no banco de trás do carro preto. Elas conversam sobre o bebê, eu quero me intrometer na conversa, de verdade, mas não o faço, continuo encarando a janela ao meu lado, que acabara de receber golpeadas das gotículas da chuva que começara a se protestar.
Selena desce do carro depois de se despedir do meu pai. Logo corre para dentro da nossa casa, tampa seus cabelos com os dois braços. Amy a xinga por estar correndo mesmo sabendo que não pode fazer certo ato.
Eu olho para os olhos claros da minha mãe, vejo seu sorrio se curvar e a linha invisível aparecer diante suas bochechas. Então ela desce do automóvel e eu faço o mesmo, sem mesmo dizer uma palavra ao homem sério ao meu lado. Ele também não parece fazer questão de começar um assunto, isso seria repetitivo. Ambos estamos cansados de tamanha ladainha.
Fecho a porta com delicadeza e vou de encontro à cozinha, logo vendo Amy preparar algo. Janessa está ao seu lado, ela parece prestar bastante atenção no que a mulher está preparando.
— O que fazem? — pergunto humorado, me sentando sobre a bancada de mármore.
— Estou preparando algo para vocês dois. — mamãe responde e me olha de lado. Ainda está sorrindo e isso me deixa feliz. — Eu vejo que andam comendo muita besteira.
— Eu realmente tento. — a morena responde e se senta ao meu lado, logo sinto seus braços rodearem meu pescoço. É meiga a forma como ela é sempre a primeira a tomar iniciativa entre nós dois. — Como você está? — sua pergunta flui em um sussurro. Eu a olho de lado e balanço a cabeça, me limitando a dizer um simples: "estou ótimo". — Que sério. — Nessa sorri e eu faço mesmo. Acho sua voz muito linda. É algo quase nasal, porém soa tão bem.
— Você quer que seja o quê? — pergunto.
— Nosso bebê? — quando pergunta, balanço a cabeça como forma de positividade. — Eu não tenho preferência. Você tem? — me sinto envergonhado por desejar um garotinho, mas acabo respondendo:
— Um garoto.
— Mas se for uma garota?
— Não terá problema algum. — respondo sincero. — Mas, bom, espero que tenha os seus olhos. — a garota arregala suas duas íris e, assim, faz o mesmo com a boca inchada, seus lábios estão desenhados por um batom rosa, têm cheiro de cereja.
— Mas os seus olhos são tão mais lindos! — sem vergonha, ela me responde. Eu nego.
— Não me importarei se nascer exatamente como você é. Cabelos e olhos escuros. — passo meus dedos da mão esquerda em cada fio ondulado de seus cabelos um pouco úmidos. Mesmo sem observar Amy, eu sei ou tenho uma pequena ideia de que ela esteja prestando bastante atenção em nossa conversa.
— Não, eu quero que seja exatamente como você. — a garota responde em um tom meigo, agora ela parece acanhada. Talvez seja pelo fato de ter minha mãe como público.
— Não importa a cor dos olhos, o importante é o bebê nascer saudável. — dessa vez Amy se intromete na conversa. Busco seu corpo com os olhos e noto que ela mistura algo em uma panela funda.
— Tá, mas eu quero que ele seja bonito. — rio. — Quero dizer, se esse bebê nascer feio, ele não é filho da Janessa e nem meu. Quero dizer, ela é linda e eu sou ainda mais. Esse bebê precisa vir perfeito, não acha? Ou vamos deixá-lo na fraternidade e fazer outro.
— Oh! — minha mãe me olha no mesmo segundo, planta uma expressão reprovadora.
— Estou brincando, Sra. 𝐇𝐨𝐬𝐬𝐥𝐞𝐫. — ela não ri, mas Janessa sim.
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𝙊𝙣𝙡𝙮 𝙝𝙤𝙥𝙚.
FanfictionNoventa milhas fora de Chicago. Não posso parar de dirigir, eu não sei por quê. Tantas perguntas que precisam de respostas. Mesmo após tanto tempo você ainda está em minha mente. • Quem prende as estrelas no céu? • O amor verdadeiro é só um na vida...