𝗖𝗮𝗽. 𝗤𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼 💌

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Ela observa todo o lugar, está séria encarando as paredes, o teto e os demais móveis que complementam a nossa casa. Então seu sorriso é esboçado e eu lambo os arredores da minha boca, ouvindo sua voz finalmente ser protestada em uma curta frase: "eu adorei". Sem o que dizer, eu apenas sorrio de volta, não querendo que ela observe bem o semblante preocupado que mando. Eu me questionei se isso daria certo, me perguntei mil vezes se eu deveria mesmo ter assinado o papel onde acabou nos unindo de alguma maneira, porém agora, mesmo eu me arrependendo, não posso mais voltar atrás. Eu e Selena estamos no mesmo barco e continuaremos nele por nove meses.
O dia acaba sendo cansativo, eu termino de recolher algumas caixas do porta-malas do carro, lugar onde estavam depositadas minhas coisas. Selena trouxe apenas uma simples mochila, ela disse que não tem tantos pertences quanto eu.

— Você quer ajuda? — sua voz me tira de um transe anormal, eu estava apenas pensando em Madison.

Olho por trás do meu ombro e sorrio de lado ao vê-la com suas mãos juntas e uma feição calma.

— Eu aceito sim. — respondo, pois ainda faltam tantas coisas a serem arrumadas. Selena se aproxima e abre uma das malas sobre a cama. — Você pode por as roupas de qualquer forma, eu nunca fui tão organizado. — ela ri e eu volto a encarar alguns CDs que continuam em minhas mãos.

— Eu preciso te confessar uma coisa.

— O quê?

— Eu não sei cozinhar. — eu a olho e a vejo encarando algumas roupas, logo depois, a garota segue até o guarda roupa embutido, puxa uma das gavetas e coloca as peças dentro, sem me olhar um segundo sequer.

— Tudo bem, nós damos um jeito. — eu digo mais para reconfortá-la, pois sinto que isso acaba deixando-a um pouco insegura... Isso, essa é a palavra que a define toda. Insegurança. Nessa tem uma insegurança anormal. — O que seus pais disseram sobre isso? Eu não tive a chance de conversar com eles, não tanto quanto eu acho que devia.

— Eles não disseram nada, Jaden. Eles não gostam disso, mas engolem a situação, pois não há outro meio. — ela vacila na voz, parece querer chorar, mas segura. Então, de repente, fingindo uma feição alegre, ela sorri, balança a cabeça e me olha profundamente. — E os seus?

— Meu pai surtou. — nós rimos. — Mas agora parece que está tudo bem.

— Foi muito gentil da parte dele nos dar essa casa.

— Gentil? — digo debochado. — Ele me fará trabalhar como um escravo para poder pagar cada centavo que ele está gastando.

— Eu posso ajudar também. Eu soube que estão precisando de ajudantes na biblioteca do bairro. — eu nego com a cabeça e espremo meus lábios, deixando evidentemente uma linha reta sobre os mesmo.

— Não. — ela ri e fecha a gaveta, eu noto que guardou todas as minhas roupas.  — Não se preocupe com isso, beleza? — a garota assente com a cabeça e se levanta do chão, passando suas mãos no seu simples short preto.

— Você está com fome?

— Um pouco. — admito cabisbaixo, encarando meus pés e as caixas vazias ao chão. — Vamos tentar fazer algo para comermos.

Descemos em silêncio, acho que não temos tanta coisa em comum. Ela, também, demonstra ser tão sensível e isso me afeta, pois não sei como usar minhas palavras de uma forma que ela possa levar na esportiva.

Então, eu recolho um pacote de macarrão e o abro rapidamente. Nessa está sentada no balcão que há em frente a pia. Jogo todo o macarrão dentro de uma panela com água.

— Eu acho que deve esperar ferver primeiro. — Nessa ri após dizer. Eu encaro a panela e balanço meus ombros.

— Já era. — praguejo, minha voz está falha pela tosse que acabo tendo. Eu acho que gripei da noite para o dia, o tempo anda mais aleatório do que meus próprios pensamentos. — Qual é a pergunta de hoje? — pergunto sem ironia alguma. 

𝙊𝙣𝙡𝙮 𝙝𝙤𝙥𝙚. Onde histórias criam vida. Descubra agora