Oh cupido! Vai longe de mim! -HyunLix-

Lembranças de um passado

Mais uma semana havia se passado, e Felix havia passado aquele tempo na casa do Hyunjin, mas não por causa do garoto, e sim da mãe dele, pois confiava nela, e sabia que ela iria sempre o entender, por mais que tivesse tido medo dela no começo, percebeu que ela era tão incrível quanto o seu filho, talvez, até mais que ele.

Como ele estava lá a tanto tempo, precisava voltar para a casa do Chris e Jacob, enquanto se trocava para voltar, Chungja acabou entrando no quarto, ela se assustou ao ver dois cortes profundos abertos na região do peito e do abdome do cupido.

Ao perceber que ela havia entrado, rapidamente vestiu uma camisa e perguntou surpreso: -Unnie? Quando entrou?

-O que é aquilo?

-Aquilo? -tentou fingir que não sabia sobre o que ela estava falando.

-Isso...-e apontou para a camisa cor de rosa que agora estava tomando um tom em vermelho vívido.

-Droga! Por que isso está acontecendo de novo?! -praguejou e rapidamente tirou a camisa e usou-a como um pano para impedir que o sangue sujasse mais alguma coisa.

Mesmo assustada, a mais velha correu até um pequeno armário e tirou de lá bandagens e começou a envolver a região dos cortes com aquilo.

-Você não está mais vivo, então por que tem sangue?! -ela estava quase entrando em desespero.

-... -hesitou, mas logo depois decidiu falar a verdade- Meu prazo está acabando, se eu não cumprir a missão, vou ser expulso.

-Mas...por que você tem esses cortes? -ela estava hesitante em perguntar, então tentou ser o mais cuidadosa possível.

-Não é algo importante, você não precisa saber -disse friamente.

-Tudo bem -finalizou o curativo e o entregou uma camisa limpa- Quer que eu lave? -se referiu a outra camisa cor de rosa machada de sangue.

-Não precisa, eu mesmo lavo, vou indo -e saiu, não só do quarto, mas da casa, e foi em direção à onde ele realmente morava.

Ao chegar lá, Chris e Jacob estavam no sofá da sala assistindo a uma série, estavam tão entretidos que nem ao menos perceberam que o loiro havia chegado.

E ele também não fez muito alarde, foi direto para a varanda lavar a sua camisa ensanguentada, mas ele parecia um pouco perdido, não sabia o que iria fazer, seu tempo para fazer o garoto se apaixonar estava acabando, e o sangramento repentino servia para o lembrar disso, porém a sua preocupação não era como iria fazer para a missão ser bem sucedida, mas sim o que aconteceria se ele falhasse, por mais que não quisesse, tinha medo.

Perdido em seus pensamentos, nem ao menos percebeu quando o mais novo da casa se aproximou dele: -Matou quem? -perguntou tranquilo.

-Ninguém! Eu nunca mataria ninguém, e você sabe disso!

-Eu sei, calma, mas de onde veio todo esse sangue? -questionou indiferente.

-Me machuquei -mentiu.

-Você acha que eu sou idiota? Se todo esse sangue fosse seu, já teria morrido de hemorragia. Isso aí dá para abastecer um hospital por duas semanas.

-Sério? Parece ser tanto assim? -perguntou ainda um pouco aéreo.

-Sabe, não tem problema, se você matou alguém eu te ajudo a esconder o corpo, sou expert nisso -disse num tom mais baixo.

-Eu já falei eu não...-antes que pudesse terminar a frase prestou atenção nas últimas palavras do garoto- Como?! -gritou se afastando um pouco dele.

-Não pense besteira, eu assisto casos criminais então, querendo ou não, eu acabo sabendo como lidar com coisas assim -disse ainda tranquilo.

-Como você pode falar algo assim com tanta tranquilidade?! Ah...você vai me fazer ter um ataque cardíaco, sai de perto de mim, vaza.

E o garoto saiu, mas Felix não pode se impedir de lembrar um pouco do seu passado, dos momentos bons que havia tido com o garoto que tanto amou quando estava vivo, lembrou das noites em claro vendo documentários e casos criminais um pouco mais leves do que os que assistiam durante a manhã.

As refeições compartilhadas, os sorrisos, os beijos, as promessas, as dificuldades, as dores, as decepções, até mesmo o choro, tudo se tornava algo bom, quando estavam juntos.

Eles eram um casal muito belo e feliz, completamente apaixonados.

Por um momento, lembrou também de quando eles fizeram uma promessa, assim que começaram a namorar.

As palavras soavam claras e vívidas na mente de Felix, ainda era possível se lembrar do sorriso dele ao dizer: 'Prometo te encontrar e te amar intensamente em todas as vidas que tivermos pela frente', a euforia que tinha sentido naquele momento era incomparável, ele ainda conseguia sentir aquelas borboletas inquietas dentro de si ao responder apaixonadamente a ele: 'Ficaremos juntos até mesmo depois da vida após a morte, por que a nossa felicidade vai ser eterna, se estivermos juntos'.

Ao lembrar disso, o cupido não pode evitar sorrir e sentir uma dor profunda em seu peito, por um momento, pensou que iria desabar, chorar até não haver mais lágrimas, pois tinha saudades de tudo aquilo, e sabia que provavelmente não teria mais chance de ter de novo.

Porém seus pensamentos e lembranças foram interrompidos por um Chris preocupado: -Felix! O que aconteceu?! O Jacob falou que você estava sangrando, você está bem?

-Calma, eu estou bem, não se preocupe -tentou tranquiliza-lo.

-Não me preocupar?! -parou um pouco, olhou para os lados e logo após falou em um tom mais baixo- Você não está mais vivo, não deveria sangrar.

-Ironia, não? Isso -apontou para a camisa ensanguentada que estava na máquina de lavar, ele estava tão aéreo que nem ao menos se lembrava quando tinha a colocado lá- É para me lembrar sobre o meu dever que eu farei de tudo para não cumprir.

-Como? -ele estava um pouco confuso.

-Você não precisa, e nem irá entender, então não há por que contar -e saiu dali, indo em direção a sala onde o mais novo estava sentado assistindo a qualquer coisa que passava aleatoriamente na televisão.

Não pode nem ao menos tentar entender sobre o que o cupido estava falando quando recebeu uma ligação um tanto quanto misteriosa.

-Alô? -atendeu o telefone.

-Christopher? Eu preciso de você, me encontre no lugar de sempre.