{EXTRA} A história de uma certa vida

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Vida, tempo indeterminado, ela sempre foi conhecida como algo ou alguém complicada, mas na verdade ela era a mais bela de todas as divindades, sempre sorridente, mesmo com diversas dificuldades, seus olhos brilhavam a todo momento, até mesmo suas lágrimas pareciam doces e majestosas.

Ela sempre teve uma grande amiga ao seu lado, que era a Mãe Natureza, ambas sempre andavam lado a lado, inseparáveis como irmãs, ambas trazendo vida e beleza a tudo que tocavam e a qualquer lugar que iam.

Por um tempo, ambas tiveram que se separar, a Mãe Natureza tinha que resolver alguns assuntos em outra dimensão e não poderia levar a Vida junto, então ela acabou se sentindo sozinha e viajou até o mundo dos humanos.

Em meio ao seu 'passeio' acabou encontrando com outra divindade, ela vestia um vestido preto extremamente belo e sofisticado que muitos humanos julgariam como vulgar, curiosa, foi até ela puxar assunto, vendo que não teria sucesso apenas começou a segui-la e importuna-la até que ela, finalmente, decidisse se render.

Cansada de ter uma luz tão brilhante ao seu lado a todo momento, apenas aceitou estabelecer uma relação de 'amizade' com ela.

Com o tempo, aquela amizade foi ficando cada vez mais forte e ambas andavam tão grudadas que quase superavam a dupla incrível que era a Vida com a Mãe Natureza, a fama de ambas cresceu tanto que até mesmo as outras divindades admiravam-nas.

Com a proximidade das duas se tornando cada vez maior, seria impossível algum sentimento não surgir dali, e como esperado, uma delas se apaixonou, a Vida se apaixonou pela Morte, um belo clichê que teria um final feliz, se essa tal paixão fosse recíproca.

Anos se passaram e a Vida continuou nutrindo aquele sentimento a todo momento, e quando sentia que não poderia segurar mais, se declarou para ela de maneira fofa e encantadora, mas se surpreendeu ao ver a sua amada a rejeitar com tanta frieza, porém ainda continuou com um sorriso no rosto e tentou fazer com que ela esquecesse a situação, para a amizade delas não se tornar algo desconfortável e forçado, porém se surpreendeu ao ouvir a outra dizer que nada interferiria na amizade de ambas, e se alegrou.

Os dias iam se passando, mas algo de errado estava acontecendo, a Vida estava perdendo sua alegria aos poucos, já não era tão doce e reluzente quanto antes, agora ela se parecia com uma flor sonolenta, relutante em receber a luz do sol, era como se a energia dela tivesse sendo drenada cada vez mais a cada dia que se passava.

Até que teve um dia em que não aguentou mais, ela estava acompanhada da Morte e de repente foi de encontro ao chão, extremamente fraca, não conseguia nem ao menos se reerguer, tremendo e soando em agonia, a Vida chamou pela Morte, que estava ao lado dela observando toda aquela situação: -Por favor, me ajuda -sua voz era trêmula, assim como todo o seu corpo- Eu não sei o que aconteceu, não tenho nem mesmo força para levantar, por favor...

-Você é tão patética.

-O que?

-Achou mesmo que eu iria te querer ao meu lado a todo momento sem nada em troca? Tão ingênua! Mas sabe, até que dessa 'amizade' me surgiu um grande benefício, a sua energia é extremamente invejável, aposto que nem mesmo você tinha ideia do quanto que ela era valiosa e a exibia por aí com um sorriso tão brilhante no rosto.

-Então isso foi tudo por sua causa...? -perguntou desacreditada- Em pensar que eu te amei e te considerei até mesmo mais do que a mim, realmente, eu sou tão patética -sorriu em desprezo a si mesma- Mas como? E por que?

-Você é tão desprezível...Ninguém nunca te avisou para não chegar perto de uma divindade das trevas? Nós sugamos toda a energia de vocês sem nem ao menos perceberem! E convenhamos, todos te acham tão bela e doce, mas você é a que mais ferra com todo mundo! Eu dou um descanso para os problemas que você causa, e ainda saio como vilã da história? Isso é completamente injusto! De qualquer forma, não vou ficar aqui conversando com alguém que nem ao menos consegue levantar -e saiu a deixando no chão desorientada e confusa, não conseguia nem sorrir mais, apenas pensar o quanto era inútil e ingênua.

Como não conseguia se levantar, apenas ficou ali em situação deplorável até que a Mãe Natureza a encontrou depois de alguns dias e a levou para o campo onde residia, e depois daquele episódio, a Vida nunca mais foi vista por ninguém além de sua amiga que a acolhia, ela continuava dentro daquele campo a todo custo, não queria sair, se sentia depressiva a todo momento, então apenas observava tudo aquilo a sua volta de maneira fria e melancólica.

Cansada de tudo aquilo, implorou para todo ser que residia naquela terra para acabar consigo e fazer dela apenas um monte de cinzas, mas seria impossível matar a Vida, então todos riram daquela situação, mesmo que ela os implorasse com todo o seu folego e lágrimas, ninguém a levou a sério e apenas disseram-na para viver bem agora que estava junto com a Mãe Natureza novamente.

E aquilo durou por anos e anos, o seu choro melancólico e doloroso não era ouvido por ninguém e mesmo se fosse, ninguém levava a sério, ninguém além da Mãe Natureza.

Porém de repente um cupido veio ao seu encontro, era Felix, ele parecia tão pensativo quanto ela, já sabendo sobre o que ele queria falar, o negou, mas ele continuou sendo persistente e acabou a convencendo, de qualquer forma, se ela não aceitasse, estaria sendo egoísta, tinha tantas coisas boas ainda no mundo, e não queria privar todos de tudo aquilo, apenas por que não queria continuar ali.

Então aceitou relutante a ser a nova comandante dos céus e trazer paz a todos em meio a todos aqueles que estava tentando reeducar, acabou que começou a entender o porque de o cupido ter implorado a si para comandar aquele lugar, mesmo tendo um pouco de maldade e desprezo, os céus era um local cheio de bondade e beleza, com um povo doce e preocupado com todos na terra, mesmo que algumas desavenças surgissem, elas não eram tão complicadas que não conseguisse resolver.

E viver naquele ambiente, rodeado de 'pessoas', a fez ficar cada vez melhor, sua energia foi se restaurando a cada dia, assim como havia sido drenada de si, a cada momento, seu sorriso se tornava mais largo, e seu olhar mais brilhante.

Agradecida por tudo aquilo, decidiu procurar por Felix para agradecer devidamente, e realmente o achou, ele estava acompanhado de Hyunjin e ao vê-la sorridente e brilhante, ele se alegrou: -Vida, como está? Qual o motivo de sua visita? -ele estava no jardim da casa onde estava residindo junto com o Chris.

-Não se preocupe, tenho estado muito bem, por causa da sua insistência, acabei reaprendendo o valor daquilo que eu tanto protegi durante um tempo, minha energia foi restaurada e agora, eu ensino a todos nos céus a como agirem da maneira correta, está mais pacifico do que nunca, eu só tenho a lhe agradecer por me mostrar que tudo tem um jeito e por me ensinar a ver o verdadeiro valor da vida -agradeceu com sua voz doce e um sorriso cativante no rosto que fez os outros dois ali sorrirem também.

-Não me agradeça, você se tornou assim por vontade própria, você queria viver, mas não sabia disso, por favor, aproveite a sua energia e eu que agradeço por cuidar tão bem dos céus.

Sem o responder, apenas se reverenciou de maneira discreta e voltou para os céus sorridente e agradecida por ter tido uma segunda chance de aprender a viver.

Oh cupido! Vai longe de mim! -HyunLix-Onde histórias criam vida. Descubra agora