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   Alguns dias se passaram e os meninos continuavam me visitando. Talvez Jimin quem mandava os dois para eu não me sentir sozinho, mas era bem legal passar o tempo com eles. Jisung até me ensinava algumas coisas das aulas que ele tinha me escola.

   Uma coisa que percebi foi que alguns ômegas dali adoravam fazer fofoca. Principalmente se era mentira. Meu colega de quarto, Renjun, me contou que eu estava sendo mal falado por alguns dali. Eles diziam que eu era oferecido por ficar dando em cima dos meninos. Isso não era verdade.

   Na hora do almoço, Renjun sempre sentava ao meu lado. Ele era basicamente meu único amigo dali.

   – Aquele ali é o Jaehyun – disse Renjun, apontando para um ômega que estava sentado na ponta – Eu não sei quem começou a fazer as fofocas, mas tenho quase certeza que foi ele. Ele acha que manda aqui dentro.

   Assenti. Eu queria me dar bem com todos ali, mas alguns mostravam que não eram boas pessoas. Durante o almoço, percebi que Jaehyun ficava sussurrando coisas para os outros enquanto olhava para mim. Às vezes até ria como se eu fosse uma piada.

   – Eles estão falando de mim, né? – perguntou eu para Renjun.

   – Provavelmente ele esta fazendo mais fofoca – respondeu Renjun – Mas não se preocupe. Se você não se deixar levar pelas coisas que ele fala, ele para.

   Eu até tentei, mas toda aquela situação estava me deixando mal. Eu nem conseguia dormir direito.

   De madrugada, eu estava um pouco inquieto na cama e resolvi ir até à cozinha beber água. Quando desci as escadas, antes de entrar na cozinha, ouvi alguém falando sobre mim. Era Jaehyun e mais dois ômegas.

   – Vocês já viram como ele fica quando os sobrinhos de Min Yoongi vem aqui? – perguntou ele, fazendo cara de deboche.

   – Eu vi – disse um dos ômegas, rindo – Ele estava praticamente pulando no colo dos dois.

   Eu resolvi me defender e entrei na cozinha.

   – Isso é mentira – disse eu, tremendo um pouco – Eles são só meus amigos.

   Jaehyun riu de mim e cruzou os braços.

   – Você acha que a gente acredita? – perguntou ele – podemos ver nos seus olhos o quanto está desesperado e vai sentar no primeiro alfa rico que te der uma oportunidade.

   Aquilo me machucou de verdade. Eu não sou daquele jeito. Tenho que admitir que, eles eram alfas incríveis e talvez Jisung tenha mexido comigo, mas nada acontecia da forma que eles falavam.

   Corri para o quarto e peguei o celular que Jimin me deu. Pensei seriamente em ligar para ele, para me tirar dali.

   – Eu não posso incomodá-lo – disse eu, sentado na cama.

   – Disse algo? – perguntou Renjun, sonolento.

   – Não, Renjun – respondeu eu, segurando o choro – pode dormir.

   Ele não respondeu de volta. Provavelmente já havia dormido.

   Com o celular na mão, desci até a varanda. Não consegui segurar o choro e desabei. Por que essas coisas acontecem comigo? Eu não fiz nada para eles. 

   – Acho melhor eu sair – disse eu, olhando para rua deserta – Mas vou ligar para Jimin e dar uma satisfação.

   Liguei para o celular de Jimin, e ninguém atendeu de primeira. Depois de alguns minutos, liguei novamente e então atenderam.

   – Alô – disse a voz, sonolenta, de Jisung.

   – Jisung? – disse eu, tentando controlar a voz de choro – eu queria falar com o Jimin.

   – Ele tá dormindo agora – disse ele.

   Pelos barulhos que ele fazia, parecia estar na cozinha bebendo água.

   – Aconteceu algo? Por que está acordado? – perguntou ele.

   – Eu só queria avisar que eu tô indo embora – disse eu, chorando novamente. Não consegui segurar – Os ômegas daqui não gostam de mim, e eu não quero incomodar. Queria falar com o Jimin para dar uma satisfação, sabe.

   Jisung ficou em silêncio por alguns segundos, talvez pensando no que faria.

   – Eu vou falar com o Jimin – disse Jisung, aparentemente subindo as escadas – Não sai da linha.

   Com a respiração ofegante, Jisung bateu na porta do quarto de Jimin.

   – Jisung? – disse Jimin, soando confuso e sonolento – Por que está acordado a essa hora? 

   – É o Chenle – disse Jisung – ele tá chorando e dizendo que vai embora.

   Jimin pegou o celular depressa.

   – Chenle – disse Jimin, um pouco desesperado – o que aconteceu? 

   Expliquei a história, mas não falei o nome de ninguém. Não queria que Jaehyun fosse punido.

   – Não sai daí – disse Jimin – eu estou indo te buscar.

   Jimin chegou em menos de vinte minutos. Ele já chegou se sentando ao meu lado no banco que tinha na varandinha.

   – Eu ainda não acredito nisso – disse Jimin, chocado – Isso não acontece sempre. Eles normalmente acolhem todos.

   Ele fez uma pausa para pensar. Eu ainda não tinha percebido, mas Jisung estava sentado no carro, me olhando.

   – Quem falou essas coisas sobre você? – perguntou Jimin – eu preciso saber para tomar alguma providência.

   – Eu não quero falar – disse eu – não quero que ninguém seja punido.

   – Você tem um coração bom sabia? – disse Jimin – Já que não quer falar vou te levar para casa. Você vai morar comigo até conseguir viver sozinho.

   – Obrigado, Jimin – disse eu, o abraçando.

   Antes de ir embora, deixei um bilhete para Renjun. Avisando que fui morar em outro lugar e que ele era um bom amigo.

   Quando entrei no carro, sentei ao lado de Jisung. Seu cheiro entrou em minhas narinas fazendo eu sentir coisas que eu nunca havia sentido antes. Não naquele nível.

   – Você tá bem? – perguntou ele, me olhando nos olhos.

   – Agora eu tô melhor – respondeu eu, com um sorriso fraco.

   Ele sorriu fraco e isso fez meu coração acelerar. Quando olhei para frente, Jimin nos olhava pelo retrovisor interno.

   Assim que chegamos a casa, vi Jaemin sentado no sofá.

   – Onde estavam? – perguntou ele, meio perdido – O que faz aqui, Chenle?

   – Vou morar com vocês por enquanto – respondeu eu, sorrindo.

   – Que legal! – disse ele, sem muita animação, provavelmente pelo sono – Seja bem-vindo.

   – Agora que estamos todos aqui vamos dormir – disse Jimin – Amanhã vai ser um dia bem cheio. Tenho uma entrevista pela manhã e depois vou tentar matricular o Chenle na escola de vocês. E o tio de vocês chega semana que vem.

   Ficamos em silêncio por um tempo. Eu, apesar de tudo o que aconteceu, estava animado para morar ali.

   – Agora vamos todos para cama. Chenle amanhã eu arrumo um quarto para você – disse Jimin – Tem algum problema em dormir com os meninos hoje?

   – Não – respondeu eu, simples.

   Subimos as escadas e Jimin nos levou até o quarto. Quando entrei ele puxou os meninos pelo braço e disse:

   – Se eu souber que alguém tocou nele sem o consentimento, eu corto o pau dos dois. Entenderam?

   Jisung e Jaemin assentiram.

   Eu não sei se algum deles queria me tocar, como disse Jimin. Talvez o que eu estou sentindo por Jisung seja algo relacionado a ele ser um alfa e eu um ômega, não quer dizer que eu sinta algo romântico.

Todas As Cores Do Amor (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora