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   No dia seguinte, minha vida deveria continuar como sempre, mas estava bem diferente. Eu sabia que teria uma mudança devido ao desfile, mas não sabia que seria tanta.

   Shindong dirigia até a escola, mas, assim que estacionamos para descer, uma multidão de adolescentes cercaram o carro. Eles sorriam e gritavam meu nome. Pediam uma foto comigo e um autógrafo. Alguns seguravam cartazes dizendo "Eu te amo". Foi assustador.

   – Como vamos fazer pra descer? – perguntou Jaemin, olhando para os adolescentes.

   – Como eu vou sair daqui? – perguntou Shindong – Eu não posso acelerar, senão alguém pode se machucar.

   Os vidros eram escuros então eles não conseguiam ver quem é estava ali dentro. Eu nem sabia como tanta gente descobriu, tão rápido, que aquele era o carro do motorista de Jimin.

   – Eu tive uma ideia – disse Jisung, ficando de pé. Por estar dentro do carro ele estava curvado para frente – Levantem gente.

   Jaemin e eu levantamos e Jisung puxou o banco fazendo abrir uma passagem para o porta-malas.

   – Entra, Chenle – ordenou ele.

   – O quê? – perguntou eu, confuso.

   – Genial – disse Jaemin, rindo.

   Jaemin provavelmente havia entendido o que o irmão queria, mas eu não. Entrei no porta malas, como Jisung havia dito, e fiquei lá, no escuro, encolhido.

   – Ele não veio hoje – disse Jisung. Ele provavelmente estava falando com a multidão, já que a gritaria havia parado – Ele sabia que isso aconteceria e achou melhor ficar em casa.

   Ouvi vários paços indo para longe do carro. Parece que o plano de Jisung deu certo.

   O carro começou a andar e, poucos segundos depois, parou novamente. Ouvi as portas do carro abrindo e logo Jisung abriu a porta do porta malas.

   – Gostou do seu guarda-costas? – perguntou ele, sorrindo, estendendo a mão para me ajudar.

   – Meu herói – disse eu, sorrindo com ironia.

   Durante as aulas até que foi tudo bem. Algumas vezes apareciam alunos, que nunca vi na vida, pedindo um autógrafo ou pedindo pra tirar foto, mas nada de mais.

   O problema foi na hora do trabalho. Eu cheguei escondido no carro de Chaerin e aparentemente ninguém havia me notado.

   O início do expediente foi até tranquilo, mas um alfa mais novo que eu entrou na lanchonete e assim que me viu pediu uma foto.

   – Eu tô trabalhando – disse eu, sem graça. Olhei em volta para ver se alguém me olhava – Vamos tirar uma foto rapidinho.

   Tirei a foto com ele e o mesmo me disse que eu o inspirava a seguir seus sonhos. Ele queria ser um modelo e aparentemente eu o encorajei.

   Exatamente trinta minutos após o jovem alfa ir embora, a lanchonete ficou lotada. A maioria eram adolescentes querendo autógrafo, mas outros eram apenas clientes querendo ter um momento de paz.

   Isso aconteceu por vários dias. Para todos os lugares que eu ia, eu precisava ir escondido, mas sempre me encontravam.

   Uma vez os adolescentes enlouquecidos quase arrombaram o portão da escola só para me ver. Agora eu entendo o porquê de a maioria dos idols andarem com seguranças. Era muito perigoso sair por aí no meio de uma multidão.

   – Chenle – chamou Seokjin, me olhando da porta da cozinha – Nós precisamos ter uma conversa.

   Ele e Namjoon estavam ficando na cozinha, pois não conseguiam chegar até o escritório. Tinha tanta gente que boa parte dos clientes pararam de frequentar o lugar.

   Entrei na cozinha e fechei a porta para abafar a gritaria. Vi que todos os funcionários estavam parados, pois, não tinham pedidos para fazer.

   – Eu acho que você já tem uma ideia do que queremos falar – disse Seokjin, tentando ser simpático.

   – Vão me demitir? – perguntou eu, já sabendo a resposta.

   – Não é algo que queríamos – disse Namjoon – Mas não vemos outra opção. Tem dois dias que não fazemos dinheiro do salão e não podemos viver somente com entregas.

   – Eu entendo – disse eu, com os olhos marejados – Desde que tudo isso começou eu venho pensando em deixar o emprego. Percebi que as vendas caíram e eu também não aguento mais ouvi-los gritando.

   – Fala com Yoongi – disse Seokjin – Eu aposto que ele consegue um bom agente para te gerenciar e alguns seguranças. Você pode seguir na carreira de modelo e isso te daria um bom dinheiro.

   – Eu vou pensar – disse eu, com um sorriso fraco no rosto – Não sei se quero isso – abri a porta e a gritaria ficou mais alta – todos os dias de minha vida.

   Após assinar uns papéis, peguei todos os meus pertences e sai pelo meio da multidão. Seokjin tentou me parar, mas eu já estava cansado.

   Eu era empurrado de um lado para o outro. Não consegui dar mais que cinco passos, quando fui derrubado.

   – Me deixem em paz – gritou eu, chorando. Eu estava realmente assustado. Talvez eu tenha sido burro ao tentar passar por eles.

   Namjoon, Seokjin, Chaeyoung e outros funcionários me ajudaram a sair de lá. Eles ficaram em volta de mim, segurando as pessoas até Shindong chegar e me levar até a casa de Jimin.

Todas As Cores Do Amor (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora