Capítulo 2

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Marise Almeida Silva, estava trabalhando naquela noite atendendo as mesas, seria sua última mesa, servida como garçonete.

Olhava atenta o relógio da parede que marcava a meia-noite e 21, seu plantão já havia acabado, porém ela não podia fechar até o último cliente se retirasse, ansiosa esperando que o casal, pagasse logo a comanda que acabara de entregar, era o último dia dela ali, seus sonhos a partir de amanhã iriam tornar realidade. Depois de muita tentativa ela conseguiu uma bolsa do curso de culinária gastronomia no melhor restaurante gastronômico de toda a região da França em Monte Ferrante na cidade de Clermont Ferrand, uma cidade pequena,  porém muito rica nas sua história gastronômica, onde grandes chefes deram início às suas carreiras.

 Nunca foi privada de seus sonhos, apoiada pelo pai José Augusto, que queria somente a felicidade da filha. Perdeu a esposa três meses depois que a filha nasceu, seu mundo desmoronou, mas graças a filha que precisava dele, não deixou que um buraco do chão ou puxasse para o abismo sem fim, seguiu firme em criar sua filha sozinho, a dificuldade financeira o fez privar de muitas regalias, contudo o amor e a dedicação nunca faltaram, sua filha sempre esteve em primeiro lugar e logo que descobriu que o sonho dela era ser uma chefe de cozinha renomeada, depois abrir o seu próprio restaurante,o  velho José Augusto com 58 anos, loiro, com os olhos castanhos claros, não deixou que seus fios brancos o  impedisse de ajudar a filha.

 Marise sorriu ao ver o casal se levantando abraçados e logo correu para a porta, e trancou observando se o casal já havia entrado no carro, foi a mesa retirou a grana, fechou o caixa, voltou a mesa e levou as louças para a cozinha, onde o cozinheiro e auxiliar já terminava o serviço.

 —Hoje terminamos mais cedo. Se já quiser ir. —O cozinheiro e dono se virou para Marise.

 Marise sorriu.

 —Você tem muito para comemorar — o cozinheiro sorriu para ela, que já retirava o avental pela cabeça.

— Eu estou esperando Bianca. Ela ficou de me buscar para me levar para casa.— diz caminhando ao seu armário.

— Hoje a noite promete, tem certeza que não quer ir com agente. —Marise  se virou para auxiliar de cozinha, lavando as mãos.

 —Não sinto muito! Eu ainda tenho que estudar muito para uma prova, que nem sei se estou preparada. —largou as louças já guardadas e foi abraçar Marise. — Já vou te parabenizar de novo, e te desejar que essa nova jornada seja sempre como sempre desejou. —Marise retribuiu o abraço.

Ela sabe bem como foi difícil conseguir essa bolsa e juntar o dinheiro para alugar um bom apartamento e comprar as passagens, sem a ajuda do pai, ela nem se que saberia se conseguiria,  só de pensar em deixar seu velho sozinho seu coração doía, mais ela sabia que quando se tem sonhos tem o sacrifício.

Logo que Ana, a auxiliar se afastou, Roberto o cozinheiro a abraçou também e desejou boa sorte, logo a porta do fundo foi aberta e Bianca entrou, não parecia muito animada, como de manhã quando falava com Marise,  antes da reunião de seu pai. Algo ruim deve ter acontecido, Marise sentia pela amiga.

—Está pronta para irmos? —todos olharam para Bianca que estava desanimada, não era o feitio dela já que ela sempre chegava animada e contagiando alegria.

 —Olá, para você também! —Roberto cumprimentou, chamando atenção de  Bianca, que  deu uma risada forçada.

 —A reunião foi tão ruim assim? —Marise pegou sua bolsa a colocando no ombro e foi abraçar a amiga.

 Bianca não quis responder na frente dos dois e direcionou Marise a saída até onde seu carro estava e dando boa noite aos dois que ficaram para trás se entre olhando.

Dr. LucasOnde histórias criam vida. Descubra agora