from october 5th, 2015 to january 1st, 2016

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Drop everything now
Meet me in the pouring rain
Kiss me on the sidewalk
Take away the pain
'Cause I see sparks fly
Whenever you smile

October 5th, 2015

Annabeth

— O que é isso na mesinha, Anna? — Jason perguntou, erguendo a cabeça em minha direção.

— O que? — respondi, olhando para onde sua mão indicava. Várias folhas de papel em diferentes cores estavam espalhadas sobre a mesa de centro da sala sem nenhuma organização, fazendo o ambiente parecer menor do que realmente era. — Ah, isso. Semana passada eu tive uma inspiração súbita no meio da madrugada para algumas músicas e acabei desorganizando todas as minhas partituras antigas.

— Inspiração súbita, é? — ele provocou, os cantos de seus lábios se retorcendo em um sorriso zombeteiro. — Essa inspiração tem um nome, por acaso? 1,90 de altura e cabelo bagunçado? Um sotaque britânico, talvez?

— Você larga do meu pé, Jason. Já não basta a Piper fazendo essa mesma cara safada toda vez que eu digo que o Percy passou aqui em casa.

— Então quer dizer que se eu desse uma olhada nessas letras eu não encontraria nada sobre o galã inglês?

— Exatamente, você iria encontrar coisas sobre mim — confirmei, pausando por alguns segundos quando ele me lançou um olhar desafiador. — Certo, talvez a música seja inspirada nele sim, mas tem algumas partes sobre amor no geral e alguns exageros.

— Sobre amor? — ele perguntou, levantando as sobrancelhas em descrença. — Posso? — Concordei com a cabeça.

Ele pigarreou antes de repetir as palavras que eu havia rabiscado em uma folha verde clara.

— Saúde-me, sou sua Rainha Americana — ele recitava com um sorriso no rosto, de uma forma que delatava que estava tentando imaginar o ritmo dos meus pensamentos. — E de uma vez só, você é aquele que eu tenho esperado, rei do meu coração. Corpo e alma. E de uma vez só, você é tudo o que eu quero. Nunca vou te largar, rei do meu coração. Corpo e alma.

— Anda, pode tirar sarro da letra. É brega, eu sei. Não sei se acredito muito no que escrevi.

— Qual o ritmo? — ele perguntou, se sentando para ouvir as notas sem reconhecer minha última declaração. Suspirei e cedi, sabendo que uma hora ou outra eu acabaria mesmo pedindo ajuda a Jason com a organização da melodia. — Você pode adicionar umas batidas nesse refrão — ele comentou, colocando a folha de volta na mesa e pegando um outro pedaço de papel em seu lugar. — Também pode adicionar umas marcas de oralidade, uns sons extras. Um "woah" ficaria bom nessa parte.

— Pode deixar que eu vou anotar — comentei com um sorriso.

Jason começou a batucar os dedos na coxa, como se mesmo de maneira inconsciente ainda pensassem em notas e arranjos. Ele continuou olhando para os papéis na mesa com a minha autorização, parando vez ou outra para comentar partes em voz alta.

— Espero que tenha melhorado da ressaca da noite passada, Sabidinha. Precisei sair mais cedo para gravar e não quis te acordar, mas tem um comprimido para dor de cabeça em cima da mesa de cabeceira. Dorme bem e toma o remédio, te ligo mais tarde. PS: Até dormindo você tem cara de brava, sabia disso? — ele olhou para mim por debaixo dos cílios, tirando sua atenção do bilhete com caligrafia caprichada e erguendo a sobrancelha. — Ele ainda fez um desenho de coruja no canto do post-it.

— Eu gosto de corujas — respondi simplesmente, torcendo para que minhas bochechas não tivessem mudado de cor. Levando em conta o calor que tinha passado a se estender pelo meu pescoço, sabia que essa esperança era em vão.

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