Capítulo dois: A descoberta.

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“ Você tem um cheiro mais forte que os outros sobrenaturais que eu conheço ” . Aquilo havia ficado em minha cabeça, atormentando-me a noite inteira. Não entendo o que ele quis dizer com aquilo, ele acha que eu não sou uma vampira ? Eu cresci minha vida inteira achando que era uma, e provavelmente era uma. Mas aquilo de uma certa forma me incomodava. Pela primeira vez, conheci e beijei um vampiro. Sua força e energia radiava me fazendo suspirar. Se existe um por aqui, então quer dizer que devem ter outros sobrenaturais, não é mesmo ? E como foi que nunca senti o cheiro de outros ? Lembro-me vagamente de as vezes perceber que algumas pessoas me encaravam  sem ao menos se importarem se eu havia percebido.                                                                        

        Entrei em uma livraria pública e perguntei a um cara que trabalhava lá onde ficava a sessão de estudos sobrenaturais. Ele me guiou e me recomendou alguns livros sobre o que eu estava pesquisando. Ele se afastou e então recolhi da prateleira sete livros grossos e pesados. Levei-os para uma mesa um pouco distante. Alguns estudavam os sobrenaturais, outros eram diários de humanos muito antigos. Alguns certamente escrito por vampiros muito velhos, que estudavam todas as raças. Abri o primeiro livro e comecei a lê-lo. Me afundei na história e mal percebi que as horas estavam passando. Ezekiel, o funcionário da biblioteca que havia me ajudado com os livros, sentou-se na mesa em que eu estava. Levantei os olhos e o olhei demoradamente.

— A biblioteca vai fechar – ele disse, olhei ao redor e estava escurecendo. Suspirei.
—Tudo bem, eu vou levar todos esses livros – me levantei e recolhi-os da mesa  – Vocês podem me dar mais de uma semana para ler ? Afinal, são muitos livros.
— Doze dias está bom ?
— Por mim tudo bem – ele me guiou até a recepção e anotou os livros no computador, pediu meu nome inteiro, telefone, endereço e tudo o mais e por fim me deu a data final para entregar os livros.
— Você namora ? – me assustei com sua pergunta, agora havia notado seu perfil. Era alto, forte, cabelos escuros e bagunçados. Seus traços eram fortes e olhos negros penetrantes e cruéis. – Você namora ?
— Me desculpe, me desliguei por um momento – sorri simpática, mostrei minhas mãos para ele, dando entender que não havia nenhuma aliança
 — Não, não namoro.
— Posso te ligar qualquer dia desses Jenna ? – seus olhos agora deram uma acalmada e um sorriso de lado surgiu em seus lábios.
— Porque não ?- eu sorri e peguei meus livros – Até, Ezekiel.

                                                                        **

Haviam se passado três noites, e não havia dormido em nenhuma delas. Ficava a madrugada toda lendo os livros e de manhã ia para a faculdade. Me sustentava a base de cafeína. Mas não me importava com isso, aquelas palavras não saiam da minha cabeça. Meus olhos estavam escuros, minha cabeça atordoada. Se era verdade tudo que tinha naqueles livros, eu não sabia nem um terço sobre minha raça. Hoje era sábado e daria uma folga para mim mesmo dormindo o dia todo, se não fosse pelo meu telefone ter tocado.
— Oi, Jenna ?
—  É ela, com quem eu falo ? – perguntei
 —O cara que você se apaixonou na biblioteca – ele riu.
— Como é que é? – perguntei dando risada – Ezekiel – respondi lembrando do nome dele
— Sim, sim. Estou te ligando para perguntar dos livros, conseguiu lê-los?
— Sim, bom.. Não todos. Só falta um livro só.. – suspirei – O mais grosso
— “As relíquias celestiais” imagino eu – ele deu uma risada – É o melhor livro, o cara que te aconselhou ele também é o melhor.
— Imagino que esteja falando de você
— Sim, eu sou o melhor – ele deu uma risada e logo acrescentou – Que tal sair comigo? Podemos debater sobre os livros e tomar café
— Eu acho ótimo. Quando e que hora?
— Se você abrir a porta em dois segundos, pode ser agora – ele deu risada e logo em seguida a campainha do apartamento tocou – Vai me deixar esperando?

JennaOnde histórias criam vida. Descubra agora