Capítulo um: Sangue branco.

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Não sou a melhor pessoa do mundo. Nem a mais legal. Nem a mais divertida. Não sou a mais forte, a mais sexy ou a mais inteligente. Mas eu sou a Jenna, a Jenna diferente e esquisita. Com gostos estranhos. E talvez isso me torne diferente de você. O que é ótimo, porque apesar de eu não ser uma pessoa maravilhosa, essa sou eu. E isso já é o bastante. Eu não sou o tipo de ser humano deprimente, na verdade nem humana eu sou. Pra falar a verdade, eu amo ser assim. Amo ser uma chupadora de sangue. E isso me torna ainda mais eu. E a única definição que consigo achar pra mim mesma é que, eu sou Jenna e nada mais.
Micaela adentrou a porta de meu quarto e olhou para o meu look rebelde. Calças rasgadas, regata preta e coturno. Sabia que ela me faria trocar de roupa. Eu estava certa.

- Precisamos fazer umas comprinhas pra você. Temos uma festa daqui três horas e quero apresentar-te um amigo. Você não pode estar vestida de qualquer jeito. Vem, vamos achar uma roupa mais estilosa pra você - ela então abriu as portas de meu guarda-roupa, tirando roupas do cabide e colocando em cima da cama. As vezes chegava a olhar para uma roupa e fazer cara de desprezo-Como você consegue usar isso ? Parece um pijama !! - ela exclamou.
- Visto o que me deixa confortável - retruquei.

Ela continuou fazendo um tour pelo meu guarda-roupa. Desdobrava roupas e, jogava no chão quando reprovava ou deixava arrumadinho em cima da cama quando aprovava. Quando já havia revirado o armário, voltou-se para cama tentando fazer um look com as peças de roupas que havia aprovado. Ao final, decidiu-se com uma calça de couro e uma blusa social branca de seda junto com um salto alto e alguns acessórios. Depois de me obrigar a vestir aquela roupa, tentou arrumar meus cabelos. Dividindo-o de lado e fazendo pequenos cachos nas pontas. Ainda insistiu em pintar meu rosto. Depois de discutimos, ela se deu por vencida fazendo um esfumaço preto em meu olho e colocando um batom vinho em meus lábios. Agora, me olhando no espelho agradeci-a, meus longos cabelos negros contrastavam com minha pele branca e com o batom. A blusa havia caído bem, a parte da frente estava escondida e a parte de trás solta, o decote ainda sim pequeno era de tirar o fôlego. A calça apertada marcavam bem minhas pernas, seguindo por um salto preto. Por um instante, senti que podia ganhar o coração de todos os vampiros que habitavam na terra. Micaela me empurrou devagar para o lado, querendo também se ver no espelho.

Agora havia notado o que ela vestia. Uma mini-saia preta, que grudava em suas pernas magnificas seguido de uma blusa vermelha zipada na frente, deixando seus seios volumosos, junto com uma bota preta que chegava um pouco acima do joelho. Toda aquela roupa fazia contraste com seu cabelo rosa. Sua maquiagem era leve e seu batom nude. Ela estava realmente parecendo uma meretriz de classe.

**

Micaela apressava-me para sair do carro. Puxando-me pelo braço me arrastando casa adentro.

- Pega uma bebida e me espera aqui, não saia do lugar, vou procurar o Erick ! - ela berrou por conta da música alta.
- Quem é esse ? - perguntei
- Um amigo que quero te apresentar - ela disse e saiu em seguida.

Procurei o balcão com bebidas e pedi uma cerveja. Logo após voltei a onde seria nosso ponto de encontro e encostei-me na parede vendo as pessoas dançarem. Havia um casal um pouco afastado de mim se agarrando. A cerveja já estava no fim e só então ela apareceu, arrastando o garoto que provavelmente seria Erick.

- Erick Jenna, Jenna Erick - ela disse ao nosso lado. O cumprimentei com um aperto de mão. Ele era alto e tinha alguns músculos. Seus rosto era compostos de traços fortes e firmes, tinha o cabelo loiro e curto.
- Vou deixar vocês sozinhos, Jenna vou estar na pista de dança, tudo bem ? - apenas assenti com a cabeça.
- Quer sair daqui ? - perguntou ele, olhando para o casal que se agarrava um pouco afastado de nós.
- Seria um favor - sorri. Ele me levou para o jardim, onde tinha algumas pessoas bebendo e fumando, mas ainda sim era melhor que o sufoco de lá dentro. Vi seu rosto se aproximar de meu pescoço, ele então fungou me deixando arrepiada. O olhei sem entender, logo ele se afastou e me encarou. Seus olhos refletiam luz, e sua boca estava entre aberta. Ele segurou em minha cintura e me guiou para um canto da parede, fazendo com que minhas costas se encostassem na parede. Ele estava próximo demais, o empurrei devagar mas ele não cedeu. Ele se aproximou mais, prensando nossos corpo, joguei a cabeça para trás tentando afastar meu rosto do dele. Suas mãos correram pelo meu pescoço, trazendo-o de volta para ele. E enfim ele forçou nossos lábios colarem, e invadindo minha boca com sua língua. Prensando ainda mais nossos corpos na parede, quase o empurrei. Meus olhos não tinham se fechados, sua outra mão livre apertou minha cintura. Eu não o conhecia, e esse maluco estava me beijando tão ferozmente que parecia estar gastando suas últimas energias naquele beijo. Ainda com olhos abertos, o empurrei não tão forte e nem tão fraco. Mas o bastante para ele se afastar. Vi seus olhos se abrirem e um sorriso surgir em seu rosto. Ele se aproximou novamente, massageando meu pescoço.

- O que diabos está fazendo ? - perguntei, olhando-o nos olhos
- Eu sei o que você é ! - ele disse beijando minha mandíbula. Meus olhos se abriram um pouco mais e cravei minhas unhas no seu braço segurando-o mais forte
- Não sei do que está falando - vi surgir um sorriso irônico em seus lábios
- Relaxa gatinha, também sou um. Sinto cheiro de sangue branco em você - ele disse, logo selando nossos lábios e prensando nossos corpos novamente

Como ele poderia sentir um cheiro que eu nem sabia que existia? Aquilo poderia não ser real, ele poderia está apenas brincando comigo, aliás é moda hoje em dia falar de vampiros ou coisas do tipo.

- Você está louco! - afastei ele com a ponta de meus dedos
- Deixa eu te provar que isso é real - ele segurou meu ombro, e levantou meu olhar,nisso nos entreolhamos. Eu pude sentir o cheiro forte dele, as características físicas e os olhos.. Tudo aquilo era real, ele não estava me enganando e nem era louco. Eu nunca havia chegado tão perto de um vampiro, sua força e energia era contaminante.Era como uma droga, que eu não queria largar. Me aproximei dele, colocando minha mão esquerda em seu pescoço, puxei o mesmo, até a altura de minha boca. Era aquilo que o tornava diferente, o seu cheiro. Mas poderia ser mais que aquilo. O gosto dele, tudo aquilo poderia mudar. Nossos lábios estavam colados, mas assim como ele, queríamos mais. Nossas bocas se abriram, e sua línguainvadindo o espaço vazio. O beijo era diferente de qualquer um. Não que eu tenha beijado vários, mas aquilo era fascinante.

Então ele se tornou algo irresistível, algo que eu não podia conter. Aquilo era magnífico, e eu queria mais, ele também queria. A língua dele, passou entre meus dentes superiores e então um pouco de sangue começou a sair da língua de Erick, e tudo aquilo se tornou especial. O prazer de sentir o sangue de um sangue-branco, era algo que não poderia ser descrito com palavras. Ele se afastou de mim e me olhou surpreso

- Seu sangue é mais forte que o normal. Seu cheiro - ele me olhou intrigado - Jenna, não podemos fazer mais isso!
- Podemos! - eu queria mais, mesmo que aquilo me tornasse uma vadia sem classe, o sangue dele, a beleza dele, era tudo uma droga para mim, da qual eu não fazia questão de largar - Erick, isso não é errado.
- Talvez para você não seja, mas para mim é. Você ainda é uma aprendiz, nunca tinha visto um sangue branco na sua frente, e agora que viu, não consegue se controlar - ele deu uma risada forte e alta - Está parecendo uma vadia, louca por algo que pode causar a sua morte.

Tudo era muito forte para mim; Ele estava certo, aquilo estava errado, eu era nova no assunto, nunca tinha visto um sangue branco e, quando eu consigo encontrar alguém, eu me comporto de uma maneira vulgar. Então no meio disso tudo, eu senti o sangue dele, fluindo em minhas veias. Era uma sensação estranhamente boa, era como se estivesse injetando uma grande dose de coca-cola em você. Mas era melhor que isso. E então, o sangue dele chegou ao ponto principal, ao meu coração. Tudo foi ficando escuro, ele estava falando, mas o som não saia de sua boca. Meu corpo estava mais pesado que o normal, eu estava caindo, e ele estava em minha frente, pronto para me pegar.

**

O quarto tinha um cheiro de doce, era bem claro e tinha cortinas brancas balançando com o vento da noite. A neblina lá fora, fazia com que não dê-se para ver o tempo. Erick estava parado em minha frente, com as mãos apoiadas nos joelhos.

- Está melhor? - ele nem me olhou, apenas perguntou.
- Sim estou, me desculpe - eu disse com fortes dores na cabeça - Micaela - e me passou um flash Black em minha cabeça. Me levantei rápido demais, porém uma tontura forte invadiu meu corpo, fazendo com que o quarto rodasse. E então eu fui caindo, novamente.. Braços fortes e acolhedores me pegaram antes que eu chegasse ao chão.- Estou achando que está fazendo isso de propósito - ele deu um sorriso, foi algo angelical e ao mesmo tempo diabólico, não sei explicar - É melhor você ficar deitada, sua amiga Micaela está curtindo a festa com uns garotos - ele deu risada - Acho que não sairá de lá tão cedo.
Eu o encarava, enquanto ele me colocava em sua cama. Se sentou na cadeira novamente e me olhou atentamente, até que percebeu que estava me fritando com seus olhos, e se desculpou-se.

- Como se tornou uma sangue-branco?
- Como me tornei? Oras.. - eu dei risada, que causou fortes dores de cabeça - Eu nasci assim, Erick. Assim como você.
- Estou falando sério, Jenna. Como se tornou? Quem te passou o sangue? - ele me olhava atentamente, procurando algo em meu corpo. Me senti incomodada.
- Oras, eu não fui mordida ou coisa do tipo - dei risada - Eu nasci assim, Erick.
- Você tem um cheiro mais forte que os outros sobrenaturais que eu conheço - ele me olhava fascinado.

JennaOnde histórias criam vida. Descubra agora