𝔏𝔞𝔠𝔬𝔰

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– Mike, que porra é essa? – olho para o lado e, percebendo que ele já não estava lá, só consigo pensar: "que filho da pu...!"
    – Sem palavrões em minha casa, Hunter – ela me interrompe com sua voz, calma e intimidadora ao mesmo tempo.
    Quando eu vou puxar o ar necessário para falar, sou interrompido por ela, respondendo minha pergunta:
    – Eu me chamo Alice, tenho o dom de ajudar as pessoas com seus poderes e também consigo prever o futuro.
    Fico apenas paralisado, sem entender muita coisa que saía de sua boca.
    – Seu futuro está bem longe de ser o que você deseja, Hunter. Até quando vai esconder quem você é? Isso vai trazer a sua morte daqui um certo tempo.
    Começo a compreender as suas palavras e inicio:
    – Mas-
    E ela responde antes mesmo de eu organizar a pergunta em minha mente:
    – Mesmo que seu poder seja algo muito raro e perigoso, – ela responde, antes mesmo de eu organizar a pergunta em minha mente – entenda, Hunter: se continuar assim, escondido, você vai morrer. E, se você morrer, o mundo acabará.
    Ouvindo isso, fico paralisado, pensando nas palavras que ainda estavam sendo digeridas em minha mente. Eu conseguia ouvir meu coração de tão devastador que era o silêncio. Depois de alguns momentos, volto a respirar novamente. Então, me preparo para falar:
    – O mundo irá acabar? Como assim? O que eu tenho de tão especial? – fico surpreso por ela me deixar terminar as perguntas.
    Ela me olha com um olhar que parecia dizer "eu estou aqui para você e por você, até não precisar mais de mim" e, em seguida, diz:
    – Há muito tempo, surgiu um garoto, e todos estranharam o fato de ter poderes. Ninguém o queria, exceto, é claro, o governo. O jovem foi capturado e, após um deslize, conseguiu fugir e desapareceu. Dois anos após este ocorrido, mais algumas crianças nasceram com poderes ou aparências estranhas, até tudo se tornar o que é hoje. Você sabe o que sofremos por causa do governo. Sabe como morremos. O que quero dizer é: você, agora, não tem o poder de salvar o mundo, mas sim de destruí-lo por completo. Por isso, nós precisamos moldar você, para reverter essa situação. Sua mente consegue deduzir coisas mais rapidamente que qualquer um. Exceto nesta sala e neste momento.
    – Pode prosseguir – digo, arrumando minha postura.
    Ela dá um sorriso um pouco discreto e diz:
    – Está vindo uma coisa muito grandiosa, Hunter. Mas você só entenderá e seguirá esse caminho quando realmente quiser isso. Chegará um momento de sua vida em que o mal vai te puxar com tanta força que, se você fraquejar por 1 segundo, irá ser consumido completamente.
    Olho em seus olhos e percebo que ela estava realmente falando a verdade. Após isso, lembro que sou um humano e preciso respirar. Quando o faço com um certo desespero, ela sorri e eu pergunto:
    – Sei que você não pode me dizer tudo, porque se disser o futuro irá mudar. Certo?
    Ela tranquilamente balança sua cabeça concordando, com um rosto mais tranquilo. Após alguns segundos de silêncio, indago:
    – Como eu treino meu poder?
    Enquanto colocava seu cabelo cacheado para trás das orelhas, disse:
    – Você só não controla seu poder porque não acredita que possa controlar. É bem simples: acredite, com total certeza, que você o controla, e não que ele controla você. Acredite que é um dom, não uma maldição. Você só precisa entender que sua mão é apenas uma mão, e só será uma arma quando você quiser que seja.
    Após isso, rapidamente, ela joga um jarro em minha direção e eu agarro com as duas mãos. Olho surpreso para o jarro, e ele continua sendo apenas um jarro.
    – Eu... eu consegui! – abro um sorriso.
    – Você sempre irá conseguir – ela diz, orgulhosa.
    Fecho os olhos por uns instantes e, quando os abro, digo:
    – Bom, vou voltar para a casa do Mike. Ele já deve está sentindo minha falta. Vou pensar bem em suas palavras. Acho que terei digerido melhor quando acordar.
    Ela concorda e estende a mão, para eu apertar. Dou um longo suspiro e toco todos os meus dedos em sua mão e nada acontece.
    – Você já sabia que não aconteceria nada, não é? – pergunto.
    – Eu sabia que você acreditaria que não aconteceria nada. Agora, vá ver o Mike.
    Agradeço pelos ensinamentos e digo:
    – Nos veremos em breve.
    Antes de eu passar pela porta, Alice diz:
    – Hunter, mais uma coisa. Amanhã, acontecerão coisas positivas ou negativas. Esteja preparado para ambas.
    Aceno com a cabeça, concordando, e saio andando para ver o Mike, ainda tentando digerir o que aprendi. Destruir o mundo? Salvá-lo? E eu reclamando do enjoo pelo teletransporte do Mike... Após passar por todas aquelas portas, que pareciam ser infinitas, espero calmamente o sol bater sobre minha pele para que eu finalmente eu pudesse me sentir apenas um humano normal. Continuo pensando no que ela tinha me falado, sobre destruir o mundo, e acabo refletindo comigo mesmo: "não é responsabilidade demais para um garoto de 17 anos?" - enquanto esse pensamento me ocorre, abro a porta da saída, usando apenas 4 dedos - "Desculpa, Alice. Sem a sua presença eu não sou tão corajoso assim".
Assim que coloco os pés para fora, dou de cara com o mike, muito animado (sério, parecia que ele tava cheirado ou algo do tipo. Às vezes, fico impressionado com o tanto de estamina que o Mike tem. Sabe aquele seu amigo que está sempre no 220? Mike é assim), e ele fala:
-E aí, cara? Como foi? O que achou dela? Ela disse algo importante? Vamos andando?
E eu, olhando para ele, após ser bombardeados por perguntas que sabia que iriam ser repetidas mais tarde, olhei então para o chão, apertei um pouco minhas mãos e disse:
-Cara, foi muito da hora. Ela me disse algumas coisas estranhas sobre meu passado. Falou também sobre como eu estava me sentindo no momento, e foi só isso. O restante do tempo foi eu tentando entender como o poder dela funciona. Olho para o mike para ver se eu tinha o convencido e, por um instante, penso: "desculpa, Mike... mas, dessa vez, eu não posso contar contigo..."
Percebo, então, que nunca foi tão facil de convencer meu melhor amigo de uma mentira (ou seria uma omissão? Eu não menti sobre algumas coisas. Certo? Mas, a partir do momento em que eu disse que foi "apenas isso", já é uma mentira? Vamos leitor, me ajuda!). Ele me olha com uma cara tão animada que não consigo conter meu riso. Começo a rir, olhando para a cara dele, e ele solta um:
-Eu disse! Sabia que ela ia te mostrar coisas novas e te encaminhar bem. E mano... - ele diz isso com um tom de suspense - ...ela é brabissima, não é?!
Ele fica ao meu lado, começa a andar e continua falando:
-Ela que me ensinou sobre meus poderes e disse à minha mãe que iríamos prosperar daqui a um tempo. Mas claro, tem que ter muita paciência sobre isso.
-Acho bem capaz de isso estar próximo, já que você vai trabalhar para o governo. Tenho certeza que suas habilidades irão evoluir bastante. -digo, olhando para frente e sabendo que uma hora iria ter que enfrentar meus amigos. Continuo:
-Mas nem vale muito a pena: em troca, sua vida será controlada por eles. - lembro, mais desanimado.
Ele olha para mim, como se tivesse percebido algo diferente, e diz:
-Mas quero que fique tranquilo. Você é meu irmão. Sempre que surgir alguma coisa que nos separe, irei aparecer do seu lado, certo? - ele da um grande sorriso em minha direção.
Olho para ele e, após ouvir tudo aquilo, parecia que todo o peso do mundo tinha sumido de sobre minhas costas. "Certo, Mike."
Continuamos andando sob o sol frio e o começo do anoitecer, sem falar mais nenhuma palavra. Por mais que Mike fosse muito energético, ele sabia apenas estar ali do lado.
(Essa parte do capitulo foi tão gay... espero que nenhuma fanfiqueira faça um romance entre mim e o Mike)
Após andar por algum tempo, finalmente chegamos na casa do Mike. Juro que já não aguentava mais andar. Realmente, essa vida de fazer grandes esforços por um grande período de tempo não era comigo; mesmo que eu quisesse, acabava não conseguindo ter tanta energia quanto o Mike. Mas, se pensar bem, acho que ninguém consegue.
Abro a porta e ele segue, logo atrás de mim. Olhamos a sala e não vemos a tia. Penso: "será que ela saiu?"
Quando chegamos na cozinha, vemos um bilhete, escrito: "estou no quarto, provavelmente já dormindo. A comida está na geladeira e o suco também. Depois de comer, lavem os pratos e vão dormir."
Olho para o Mike e ele me olha ao mesmo tempo, ambos dizendo:
-Você vai lavar a louça!
-Você vai lavar a louça!
Começamos a rir e ele diz:
-Tá bom, eu lavo. Não posso deixar a visita fazer isso, e também temos aquele dilema...
Concordo com a cabeça enquanto coloco nossa comida para esquentar. Mike pegava os copos para o suco. Após esse momento, nós não dissemos mais nada um para o outro. Ficamos calado até a hora de deitar, quando o Mike me disse:
-Você sabe que eu sei que você tem poder, né? Não temos muito tempo até que leiam minha mente e vão atrás de você. Mesmo que o que eu tenha seja só uma suspeita, eles já estão interessados em você. Olho para cima, dou um longo suspiro e digo:
-Caso eu tenha mesmo poderes, tenho certeza que saberei o que fazer na hora. Não se preocupe comigo, Mike. Eu já sei qual caminho quero seguir e, mesmo que eu seja corrompido, irei voltar para casa. Agora, vai dormir que eu vou ao banheiro.
Me levanto, vejo ele se virando para dormir e entro no banheiro. Pego um pegaço grande de papel e digo para mim mesmo, bem baixo:
-Tenho que confiar em mim mesmo, tenho que acreditar que eu consigo. Eu sei que consigo...
E quando o toco com meus 5 dedos, sou consumido por uma decepção enorme, e todo o peso do mundo volta a pesar em minhas costas. Eu digo, baixo:
-Desculpa, Alice. Eu não consigo sem você. Nunca conseguirei.
Saio do banheiro e vou andando devagar para o quarto. Abro a porta e Mike já estava em uma posição que provavelmente prejudica muito a coluna, e roncando. Dou um sorriso e digo, baixo:
-Boa noite, irmão. amanhã é um longo dia

Continua.

O sucumbir das mãos Onde histórias criam vida. Descubra agora