Comece a escrever sua história
Horas se passaram após o início da aula. Eu estava tenso, mas a Kate estava ainda mais. É nessas horas que eu queria um amigo com a capacidade de ver o futuro, mas adolescentes como esses estavam mais ricos que 60% da população ou foram capturados pelo governo. Eu não consigo explicar o que eu estou sentindo, é um mix de desespero e ansiedade. Quero saber como vou ocultar meus pensamentos, mas tenho certeza que irei conseguir. Eu sobrevivi por 17 anos, consigo viver por mais tempo.
O sinal tocou e a professora soltou uma sequência de falas que me trouxe um desespero tão gigantesco que eu não pude conter o meu corpo, estremecendo de medo:
— Quero a atenção de vocês, um minuto. Os pesquisadores da VIJP estão no colégio. Assim que vocês saírem da sala, sigam o procedimento de fila: quem tem poderes, em um lado, e quem não tem, em outro.
Rapidamente olho para a Kate. Ela corresponde com o olhar e diz, o mais baixo possível:
— 10 metros! Mantenha essa distância e continue pensando nos mesmos insultos que os sem poderes. Mike vai estar com você. E, por mim... não seja pego. — Após soltar essas palavras, seu corpo estremeceu, e eu disse:
— Prometo que amanhã você ainda será minha amiga.
Fui na direção da cantina, sentei ao lado de Mike e de todos aqueles que não tinham poder e começamos a conversar sobre jogos de futebol, a insultar o pessoal que tinha poder e a rir de piadas extremamente pesadas e desnecessárias.
Poucos segundos depois, as portas se abrem. Entraram, no total, 6 pessoas. Em toda a cantina, havia um silêncio tão grande que eu conseguia ouvir meu coração bater. O grupo de pessoas era formado por uma mulher um pouco menor que eu, mais ou menos 1,75m de altura; um homem, com uma máscara, bem maior que eu (ele tinha uns 1,88m de altura); e, atrás deles, vinham seres extremamente grandes e magros. Eles tinham 1,90m, ou até mais que isso, e eram mais magros que qualquer pessoa que você já viu em sua vida. Suas peles eram pálidas como folhas de um caderno, e seus olhos tinham a mesma cor: verde-escuro. Todos eles usavam vestimentas pretas; exceto a mulher, que aparentava ser a menos aterrorizante. Os 3 do fundo eram telepatas: começaram a ler as mentes de todos e a selecionar a fila para fazer os exames de sangue.
Os exames de sangue eram feitos com os seguintes objetivos: manter você no registro do governo, manter seu poder medido e sob supervisão deles, e medir sua melhora desde a última vez que tiraram seu sangue. Os telepatas nunca tinham aparecido antes. Juro que senti um frio de cima da minha nuca até o final da minha coluna. É sério, eles são tão bizarros! Se eu sobreviver a hoje, irei ter pesadelos. E você que está lendo, também.
Eles começaram a fazer a fila. Eu tentava ao máximo não ceder aos meus pensamentos; estava preocupado e tentando me manter quieto. A cada 30 segundos de pensamento, em 1 segundo eu deixava escapar que tinha poderes. Mas tinham pessoas com os pensamentos tão podres e invejosos que eles até evitavam olhar — eu estava seguro. Até que, então, o Mike senta ao meu lado e diz:
— Ei, imagina se você estivesse ali!
Naquele momento, a Kate olhou para mim. E não foi só ela: os 3 telepatas olharam fixamente para a mesa em que eu estava. Eu tentei me manter distraído e imóvel o máximo possível e tentei não xingar o Mike com todas as minhas forças. A partir daquele comentário, eu me imaginei sendo capturado e o grito que eu dei, mentalmente, foi facilmente escutado por todos aqueles caras brancos bizarros.
— Mike, como está sendo o final de semana com a sua mãe? — disse, sentindo uma gota de suor frio escorrer pela minha cabeça e sentindo aqueles 3 olhares fixos, que sequer piscavam, por 2 minutos.
Então, ele disse:— Estão sendo bem tranquilos, sabe? A cada final de semana que passamos lá, eu jogo mais jogos e acabo ficando ainda melhor nisso. Bom, não é o melhor videogame, nem da última geração, mas serve.
E, naquele momento, assim que ele terminou de falar, eu vi dois dos três andando em nossa direção. Para não pensar em nada, eu estava contando meus batimentos cardíacos em minha cabeça e, de uma forma bem estranha ,eles estavam acompanhando meus batimentos com os passos. Eu senti minha cabeça pulsar de dor. Podia até sentir a cabeça dos outros da minha mesa pulsando, também. Continuei a contar, mas meu subconsciente estava tão desesperado que eu comecei a errar a conta; mordi minha língua para a dor me distrair e eu não pensar em nada.
Ambos pararam na frente da mesa e disseram ao mesmo tempo:
— Algum de vocês estão escondendo seus poderes?
— Algum de vocês estão escondendo seus poderes?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O sucumbir das mãos
Bilim KurguEu não gostava muito desse momento do dia, era indisponível, repetitivo e enjoativo. Ensino médio. Talvez a morte fosse menos dolorida e sofrida do que esses longos anos em que estou passando aqui. Mas olha só você que está lendo esse livro, tão...