O Natal de Michael Hanson

Capítulo 01

Capítulo 01

      Na pacata cidade de Duskwood, vivia um homem não muito feliz, desde que perdera sua filha em um acidente na excursão de sua escola, a pequena Jennifer Hanson chegou animada e esperançosa com um documento de autorização para que seu pai assinasse permitindo assim que ela pudesse viajar até a fabrica de chocolates, ele permitiu vendo o quão contente sua única filha ficara.
      ─ Voltará até a ceia de Natal? ─ Perguntou antes de devolver o papel assinado.
         ─ Estarei aqui antes que sinta minha falta. ─ Disse a pequena Jennifer. 
         Mas por ironia do destino Michael Hanson carregaria a dor da saudade por todos os dias de sua vida, pois a pequena Jennifer não retornara para casa. O ônibus que transportava as quarenta e cinco crianças tombou ao tentar desviar de um Gremlin. Os policiais constataram que o motorista estava alcoolizado levando a morte de sua esposa e dele, juntamente com Jennifer.
         Com a notícia de sua morte, Michael Hanson se fechou em seu intimo mais profundo dedicando seus dias a odiar tudo e a todos, inclusive o Natal.

      10 anos depois
      
       As ruas de Duskwood estavam tomadas por neve e o espirito natalino inundava os corações de todos a enfeitarem as casas e as ruas. Em cada esquina podiam se encontrar pessoas alegres desejando boas novas, e quem passasse frente a igreja poderiam assistir o coral das crianças ensaiando as canções natalinas para a noite de Natal. E em frente o Portão da Esperança a jovem Cleo junto com sua mãe entregavam a quem passasse um panfleto contendo a Oração Natalina, a programação da missa e a imagem do Papai Noel cercado de presentes e crianças.
        Cleo se afastou de sua mãe com um panfleto na mão esticando para Michael, mal-humorado odiando toda aquela alegria à sua volta.
         ─ Senhor, aceita um panfleto? ─ Perguntou ingênua.
         Michael Hanson parou com o rosto enrugado preso em seu estresse e falta de amor.
         ─ O que diz neste papel? ─ Perguntou ele.
         ─ Que haverá missa na noite de natal, e depois comes e bebes. ─ Respondeu ela com os óculos de lentes grossas escorregando até a ponta do nariz, e rapidamente empurrando-o com o dedo. ─ O senhor está convidado. ─ Acrescentou com o panfleto ainda estendido.
         ─ Não, tenho coisas mais importantes que essa baboseira. ─ Respondeu com tom agressivos se retirando. 
         ─ O que é mais importante que comemorar o Natal? ─ Questiona Cleo.
         ─ E porque você comemora? ─ Perguntou Michael Hanson virando-se para ela.
         ─ É o nascimento do menino Jesus. ─ Respondeu ela.
         ─ Vai me dizer que você esta aqui nesse frio todo entregando panfletos apenas porque é o nascimento do menino Jesus e não porque quer ganhar presentes!? ─ Interroga ele.
         ─ Mamãe disse que se eu for uma boa menina o papai Noel trará o meu presente. ─ Respondeu estufando o peito esperançosa.
         ─ Você já não é grande o bastante para acreditar nessa tolice? ─ Rebateu esnobe. ─ Sua mãe não te ensina que papai Noel não existe e que Natal é só mais uma data para os comerciantes venderem mais e ganharem mais. ─  Completou ríspido.
          ─ Senhor Hanson, não diga essas coisas a minha filha, ela é só uma criança! ─ Repreendeu a mãe de Cléo pondo a mão sobre o ombro da menina.
          ─ A minha também era uma criança, e acreditava nessas bobagens. E em que adiantou? ─ Murmurou deixando-as. 
       
       Michael voltou para casa, tomou banho e comeu uma sopa de legumes que vinha requentando a quase uma semana. Ouviu um barulho vindo da cozinha, estranhou indo até lá, ao chegar viu um gato vadio beliscando a sopa que sobrara na panela sobre o fogão, encostado na porta havia um balde com água suja e um pano de chão. O gato ao vê-lo saltou na janela parando para encarar o homem mal encarado, e naquele instante recebeu um banho de água suja. O gato foi empurrado pela água e a água fria caiu sobre uma garotinha que vivia nas ruas aguardando seu felino retornar com uma corda na mão. Michael apareceu na janela vendo-a encharcada.
       ─ Vê se dá próxima vez prenda esse animal imundo! ─ Disse fechando a janela.