Qual é o problema dele?

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Nessa Barrett

Meu pai sempre dizia que a melhor maneira para aprender uma profissão é passar cada segundo observando alguém a exercendo. "Para conseguir chegar ao topo é preciso começar lá em baixo."

Ele me disse: "Seja a pessoa que sem a qual o seu CEO não pode viver. Seja seu braço direito. Aprenda tudo sobre seu mundo e ele irá te contratar assim que você receber o diploma."

Eu me tornei indispensável. E definitivamente me tornei o braço direito. Acontece que, neste caso, o braço direito frequentemente queria estrangular o pescoço daquele maldito. Meu chefe, o Sr. Jaden Hossler. Um idiota.

Meu estômago se embrulha só de pensar nele: alto, bonitão e completamente cruel. Ele era o babaca mais egocêntrico e convencido que eu já tinha conhecido.

Eu ouvia as outra mulheres do escritório fofocando sobre as suas escapadinhas e ficava pensando se um rosto bonito era tudo o que ele precisava. Mas o meu pai também dizia: "Você vai perceber cedo na vida que a beleza é apenas superficial, mas a feiura se estende até aos ossos".

E tive minha quota de homens desagradáveis nos últimos anos, namorei alguns no colegial e na faculdade. Mas esse foi o campeão.

-- Olá, sra. Barrett - o sr. Hossler estava de pé ao lado da porta da minha sala, que servia de recepção para o escritório dele.

Sua voz estava melosa, mas era uma doçura toda errada... como mel que foi congelado e agora estava começando a rachar.

Depois de derramae água no meu celular, deixar cair meu par de brincos na lixeira, receber uma pancada na parte traseira do meu carro na via expressa e ter de esperar a polícia para ouvir aquilo que já sabia - que a culpa foi do outro motorista -, a última coisa que precisava naquela manhã era aguentar o mau humor de sr. Hossler. Pena que ele não tem nenhum outro tipo de humor.

"Sorri com meus pensamentos"

Eu respondi com o "Bom dia, sr. Hossler" de sempre, esperando que ele respondesse com o seu habitual aceno de cabeça. Mas, quando tentei passar, ele mumurou:

-- Bom dia? Será que você não quer dizer "boa tarde" sra. Barrett? Que horas são nesse seu mundinho?

Eu parei e encarei devolta o seu olhar gelado. Ele era uns bons vinte centímetros mais alto que eu e antes de trabalhar para ele, eu nunca me tinha sentido tão pequena. Fazia seis anos que trabalhava para a Visions Hossler, a VH.

Mas desde o retorno de sr. Hossler para a empresa da família, há nove meses, eu começará a usar saltos para encará-lo no mesmo nível. Mesmo assim, ainda precisava levantar o queixo para olhar em seus olhos, e ele claramente sentia satisfação com isso, deixando escapar um certo brilho naqueles olhos verde azulados.

-- Tive uma manhã desastrosa. Não vai acontecer denovo - eu disse, aliviada por minha voz sair sem tremer. Nunca me atrazei, nem uma vez, mas é claro que ele tinha que fazer uma cena na primeira vez que acontecesse.

Passei por ele, guardei minha bolsa e o casaco no armário e liguei o computador. Tentei fingir que ele não estava ali de pé na frente da porta, assistindo a cada movimento meu.

-- Uma "manhã desastrosa" é uma descrição muito apropriada para o que eu tive que passar com a sua ausência. Tive de pedir desculpas a Alex Schaffer por ele não ter recebido os outros contratos assinados como prometido: às nove da manhã, no horário da costa leste. Tive de ligar para Madeline Beaumont pessoalmente para confirmar que iríamos sim prosseguir com trabalho como descrito. Em outras palavras, fiz o seu trabalho e o meu nesta manhã. Tenho certeza que com uma "manhã desatrosa", você conseguiria chegar às oito. Tem gente que começa a trabalhar antes mesmo do café da manhã. - ele disse com pura mesquinhez em sua voz

IRRESISTÍVEL - NADEN Onde histórias criam vida. Descubra agora