Ciúmes, eu diria!

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Jaden Hossler

A queimação em meu peito era quase suficiente para me distrair da bagunça em minha mente. Quase. Aumentei a inclinação da esteira e intensifiquei meus movimentos. Pés batendo com força no chão, músculos pegando fogo, isso sempre funcionou. Era assim que eu vivia minha vida. Não havia nada que não pudesse conquistar se eu me esforçasse ao máximo: escola, carreira, familia, mulheres.

Merda. Mulheres.

Irritado, balancei cabeça e aumentei o volume no iPod, esperando que isso me distraísse por tempo suficiente até conseguir alguma paz. Eu deveria saber que não daria certo. Não importava o quanto eu me dedicasse, ela estaria sempre lá, Fechei os olhos e lembrei de tudo: meu corpo por cima dela, sentido suas pernas me envolvendo, suado, ansioso, querendo parar, mas sem conseguir. Estar dentro dela era a mais perfeita tortura. Saciava a fome que eu sentia no momento, mas, quando acabava, eu, como um viciado, era imediatamente consumido pela necessidade de ter mais.

Era amedrontador, pois, naqueles momentos com ela, eu faria tudo que ela pedisse. E esse sentimento estava começando a aparecer em horas como agora, quando eu nem estava perto dela, mas desejava ser tudo o que ela precisava. Eu sei, é ridiculo. Alguém puxou meu fone de ouvido e eu virei em direção à fonte do aborrecimento.

-- O que foi? - eu disse, encarando minha irmā.

-- Se continuar correndo desse jeito vocè vai acabar jogado no chão, Jaden - ela respondeu. - O que foi que ela fez dessa vez para te irritar tanto?

-- Quem? - perguntei confuso. Ela revirou os olhos.

-- A Nessa. - ela respondeu e bebeu sua água. Senti meu estômago embrulhar com o som daquele nome e voltei minha atenção para a esteira.

-- Por que você acha que isso tem alguma coisa a ver com ela? - digo voltando a me concentrar.

-- Porque eu não sou uma idiota como você. - ela disse e começou a correr na esteira.

-- Nada está me incomodando. E mesmo se alguma coisa estivesse, por que diabos teria qualquer coisa a ver com ela? - ela riu e balançou a cabeça. - Nunca conheci alguém que provocasse esse tipo de reação em você. E sabe por que, não é? - ela desligou sua esteira e voltou toda a atenção para mim.

Eu estaria mentindo se dissesse que aquilo não era um pouco irritante. Minha irmā era muito observadora. Às vezes, observadora demais. E, se tinha alguma coisa que eu não queria que ela observasse, era isso. Mantive os olhos fixos à frente enquanto corria, tentando não encontrar seu olhar.

-- Não, não sei, mas estou sentindo que você vai querer me explicar. - digo com calma.

-- Porque vocês dois são parecidos demais - ela disse, toda presunçosa.

-- O quê?! - exclamei alto. Várias pessoas olharam para nós ao ouvirem meu grito no meio da academia lotada. Bati no botão que parava a esteira e me virei para ela. - Como você pode pensar isso? Nós não somos nada parecidos - eu estava suado, sem fôlego e exausto por correr mais de quinze quilômetros.

Mas, naquela hora, o aumento na minha pressão sanguínea não tinha nada a ver com o exercicio. Sophie tomou um longo gole de sua garrafa de água e continuou sorrindo.

IRRESISTÍVEL - NADEN Onde histórias criam vida. Descubra agora