– MÃE! Eu não acredito! O que você está fazendo aqui?! - Pergunto abraçando-a forte, enquanto eu me debulho em lágrimas. Não fazia ideia do quanto eu sentia falta da minha mãe, o único membro que restou em minha família.
– Ora Katniss, você não atendia o telefone, tinha que saber como você está lidando com tudo... - Mamãe diz referindo-se à Prim. - Peguei o primeiro trem para cá e assim que cheguei...
– Ela deu sorte de cruzar comigo, docinho! - Disse Haymitch segurando uma pequena mala. - Mas antes que você me expulse, fique sabendo que eu só vim ajudá-la com a bagagem. - Olho para ele tortamente.
– Quê?! Eu sei ser gentil... Quando quero! - Ele diz exasperado e caminha para ir embora.
– Obrigada Haymitch! Katniss, não implique tanto com ele, Haymitch é uma boa pessoa e você sabe disso, ele nos ajudou... Buttercup!! Minha nossa, como você veio parar aqui?! - Mamãe se impressiona pegando o gato no colo, que mia saudosamente.
– Depois que eu cheguei, ele simplesmente apareceu. Tivemos uns desentendimentos, mas agora acho que somos amigos, de uma forma ou de outra, nós encontramos um jeito de nos consolarmos. - Digo tristemente olhando para Buttercup que me encara atentamente.
– Bem, fico feliz que ele não tenha morrido. Deve ter sido uma longa caminhada do Distrito 13 pra cá. E você minha filha, tem se alimentado direito e dormido? O dr. Aurelius me avisou que você não está tomando seus medicamentos. - Encaro-na sonsamente, mas que doutorzinho sem profissionalismo esse!
– Eu tenho me alimentado, mãe. Greasy Sae vem duas vezes por dia e durmo o tempo todo, até mais do que gostaria. E não é que eu não tomo meus medicamentos, eu tomo sim...
– Mas só os que você quer! - Mamãe fala acusando. - Oh!, Katniss, você tem que se cuidar... Eu, eu não posso per...
Ela não conseguiu terminar a frase, mas suas lágrimas me dizem o que ela não pode. Se eu morrer, me perder na depressão, isso será o seu fim. Posso perceber o quão doloroso é para ela estar aqui, voltar para casa, lugar aonde estão todas as suas lembranças. Eu a abraço e ficamos assim por um bom tempo, uma confortando a outra.
Dormimos juntas, o que foi muito corajoso da parte dela, visto que essa foi uma noite muito inquietante. No entanto, assim que abro os olhos me acalmo com a sua presença. Levanto-me devagar para não acordá-la e me sento na mesma poltrona perto da janela. Ainda não amanheceu. Olho pelo vidro e vejo a luz da casa do Peeta já acesa, nenhuma aparição dele. Menos mal. Volto minha atenção para minha mãe. Vejo as marcas do tempo no seu rosto, agora suavizado pelo sono. Penso no quão dura fui com ela no período em que ela estava doente, no quão eu fui incompreensível... Eu a abandonei. Diferente de Prim que sempre fazia de tudo para ajudá-la e confortá-la. Hoje, eu que estou doente, sendo consumida pela depressão e ela está aqui, auxiliando-me, preocupada comigo. Eu não mereço isso, eu sou um monstro.
– Katniss...? Você está chorando? Oh, minha filha, não chore, por favor, isso vai passar, tudo passa. Eu prometo. - Mamãe diz afetuosamente, o que só faz intensificar meu choro.
– Desculpa mamãe! Desculpa por ter sido tão estúpida com a senhora, quando você estava doente! Me desculpa... - Digo entre lágrimas e a abraço. Nada melhor que abraço de mãe. Ela afaga meus cabelos dando tapinhas tranquilizadoras nas minhas costas e, assim, após um tempo eu caio no sono.
Quando abro os olhos novamente é hora do almoço. Com a porta entreaberta, escuto vozes vindas do andar debaixo. Tiro Buttercup de cima da minha barriga e dirijo-me para o corredor silenciosamente, a fim de ouvir a conversa.
– ...Sim, fui eu quem plantou. Me aventurei na margem da floresta e as encontrei. Espero que elas não lhe incomode como incomodaram a Katniss. - Peeta! O que ele faz aqui?
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Jogos Vorazes: O Despertar
AdventureEsta fanfic mostra como a Katniss seguiu com a sua vida, como ela conseguiu se reestruturar físicamente e emocionalmente depois da guerra. Muitos acontecimentos, confusões e surpresas acontecerão. É um drama que conta sobre a vida, a dor e principal...