Reencontro

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- Você está cortando muito grande. - Falou uma das cozinheiras. - Terá que começar de novo, não podemos usar isso na receita.

Separei os legumes e peguei outros pra cortar.

Eu só pensava no dia anterior, na conversa que tive com Italo. Em todas as decisões que eu tinha tomado errado... Se arrependimento matasse eu já estaria morta.

- CÍNTIA? - Falou ela chamando minha atenção. - Tem como acelerar aí? Tem um monte de clientes pra servi!

Eu não tava com cabeça pra cortar nada. Eu nem sabia o que tava fazendo ali naquela cozinha... Eu precisava agir e está lutando pros meus filhos, eu tinha que arrumar outro emprego.

- O que tá acontecendo aqui? - Falou Marcos se aproximando.

- Eu não sei, pergunte a ela. - Falou a mulher um pouco arrogante. - Ela não está fazendo nada direito, e estamos atrasando os pedidos por isso.

- Josué? - Chamou Marcos levantando a mão. - Ajuda aqui a Camile com esses pratos.

Um homem se aproximou da gente e foi pro lugar onde eu estava.

- Vem Cíntia. - Falou Marcos com a mão nas minhas costas. Me levando até a saída dos fundos, na area externa dos funcionários.

- Desculpa. - Falei limpando minha roupa que estava um pouco suja de farinha de trigo. - Eu não tô muito bem...

- Olha, vai pra casa e descansa um pouco. Amanhã você vem mais tranquila tá bom?

- Não não... Não posso fazer isso, só faz uma semana que estou aqui. Alencar vai me demitir se eu for embora.

- Eu resolvo isso, mais você não tá muito bem pra trabalhar hoje.

- Desculpa mais não vou embora, só depois do expediente. - Respondi olhando pra ele.

Ele colocou as mãos na sua cintura e respirou fundo.

Marcos mudou de ideia e me colocou pra ficar na limpeza da cozinha. Lavando a louça e limpando o balcão onde faziam as comidas. Eu agradeci por isso, era mais fácil limpar do que preparar algo!

As horas foram passando e os clientes indo embora. Eu estava exausta de tanto serviço, que saudade da minha antiga vida.

Assim que acabou o trabalho fui embora. Já era tarde da noite e antes de passar em casa eu passei em frente a casa de Fernando... As luzes estavam todas desligadas e o silêncio na rua toda. Já era tarde da noite então deviam está dormindo.

No dia seguinte acordei mais cedo, meu plano era ir até a casa de Fernando. E encará-lo... Eu precisava vê Lucas.

Italo já havia me entendido um pouco, e eu sabia que ele ia deixar vê Amanda... Mais Fernando era mais rancoroso e tudo que havia acontecido, eu tinha certeza que ele ia me querer longe do meu filho.

Saí de casa às 7:00 da manhã. Eu não sabia se Fernando ainda trabalhava no mesmo horário, mais eu ia tentar. Eu não queria chegar lá só com Ana em casa, ela era muito bestinha e eu tinha certeza que ia ficar assustada me vendo na sua frente depois de tudo que eu aprontei, e eu não queria vê a cara dela, não agora.

Estacionei o carro algumas casas antes da dele, fiquei olhando de longe. Eu devia descer do carro e ir até lá, mais eu tava com um pouco de receio. Algo me dizia que não era pra mim tá ali, mais eu precisava vê meu filho...
Respirei fundo algumas vezes mais não consegui descer do carro, eu não podia ser tão medrosa assim. Era meu filho que estava naquela casa...

Bati no volante algumas vezes com raiva de mim mesma, em seguida coloquei a cabeça sobre ele. Eu precisava criar coragem.

Escutei alguém batendo na janela do carro do meu lado, levantei a cabeça e lá estava Fernando.
Ele olhou pra mim com um olhar desconfiado, me fazendo temer ainda mais.
Abaixei o vidro e olhei pra ele.

- O que tá fazendo por aqui? Bisbilhotando minha casa? - Perguntou ele com uma cara feia pra mim, mais mesmo assim continuava o homem mais lindo desse mundo.

- Vi conversar com você. - Falei enquanto abria a porta do carro e descia. Ficando frente a frente com ele...
Fernando estava com uma roupa de caminhada e com uma sacola de pão na mão.

- Não tenho nada pra conversar com você Cíntia, e não quero mais te ver por aqui.

- Eu não vim por você... Vim pelo meu filho.

- Ele está muito bem, está ótimo como nunca. Agora já pode ir...

- Fernando... Não vai deixar eu ver ele? - Perguntei tentando ser cautelosa, novamente eu era uma pessoa muito estressada e não sabia conversar direito, mais eu tava aprendendo a mudar meu jeito, eu precisava.

- Italo me falou que você estava de volta, e foi até a casa dele pra vê Amanda. Eu tinha certeza que ia vim aqui... Mais não vou deixar meu filho perto de você.

- Ele é o nosso filho, e eu tenho tanto direito quanto você.

- Acho que você esqueceu que eu estou com a guarda dele... Você não é capaz de cuidar nem de você mesma Cíntia, quanto mais de uma criança.

- Eu mudei... Não sou mais a mesma, e tudo pelos meus filhos. Eu vou conseguir eles de volta.

- Por mim você não encosta um dedo neles.

Fernando estava irado pro meu lado, e com toda razão... Aonde eu estava com a cabeça quando sequestrei a filha dele naquele hospital?
Eu não entendo porque as vezes as pessoas fazem coisas sem pensar nas consequências. Eu queria de todo jeito ter Fernando de volta, é sério que eu ia achar que ele ia me querer fazendo aquilo?
Ana roubou seu coração de um jeito que eu nunca vi, ele jamais ia sentir alguma coisa por mim de verdade. Se é que sentiu algum dia.

- Eu não quero brigar... - Falei cruzando os braços. - Quero que me entenda. Você não pode deixar uma mãe longe dos seus filhos.

- Você é uma maluca Cíntia. E não devia ter sido presa, mais sim ter sido internada em um hospício.

Ele se virou e foi em direção a sua casa.

- Não quero te ver mais por aqui, se não irei entrar com um processo pra você se manter longe da minha casa.

Entrei no meu carro e voltei pra casa.
Fernando não tinha esse direito, Lucas também era meu filho. E eu não fiz nada com ele, não coloquei ele em perigo. Merda... O que eu ia fazer agora? Ele jamais ia confiar em mim.

Cíntia ( Livro 3, final ) Onde histórias criam vida. Descubra agora