CONTÉM; mastubação fem e masc, vouyeurismo não consentido.
PALAVRAS; 2,930
Brahms já rejeitou muitas babás antes; aquelas que descumpriam as regras, que tentavam fugir, que tentavam se livrar do boneco, nenhuma delas sobreviveu.
Mas dessa vez, ele estava curioso. Não estava sendo como das últimas vezes, pensou ao assisti-la por entre as ranhuras das paredes daquela enorme mansão. Mesmo que você tivesse questionado abertamente porque teria de olhar uma boneca, o senhor e senhora Heelshire foram rápidos em frisar que ele era um garoto real, filho deles, e parece que você resolveu agir de acordo com a maluquice dos dois, pois mesmo que com um olhar meio cético, começou a falar com a cerâmica como se ela estivesse viva.
Isso fazia Brahms se sentir mais próximo de estar fora das paredes, e logo ele se viu compartilhando do otimismo dos pais para com você, pois assim que eles se foram – na promessa vazia de voltar em alguns meses –, você começou a cumprir as regras de imediato, tratando o boneco exatamente como o verdadeiro Brahms gostaria de ser tratado.
"Eu acho que vou ficar aqui um bom tempo, Brahms" começou, segurando o garotinho de cerâmica no colo com um único braço enquanto com o outro guardava os mantimentos que o entregador, Malcolm, trouxera. "Numa casa afastada da cidade, com quase nenhum contato com pessoas, sozinha. Acho bom você me fazer companhia para eu não enlouquecer aqui." Riu, guardando os pensamentos de já estar acelerando a loucura tratando o boneco como alguém vivo agora antes de esperar a solidão se infiltrar em seu cérebro.
Eles disseram "meses", afinal. E se trinta dias parece muito quando se está afastada de tudo e todos, quem dirá mais de sessenta.
Assim se passou o resto do dia, colocando em prática as coisas que a senhora Heelshire lhe disse para fazer e ocasionalmente, quando o silêncio da casa se tornava ensurdecedor e os rangidos da madeira envelhecida deixavam um frio em seu estômago, ousava falar com o boneco para distrair a mente, alheia aos olhos analíticos fitando cada movimento seu e ouvindo atentamente toda frase audível.
"Já está na hora de dormir, Brahms." Sussurrou baixinho, apesar de achar loucura o fato dos Heelshire o verem como uma criança real. Mas buscou não julgar o luto deles que aparentemente os trouxe sequelas, e focou em fazer o trabalho fácil que estava sendo generosamente paga para fazer enquanto tenta não se sentir tô sozinha. Um boneco não é a melhor companhia, mas é melhor que a ansiedade que o silêncio da casa trás. "Sabe, eu sempre gostei de ficar sozinha, em paz. Mas agora que não há absolutamente ninguém por perto, o sentimento me incomoda. Quero dizer… Que bom que você está aqui para eu cuidar de você, né?" Suspirou olhando para o boneco por alguns segundos, pensando se seria coerente continuar fingindo e beijar a cerâmica das bochechas que você nem sabe por onde diabos passou. Mas um dia sozinha nessa enorme residência já te deixou angustiada, então pensou que faria bem se forçar a acreditar que ao menos um boneco lhe faz companhia. "Boa noite, meu bem." Murmurou baixinho, somente para a cerâmica ouvir, e depositou um selinho casto nas bochechas brancas e frias antes de se levantar da cadeira com cuidado e sair do quarto.
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𝗦𝗘𝗝𝗔 𝗕𝗢𝗠 ≈ Brahms Heelshire
Fanfiction❝ Apesar do emprego pouco convencional, o salário era bom o suficiente para fazê-la suportar a moradia um tanto angustiante. Mas quando vê algo que nã...