PALAVRAS; 2,090
Havia algo errado, ele notou.
Quando voltou para a lavanderia, você não estava lá, tão pouco as roupas estavam sendo limpas. E com o boneco sozinho, ainda sentado na cadeira, Brahms se desesperou; ele te perdeu? Apesar do medo disso, começou a viajar pela parte oculta dos cômodos da casa a sua procura sem muito cuidado, confiante de que a música tocando em loop abafaria os passos apressados e ansioso demais para se importar.
Você nunca quebrou nenhuma regra antes, e agora deixou o boneco sozinho. A cada lugar que ia e não te via, o sangue do rapaz começava a ferver e a vontade de ter um acesso de raiva crescia, um sentimento angustiante que consumia o peito e nublava a visão. Brahms só te acho no seu quarto ao ver que não estava em lugar algum do andar de baixo, e vê-la enrolada nos cobertores o acalmou. Você não o tinha deixado, afinal.
Mas estava claramente acordada, apertando e deixando de apertar o edredom enquanto encarava o nada. Brahms se perguntou se você se cansou de cuidar do boneco, se começaria a deixar as regras de lado e por consequência, se ele iria se sentir sozinho e ignorado uma outra vez. Ele precisa que você siga as regras, e por mais que o coração doa por você, Brahms não aceitaria o contrário. Se fosse esse o caso, ele teria que encontrar uma maneira de fazê-la ver que o que estava fazendo no último mês deveria continuar sendo feito.
Mas agora a música repetitiva tirou o melhor dele, e já que você não parecia disposta a ir desligar, Brahms resolveu que esta seria a primeira interferência dele na casa que tornaria o boneco algo além de somente um boneco - o homem posicionou a porcelana ao lado do vinil e desligou, não demorando a voltar para as paredes. Você não saiu das cobertas, porém.
Que frustrante. Mas Brahms sabe como o corpo de mulheres funcionam, portanto decidiu ser um bom garoto e respeitar seu humor enquanto necessário. Se você estiver sentindo dor, então ele pode ser paciente.
E com a cabeça girando por tantos pensamentos, sua realidade não estava tão distante do que Brahms estava imaginando. O peso que a cobriu fez todo o corpo doer, e a enxaqueca vinda das incertezas a fez querer chorar; porque ele está vivendo nas paredes? Quem é ele? O que ele quer? Porque ainda não te atacou? Eram essas questões sem respostas que faziam sua respiração engatar, pois temia que ele pudesse fazer algo no futuro. Ainda que no momento reflita do porque o homem nunca fez nada além de roubar sua calcinha e pensando bem, de pedir para tocar música. Resolveu desconsiderar os momentos mais íntimos em que acabou se metendo.
Quando o Vinil parou de tocar no meio da música, seu corpo ficou tenso e você se curvou ainda mais na cama, cobrindo-se até a orelha. Ele sabe que você entrou e agora não se preocupa em se mostrar? Talvez ache que você vai descartar isso como o Vinil quebrando, ou pense que está dormindo. Não sabe o que poderia ser se fato, mas tentou se apegar a ideia de que o rapaz é apenas um homem pervertido sem ter onde morar que vive à custa de velhos ricos e loucos porque não conseguem lidar com o fato do filho ter morrido num acidente.
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𝗦𝗘𝗝𝗔 𝗕𝗢𝗠 ≈ Brahms Heelshire
Fanfiction❝ Apesar do emprego pouco convencional, o salário era bom o suficiente para fazê-la suportar a moradia um tanto angustiante. Mas quando vê algo que nã...