Banner lindo feito por @Taeluminado pelo blog/projeto @moonchildesignParis, França. 1885
Jungkook estava dentro de uma caixa de vidro cheia de água morna, que era segurada no teto por grossas correntes de ferro. Embaixo dela, sobre o piso de madeira do palco havia um colchão, com o objetivo de acomodar o mágico de forma confortável caso ele conseguisse sair da prisão.
Sua assistente, Irene, estava por perto para ajudá-lo. Seu filho de criação, Min Yoongi, de apenas 18 anos, tocava uma música no piano que transmitia — através da melodia — algo horripilante, provocando um certo medo e angústia naqueles que assistiam.
Yoongi parecia impassível, mas por dentro se encontrava inquieto. Não entendia o porque o alfa insistia tanto em fazer números perigosos. Era possível acontecer algo de ruim com seu pai e ainda acabar saindo machucado no final. Mas sabia que não podia interferir. Jungkook conhecia as técnicas, treinava muito para cada apresentação arriscada que faria e escolhia qual seria melhor apresentar, enquanto o Min e Irene tinham suas determinadas funções que precisavam exercer.
Os clientes da Magic Shop ficavam conversando entre eles, curiosos sobre o que poderia ocorrer com o mágico nos próximos segundos.
Será que ele vai sair da caixa? Não é perigoso? Será que ele irá sobreviver? Veremos uma morte ao vivo? Como ele consegue ficar tanto tempo dentro d'água? Era o que os telespectadores nobres de Paris indagavam. Cada grupo de pessoas estavam em mesas que reservaram antecipadamente.
Magic Shop sempre recebia diversos clientes desde que ficou muito conhecida em Paris, atraindo pessoas que só estavam acostumadas com os espetáculos dos teatros. Como todos apreciavam algo inovador, no instante que souberam dos shows de mágica de Jungkook, começaram a lotar a casa.
Já fazia mais de 15 minutos que o mágico estava dentro da caixa, contrariando as regras do funcionamento do organismo humano. Suas mãos e pés estavam presas com algemas, ele estava semi-nu, vestia apenas uma peça íntima preta, seus cabelos negros esvoaçados dentro do líquido transparente cobriam um pouco seu rosto.
Jungkook tentava abrir o objeto que o prendia, aparentemente sem nenhum recurso. Não parecia estar nenhum pouco desesperado, pelo contrário, estava calmo, mantendo a mente relaxada, afinal era necessário, pois além dos exercícios que fez anteriormente, isso ajudava a manter o oxigênio no cérebro e a continuar com fôlego nos pulmões.
O tempo estava passando.
Faltava um minuto para 17 minutos.
De repente, o alfa parou de se mexer, seus olhos fechados fizeram os telespectadores pensar que desmaiou. Eles começaram a arregalar os olhos, trocar olhares entre eles e fazer exclamações de preocupação, porém, nos 30 segundos finais, Jungkook voltou a reagir e, sem demora, abriu as algemas das mãos, logo em seguida, a dos pés.
A última coisa que faltava era abrir o cadeado que mantinha a caixa de vidro fechada e, quando deu exatos 17 minutos, Jungkook abriu o objeto quadrado e caiu no colchão, assim como a água que derramou no palco, respingando algumas gotas na mulher, em Yoongi e naqueles que estavam sentados rente ao palco.
Todos exclamaram dessa vez de surpresa e perplexidade.
Como ele se soltou? Ele possuía poder mental? Qual são seus verdadeiros poderes mágicos? Ninguém sabia a resposta e nem descobririam, no entanto era nítido para eles que o alfa era um ilusionista espetacular.
Yoongi diminui o som da música. Jungkook se levantou com a ajuda da assistente enquanto ouvia os aplausos e os diferentes elogios dos clientes, que lhe proporcionava prazer e satisfação. Era gratificante notar que fez um bom número.
— Bravo!
— Incrível!
— Palmas para o alfa Jeon!
— Estou impressionada!
— E eu estou apaixonada!
Essas eram as falas dos que assistiram e amaram o espetáculo. Seus corações quase saíram pela boca quando perceberam a demora do Jeon, achando que ele não iria conseguir. Mas no momento em que o alfa caiu em cima do colchão, não exitaram em aclamá-lo, porque ele merecia e valia a pena gastar um bom dinheiro para admirá-lo.
— Muito obrigada a todos vocês! Sem vocês eu não poderia me arriscar ainda mais para poder fazer as melhores apresentações. — Jungkook curvou seu tronco, saudando todos aqueles que estavam ali. Um sorriso bonito e alegre enfeitava seus lábios.
Irene se aproximou do patrão para entregar um robe de cor vinho que cobrisse o corpo másculo, e o ajudou a se vestir.
Jungkook prosseguiu sua fala:
— Só me arrisco com números perigosos porque tenho a presença de cada um na Magic Shop… E sei que vale a pena usar todo o meu esforço e minha mágica para proporcionar alegria e deleite a cada um…. — As pessoas aplaudiram ainda mais alto. — Adoraria continuar por mais tempo, mas preciso descansar. E espero que todos compareçam aqui outra vez.
— Será uma honra!
— Oh! Com certeza virei!
— Não perderia nenhuma apresentação sua por nada.
Alguns proferiram animados e ansiosos.
Jungkook balançou a cabeça, mantendo o riso nos lábios.
— Obrigado! E até breve, meus caros! — ele exclamou, saudando-os novamente antes de sair, e logo as cortinas pretas se fecharam. Era quase impossível que eles faltassem, para a felicidade de Jungkook.
Ele era apaixonado pela mágica, pelo show, por seu trabalho, sentia-se cada vez mais admirado e amado por seus fãs e por aqueles que o acompanhavam.
Quanto mais pessoas se encantavam por seu trabalho, dom e talento, mais essas pessoas informavam sobre o mágico, fazendo com que o alfa conseguisse ter a casa cheia, recebendo mais visitantes e conquistando mais admiradores, independente se eram nobres ou cidadãos de classe baixa de Paris.
Contudo, havia um problema.
A maioria dos que frequentavam a Magic Shop eram antigos clientes do Teatro Principal Kim, pertencente ao alfa Kim Taehyung, local onde ocorriam os grandiosos espetáculos dos melhores artistas do país.
O teatro era um dos principais estabelecimentos de lazer de Paris, além dos cabarés e espetáculos esportivos. A França se modernizava cada vez mais, assim como as atrações. Por isso, o teatro foi perdendo clientes com o passar do tempo. As músicas clássicas e diversas apresentações artísticas não estavam sendo mais suficientes, não em um momento em que a mágica era algo atrativo e inovador.
Se Magic Shop ficava lotada, os outros espaços de entretenimento de Paris iam perdendo seus clientes e o teatro do Kim não seria exceção. E por causa disso, Kim Taehyung derrubou tudo o que estava sobre a sua mesa enquanto soltava um berro furioso.
Encontrava-se em seu escritório, colérico e com uma enorme dor de cabeça. Seu lobo interior sentia sua raiva e rosnava dentro do peito.
O teatro recebeu poucos clientes mais uma vez na noite anterior. Estava perdendo dinheiro e isso ele não podia aceitar. Sempre ganhou muito. Seu teatro era o principal local atrativo da capital francesa, porém deixava de ser cada vez mais, pois estava perdendo o posto para a Magic Shop.
O alfa pegou o jornal que havia caído no chão por causa de seu ato raivoso. Leu outra vez sobre a casa onde aconteciam as melhores mágicas feita pelo alfa Jeon Jungkook, sobre os números, a aclamação e o talento que o ilusionista possuía. Possivelmente, o redator que digitou cada palavra na máquina datilográfica era um admirador do outro alfa.
Taehyung preferia não ler cada palavra escrita e esquecer por completo. Era lá que seus clientes passaram a frequentar, era para a Magic Shop que perdia seus fregueses. Os nobres não estavam mais dando dinheiro para si, estavam entregando para um qualquer.
— Isso não pode ficar assim. Preciso dar um jeito, urgente! — Taehyung vociferou, amassando o jornal entre suas mãos, e encostou suas costas na poltrona de couro.
Alguém bateu na porta e Taehyung deu a ordem para que entrasse. O cheiro de limão de seu irmão adentrou em suas narinas no instante em que ele entrou no cômodo.
— Parece que você não está conseguindo controlar sua raiva, não é? Escutei o barulho de coisas caindo no chão. — O ômega Seokjin chegou perto da mesa de escritório do irmão e sentou numa cadeira em frente a ele. — Não precisa estar fazendo isso, lhe fará mal, Tae.
O alfa riu soprado.
— Veio aqui só para me dar uma bronca, querido irmão?
Seokjin não se importou com o tom debochado dele.
— Sim. E te digo que você está exagerando… Não precisa desse estresse todo só porque seu teatro está perdendo clientes.
— E acha que eu tenho o que? — Inclinou-se na mesa, cruzando os braços sobre ela. — Ficar quieto, enquanto vejo meu teatro perdendo o que nunca deveria perder?
— Isso é só por um tempo, Taehyung.... — O ômega rebateu e suspirou. — , depois quando se cansarem eles voltam a assistir as apresentações nobres e elegantes que seu teatro tem a oferecer.
Taehyung ofegou, ergueu-se da cadeira e começou a andar pelo gabinete. Suas mãos estavam sobre a cintura por dentro do casaco vermelho escuro, mostrando um pouco mais seu colete de cor preta com bordados de tom carmim. Depois, parou e encarou o irmão.
— Esperar, Seokjin?... — Gargalhou. — Se eu esperar, posso chegar a falir.
— Quanto exagero! — Seokjin rolou as írises. Seu irmão não perderia muita coisa, ele tinha muito dinheiro no banco central. Isso tudo era porque alfas, principalmente ele, era competitivo e não aceitava perder.
— Eu preciso recuperar meus clientes de volta, e eu vou… Tenho certeza disso. Não irei deixar que alguns truques baratos roubem o que é MEU — Taehyung alegou, enraivecido.
Seokjin quase se assustou, mas endireitou o tronco e empinou o nariz, demonstrando firmeza.
— Não são truques baratos, irmão. Ele é um ótimo mágico. Eu sei disso porque tive o bel-prazer de ir assistir uma de suas maravilhosas apresentações de mágica — admitiu sem medo algum.
Porém, sua fala aumentou a cólera do alfa que ficou com as bochechas e orelhas avermelhadas.
— SAIA DAQUI! — rosnou, usando sua voz de alfa, e apontando para a porta.
Seokjin não sentiu nenhuma dor ou desconforto, a voz de alfa não funcionava tanto com ele, visto que já estava acostumado com os ataques de ira de Taehyung, até porque, conviveram juntos por mais de 23 anos antes de se casar com seu alfa Namjoon. E agradecia aos céus por isso não acontecer consigo.
Sem demora, o ômega deu de ombros e saiu do cômodo. Não iria ficar para ver os ataques desnecessários do Kim mais novo.
Taehyung foi até a escrivaninha, pegou a jarra de água e despejou o líquido em um copo. Suas mãos tremiam. Sentiu-se frustrado por seu irmão ter sido ousado em elogiar o outro alfa — ladrão de clientes —, em sua frente.
Mas ele iria ver o show do Jeon com seus próprios olhos. Sim, ele iria.
E quando chegou a noite após dois dias seguintes, ordenou que o cocheiro o levasse para a Magic Shop. Havia lido no jornal que teria show dele nesse dia e resolveu comprar um ingresso.
No momento em que a carruagem chegou na frente do estabelecimento, Taehyung a observou.
Magic Shop ficava em um prédio de dois andares. O primeiro andar era a casa mágica. O nome era com letras de ferro. a placa próximo da entrada anunciava os horários dos shows desse e dos próximos dias. O segundo andar era onde Jungkook e o filho moravam. Um beta ficava na porta recebendo os bilhetes de entrada, onde possuía uma pequena fila. O alfa pensou bem em chegar cedo.
Quando Taehyung entrou, notou que a casa tinha o estilo de uma taberna moderna. Havia um palco diante de seus olhos, um pequeno bar à sua esquerda, mesas redondas com conjunto de três cadeiras organizadas no ambiente. Alguns quadros de arte estavam apoiados na parede, a iluminação se dava por um lustre de cristal no teto perto do palco e alguns candelabros com velas acesas em alguns cantos.
Não era um lugar muito chique, era modesto e possuía uma atmosfera misteriosa.
Taehyung estava praticamente todo coberto. Usava além de seu terno de tonalidade sóbria, escondida por uma capa preta, luvas que cobriam as mãos longas e uma cartola na cabeça. Procurou com a vista um lugar para sentar e escolheu um no fundo, onde a iluminação era fraca, assim, não teria o risco de ser reconhecido.
Se alguém que trabalhasse no jornal o visse ali, era muito provável que acabasse noticiando que estava vigiando Jeon Jungkook. O que seria ruim para sua reputação como um alfa confiante em si mesmo e de bem.
A casa começou a ficar mais cheia com os minutos se passando e depois dos clientes se acomodarem onde desejavam, as cortinas se abriram pelas mãos da bela assistente, e então, surgiu Jeon Jungkook, com sua vestimenta elegante: calça e casaco preto, o colete vermelho sangue que se destacava entre as cores sóbrias e cobria quase sua camisa de linho inteira. Suas mãos portavam cartas de baralho que se movimentavam entre sua destra e mão esquerda, como se cada palma tivesse um imã, atraindo as cartas de um lado a outro sem que elas caíssem no chão.
A fragrância de Jungkook era cítrico, de laranja, forte e marcava presença, além de ser muito agradável, agradável até demais para as narinas de Taehyung. Seu lobo se agitou no peito, excitado, provocando uma confusão no alfa sobre seu instinto lupino. Preferiu ignorar a reação do seu lobo e controlar a exalação de seu cheiro de café.
Jungkook caminhou até o centro do palco, sério, seus lábios se esticaram para um lado num sorriso. Esbanjava um ar de poder e enigma.
— Boa noite a todos que estão presentes essa noite na Magic Shop. É um prazer ver de novo pessoas que já frequentam aqui — disse, andando pelo palco devagar, encarando todos os que estavam diante de seus orbes. E como das outras vezes, a plateia o observava com admiração, ansiosos para ver a apresentação dele. — E também para aqueles que estão aqui pela primeira vez. — Sua voz era suave e um pouco rouca. Prendia a atenção de todos que escutavam. — Muito obrigado! — Jungkook sorriu. Todo tempo movimentando as cartas entre as mãos. Ele fez uma pausa até prosseguir. — Hoje, não farei nada que possa arruinar a minha vida… Usarei apenas cartas de baralho e alguns de vocês serão meus assistentes.
— Ah! Que maravilha! — uma ômega morena exclamou, sorridente. Estava sentada em uma das cadeiras rente ao palco.
— Vejo que tem alguém aqui que está bastante animada para participar. Isso é bom — alegou, fitando-a. E logo desviou seu olhar para os outros. — Mais alguém deseja? — perguntou, parando no meio do palco.
A maioria, que eram corajosos, ergueram suas mãos.
Jungkook sorriu minimamente.
— É bom ver que tem muitos aqui que querem fazer parte dos números. E para não deixar ninguém de fora, vou chamar todos.
— Céus! Eu vou participar! — um alfa gritou alegre.
— Com certeza vai — Jeon enfatizou. Com o público participando, tudo se tornava mais interessante.
Para dar início, o mágico chamou a ômega, a primeira a demonstrar tamanha animação. Logo, ela saiu do assento. Trajava um vestido rosa apertado da cintura para cima, tinha alguns bordados no decote arredondado que mostrava seu colo e seus bonitos ombros; da cintura para baixo era rodado e longo e quase a barra do vestido se arrastava pelo chão.
Taehyung observou a performance que Jungkook fez com ela. A ômega pegou uma das cartas do baralho que o mágico segurava. Ela viu qual tirou e depois mostrou para o público. Era um Ás de espadas. Jungkook não olhou pois se afastou. Depois, ele voltou a ficar com a face diante de todos.
A ômega colocou a carta outra vez no conjunto de cartas e o alfa as embaralhou.
— Segure as cartas, querida! — A ômega corou e fez o que Jeon pediu. — Dessa vez, quem irá tirá-la sou eu — disse em voz alta.
Taehyung não tirava os olhos do número de mágica. Para ele, era simples demais, mesmo que não soubesse como ele faria para tirar a mesma carta. Jungkook escolheu uma entre todas as que a mulher segurava, e todos se surpreenderam no instante em que ele mostrou o Ás de espadas.
A plateia aplaudiu, menos Taehyung que olhou para o garçom e fez um sinal com os dedos para que ele trouxesse outro copo de cerveja.
Jungkook chamou outros fregueses para participarem de outros números com cartas. E durante isso, o alfa Kim compreendeu o porquê dele encantar as pessoas, distraí-las e persuadi-las. Jungkook era bonito, encantador e um bom orador. Porém, seus truques não iriam atingi-lo.
No final do espetáculo, Jungkook reverenciou e agradeceu a seus clientes, recebendo várias saudações e, no tempo em que eles se despediram e saíram, Jeon permaneceu no palco, brincando com o baralho. No fim, Jungkook guardou as cartas no bolso, desceu a pequena escada do palco, e foi até o homem que tinha os olhos cobertos pela cartola e passava o dedo pela borda do copo. Se ainda permanecia no local, então com certeza queria falar consigo.
O mágico parou perto dele.
— Vejo que foi o único que decidiu ficar aqui — pronunciou num tom baixo. — Gostaria de algo a mais? Conversar comigo, por exemplo? — Arrastou a cadeira e sentou diante do outro homem.
Taehyung removeu a cartola da cabeça e arrumou suas madeixas castanhas com os dedos, encarando Jeon.
Jungkook não demonstrou surpresa, apenas sorriu ladino.
— Pela sua cara deve saber quem eu sou — Kim afirmou, olhando fixamente o outro. Seus olhos castanhos cintilavam enquanto via os olhos negros do Jeon.
— Kim Taehyung! Dono do maior e melhor teatro de Paris... Talvez da França. — Taehyung arqueou a sobrancelha. — A que devo a honra de sua presença na Magic Shop? — indagou, curioso.
— Vim ver com meus próprios olhos a razão de meus fregueses estarem trocando o meu teatro para um... — Olhou ao redor, como se estivesse julgando, e soltou um riso sarcástico. — Um humilde estabelecimento.
Jungkook fechou o sorriso e lambeu seus lábios. Por um momento, o Kim lançou seus olhos para a ação.
Jungkook não gostou de ouvir a fala alheia. Ele havia falado como se a Magic Shop fosse inferior, talvez porque ela tinha a aparência mais simples comparado ao grande estabelecimento teatral dele, ou então, era só a inveja que o dominava.
— A questão, Kim, é que eles vem aqui por causa do que ofereço a eles. O local em questão não interessa, contanto que seja agradável o suficiente para recebê-los e deixá-los confortáveis o suficiente para ficarem atentos aos meus shows — afirmou.
— Não por muito tempo — alegou, lentamente.
— O que você disse, Kim? — questionou, desejando que ele repetisse, embora tenha entendido muito bem.
— Quer mesmo que eu repita, Jeon? — Um sorriso de canto se formou em sua boca e um silêncio pesado se fez presente.
— Acho que deveria ir embora, Kim. Você está no meu espaço de trabalho, um lugar que me pertence, e eu não admito que venha até aqui para me intimidar.
Taehyung umedeceu os lábios.
— Com todo o prazer, Jeon. — levantou-se da cadeira, pegou a cartola e colocou sobre a cabeça novamente. Abaixou-a de forma breve, como um sinal de despedida, e saiu da Magic Shop, deixando um alfa angustiado, assim como seu lobo interior.
Jungkook notou que tinha inimigos. O teatro era o domínio de entretenimento dos nobres, lugares como esse possuíam donos que adoravam o dinheiro e o poder. O alfa Kim poderia tentar fazer algo e iria ficar mais esperto em relação a ele, não podia perder nada e nem ninguém que amava.
Minutos depois, seguiu para o segundo andar, onde seu filho estava. Iria alertá-lo sobre isso, pois se Kim quisesse atingi-lo, iria não só agir contra Magic Shop. Yoongi poderia ser um dos alvos.
Taehyung não ficaria parado vendo seu teatro enfraquecer, não aguentaria saber que estava perdendo mais público. Tentaria desmascarar o mágico, faria com que os truques dele fossem descobertos diante da própria clientela e, se tudo desse certo, recuperaria tudo o que estava perdendo.
Em outra noite, Taehyung andava pelas vielas em um bairro turbulento de Paris. De seus lábios trêmulos saía fumaça cinzenta. A temperatura estava baixa. Suas mãos estavam escondidas dentro do bolso do sobretudo preto e seu chapéu protegia sua cabeça do frio noturno.
Decidiu ir nesse horário, visto que não queria ser presenciado em um bairro pobre como esse, onde cortesãos e cortesãs ficavam nas ruas flertando com outros homens e as poucas mulheres alfas que passavam na região, onde mendigos estavam deitados no chão com frio e fome enquanto alguns observavam as situações de pecado para se distrair, e onde cachorros e gatos brigavam por um resto de comida.
Andando mais um pouco, chegou em uma pousada, lugar em que iria falar com um indivíduo que se dizia mágico. Entrou no local e viu que tinha alfas e betas bebendo, alguns acompanhados de seus ômegas que estavam sentados em seus colos, no tempo em que enchiam a boca de álcool e comida barata. O odor deles se misturava aos outros cheiros de comida e bebida.
Em outro canto, observou pessoas reunidas perto de um homem que estava fazendo truques com copos de madeira. Taehyung foi até ele e perto o bastante, ouviu o grupo discutirem sobre uma aposta.
Patético! Taehyung pensou.
Quando três homens depositaram uma quantidade de dinheiro sobre a mesa — pouca na verdade —, o mágico começou a girar os quatro copos. Após misturá-los, cada um que entrou no jogo escolheu um copo. E nenhum desses utensílios tinha o que deveria ter: uma pedra pequena que o homem mostrou e escondeu antes. O homem ficou com o dinheiro e deu fim a sua apresentação de truque.
Taehyung enxergou na ocasião que a pedrinha saiu de um dos copos enquanto ele girou um copos um pouco mais além do que os outros, ocasionando uma pedrinha no chão.
Com as pessoas se afastando, Taehyung se aproximou do beta que olhou para ele e abriu mais os olhos.
— Senhor Kim, você veio mesmo! — exclamou surpreso. Seu tio havia falado sobre a precisão do alfa de alguém que pudesse desmascarar Jungkook, então ele o recomendou para o nobre.
— Sim, e espero que não tenha sido em vão. Não é fácil eu vim até esse lugar.
O beta balançou a cabeça e convidou Taehyung para sentar consigo à mesa, no entanto ele negou. Não iria demorar. Sem mais delongas e ansioso para ir para sua confortável casa, Taehyung ordenou:
— Quero que desmascare Jeon Jungkook na frente de todos que estiverem no show de mágica dele.
— Farei o que quiser, Senhor Kim. Mas, espero que me pague bem. — Riu e lambeu o beiço superior.
— Dinheiro é o que não me falta, beta.
O homem sorriu e prontamente aceitou.
Como combinaram, o beta foi até a Magic Shop com segundas intenções. A clientela fiel do alfa Jeon se encontrava no ambiente, o que era perfeito para o plano.
Jungkook fez pequenos números, rápidos e atrativos, e perto de terminar, foi anunciada a última apresentação da noite. Havia uma caixa no palco que seria girada pela assistente. Cabia uma pessoa dentro e ela ficaria em pé. O beta aproveitou para se aproximar com passos curtos até o palco e se candidatar para participar.
— Vou escolher uma pessoa, uma que não tenha medos e nenhum problema com saúde, pois sei que tem pessoas que podem ter fobia a escuridão e a lugares fechados.
— Mas, Senhor Jeon... O que vai acontecer com a pessoa que entrar nessa caixa? — o beta se aproximou do palco e perguntou alto o suficiente para todos ouvirem.
Jungkook avaliou o homem à sua frente e um riso pequeno apareceu em seus lábios.
— Só irá descobrir se entrar lá dentro, meu caro.
— Então, eu quero participar... quero ver se seus truques me impactará mesmo — pronunciou, irônico.
Rugas surgiram na testa de Jungkook ao franzi-la. O homem estava o desafiando na frente de todos, desconfiando de seu poder. Se recusasse, os clientes ficariam desconfiados também, porque não era ele que escolheria, era um dos que assistiam que estava se auto convidando.
— Tem certeza? — O beta assentiu. — Certeza absoluta? — inquiriu outra vez.
— Sim, senhor Jeon!
Jungkook sorriu largo e pediu para que ele subisse no palco.
O beta foi. As pessoas começaram o burburinho, dizendo que o homem era um louco por falar sobre truques diante de um grande mágico.
Yoongi estava com o piano no palco. Iniciou uma música um pouco rápida, numa tonalidade baixa, apenas para complementar o show. Tocar piano era sua paixão e seu pai sabia disso, era por isso que participava às vezes de alguns números com alguma música que combinaria com determinados shows.
Irene levou o beta até a caixa vermelha com bordas douradas e o colocou dentro dela. Amarrou-o logo em seguida, e depois de fechá-la, Jungkook ficou perto dele e pôs um relógio diante dos orbes verdes.
— Não desvie seu olhar do relógio. Se concentre, observe os ponteiros indo de um lado a outro. Seus olhos são rápidos e ágeis como uma águia... Continue assim... assim... — O beta obedeceu a Jungkook, não tirou sua visão em nenhum instante do objeto em movimento, ficou hipnotizado e logo desmaiou.
Irene fechou a caixa. Jungkook foi até um bistrô que tinha no palco próximo de uma parede, e pegou o copo de água para beber.
Após 10 giros, a assistente parou a caixa com a porta da saída na frente das pessoas.
Jungkook andou em passos lentos, sereno, até a caixa e cruzou os braços. Seu olhar era intenso para a plateia.
— Está na hora de abri-la e ver se o homem que ousou dizer que faço truques, ainda está dentro.
Os corações das pessoas erravam batidas e queimavam em ansiedade.
Quando o alfa abriu a caixa com lentidão, todos viram que estava vazia. E rapidamente, reverenciaram Jungkook aos gritos e muitos elogios, sem tempo de se perguntarem onde o homem estava.
No instante em que o beta abriu os olhos, com a cabeça um pouco dolorida, tonto e desnorteado, viu que se situava em um beco escuro. Não ficou por muito tempo no local, e fez milhares de indagações sobre como o ilusionista fazia isso, durante sua ida para casa.
No outro dia, ao se recuperar do choque inicial sobre a mágica de Jungkook, foi até a mansão de Taehyung para falar o que aconteceu.
O criado que era tio do beta o recebeu. E como foi ordenado pelo patrão após ter dito sobre a chegada do sobrinho, levou-o até o gabinete de Taehyung.
— Senhor Kim, sinto muito... mas não consegui desmoralizar o Jeon. Seus truques n-não são truques... e-eu sinto muito — ele murmurou, medroso, amassando o seu chapéu cinza entre as mãos. Tremia da cabeça aos pés.
Taehyung o fitava desacreditado.
— O que ele fez com você, ME FALE! — rosnou alto.
O beta engoliu em seco.
— Jeon me colocou dentro de uma caixa, e-ele me hipnotizou... N-não me lembro do que aconteceu depois... Quando me dei conta estava em um beco-
— Você é um INÚTIL! — Taehyung cuspiu as palavras raivosamente. Afastou a poltrona para trás com uma certa força e içou, apontando para a porta dupla.
— Eu quero você fora daqui, fora da minha casa, e que não apareça mais na minha frente, entendeu? — esbravejou. Seu peito subia e descia rápido. Tinha vontade de gritar.
— Desculpe. — Em passos apressados o beta se distanciou, não desejando ver o alfa também.
Taehyung ficou um tempo dentro do escritório. Bebeu alguns copos de uísque caro, tentando se acalmar em vão. Saiu e foi até seu quarto, mas no caminho encontrou Seokjin que vivia na mansão mesmo sendo casado.
— Está com raiva outra vez? — inquiriu ao notar os olhos vermelhos do irmão e a mesma tonalidade na bochecha dele.
— Ainda pergunta? — debochou.
— Deixa eu adivinhar... — Seokjin pôs a mão no queixo. — É por causa do mágico?
— Sim. É por causa dele. Preciso acabar com esse homem de alguma forma. — Bufou.
Seokjin balançou o rosto em negação.
— Olha, Tae… Eu já estou cansado de seus ataques. É capaz de tu ficar doente desse jeito. E como estou preocupado contigo e me importo mais com você do que com qualquer outra pessoa, sei sobre alguém que pode te ajudar.
Taehyung analisou o irmão, surpreso e ansioso.
— Quem?
— Já ouviu falar sobre Kitty?
— Oh! Eu sei quem é, quer dizer… ouvi dizer que ele é um criminoso.
— Exato! Namjoon já contratou os serviços desse homem. Posso falar com meu alfa sobre sua situação e ele pode se comunicar com Kitty. Se ele aceitar poderá vir até você. Só que Kitty cobra caro por seus serviços.
Taehyung exibiu um sorriso e chegou perto do ômega, colocando as mãos nos braços dele.
— Perfeito! Fale para Namjoon conversar com Kitty e, caso ele aceite trabalhar para mim, informe-o que darei o quanto ou o que ele quiser.
Notas finais: Só escrevi essa fanfic por causa dessa capa linda que adotei. Antes dela nem tinha pensado nesse plot. E eu AMEI escrever essa fific. Ela se tornou uma dos meus xodozinhos. Espero que gostem e mil desculpas por qualquer erro nesse e nos outros capítulos.
Continua....
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Magic Shop | Taekook αβΩ
FanfictionTERMINADA Magic Shop é uma casa onde acontecem shows de mágica do ilusionista Jeon Jungkook. Os shows do alfa Jeon se tornam populares e crescem na capital francesa, recebendo sempre muitos clientes, inclusive, aqueles que costumavam frequentar o ma...