Abismal ? sério ?

Precisamos conversar

Camilo estava Na mesa da cozinha, tomando seu café durante a tarde como sempre fazia. Sua xícara estava na metade. A escuridão da bebida era nítida para ver seu reflexo.

Faziam alguns dias desde que Casita tinha sido reconstruída. Tio Bruno era o que ele mais evitava.

Não por medo, ou receio.

Mas ele tinha manchado ainda mais a imagem do tio.

Bruno não era muito conhecido pelos jovens, já que não sabiam quase nada e o pouco que sabiam era Camilo quem contava.

Quase dois metros de altura, ratos em suas costas. Verá seu futuro de uma forma torta.

Além de que ele se transformava em Bruno, passando uma aparencia de alguém maldoso.

- Abismal , solitário.

Era o que ele dizia para todos.

Bruno não era assim.

Na verdade ele apenas era anti-social.

Ele não faz coisas ruins porque queria. As visoes apenas vinham em sua areia.

Nada que ele pudesse controlar.

Ao levantar seu olhar, ele pode ver seu tio se sentar a mesa com uma xícara.

Eles se olharam.

O silêncio tomou o lugar por bastante tempo.

- Abismal,não é ? - Bruno disse enquanto tomava um gole de seu café.

Camilo deu de ombros.

- é.

Os dois tomara um gole de café.

- quase dois metros ? - Bruno indagou novamente.

Óbvio que ele não tinha essa altura, e nem perto disso também. Ele era mais baixo que suas irmãs.

Camilo exagerou.

- é...- novamente o garoto deu de ombros.

- eu acho que você não é bom com descrições.

- talvez.- ele disse se transformando no tio.

Eles se olharam por uma grande parte de tempo.

- eu acho que sou mais baixo.- Bruno afirmou, fazendo com que Camilo diminuísse o tamanho.

- na verdade, acho que meu nariz é mais largo.

Novamente Camilo mudou.

- e acho que meu cabelo tem mais fios brancos.

- você é meio chato não é ? - Camilo disse tomando seu café, ainda transformado no Bruno.

- eu acho que você é muito sarcástico, menino.

- o que você vai fazer , me dar um visão ruim ? - ele arqueou uma sobrancelha.

Bruno pôs seu capuz cobrindo seu rosto.

- yo no soy mas tu Tío Bruno. Yo soy Hernando.

- eu ainda posso ver seu nariz.- Camilo retrucou.

Ele então se transformou em Bruno, só que com um balde na cabeça.

- yo soy Jorge, y hago argamassa.

Bruno tirou o capuz.

- ei, meu sotaque não é assim.

- é sim.

- okay, isso é ruim.

- eu tô só te zuando- Camilo retornou a ser o que é.

- mas você devia parar de assustar as crianças sobre mim.

- eu sei, mas você tinha que ver a Mirabel quando eu falei essas coisas de você. Ela ficou sem dormir por uma semana.

- isso foi maldade. Vou fazer uma novela sobre isso um dia.

- acho que homens não gostam de novela, Tio Bruno.- Camilo deu de ombros.

- talvez, mas eu gosto de novelas.

- tipo aquela do amor impossível ? Acho que você bebeu muita cevada .

- ei, aquela foi uma obra prima. Ela era tia dele, mas tinha amnésia e ele não sabia que ela era a tia dele. Eu fiquei meses pensando nisso.

- acho que você ficou muito tempo sozinho...- ele desviou o olhar enquanto dava um gole em seu café.

- acho que você não sabe apreciar arte, pequeno camaleão.

- na verdade, eu odeio isso. Novela é coisa da mulherzinha.- ele disse levantando sua perna direita e colocando as mãos próximas ao rosto. - tipo da Dolores e do Mariano.

- acho que você é sarcástico demais.

- talvez eu seja. - ele terminou seu café e foi para cozinha.