4. Mais uma vez descobertos

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— Ankel acorde! Precisamos sair daqui! — grito ao mesmo tempo em que bato apressadamente as mãos em seu ombro. Passo por ela, chegando aos demais. — Ricard levante! DT, vamos! Temos que ir embora AGORA!

Marco não se preocupou em me ajudar a acordar eles, como imaginei que faria, saiu em disparada para o corredor que levava às escadas. Pelo canto do olho consigo enxergá-lo arremessando algumas peças de móveis que estão obstruindo a passagem.

— Pra que, Annie? — Ankel me pergunta, sonolenta.

DT foi mais rápido que todos, e assim que viu pela janela o que nos aguardava saiu em disparada para colocar Ankel de pé. Aquelas criaturas negras estão transpassando a janela/porta. Arrasto Ricard que está tão preocupado com sua mochila que nem se importa em ser levado. Vamos todos para o corredor, agora cheio de tralhas pelos cantos que foram empurrados por Marco antes.

— Aquilo são pássaros? — Ricard pergunta atrás de mim.

— Não olhe para trás! — repreendo.

— Não sabia que tinha criaturas voadoras em Thoron!

— É porque não tem, Ricard. — Marco comenta ao subir as escadas.

— Para onde estamos indo? Não tem saída! — Ankel grita.

— Só corre! — digo ao empurrá-la pelos ombros.

Já no andar de cima, Marco passa por diversas portas e logo volta para o corredor principal. Ricard está com sua espada na mão, ele ataca aquela nuvem preta que vem em nossa direção, sem acertar nenhum, a espada sai sem nenhum filete de sangue. Puxo o arco da Kleper e atiro flechas em disparadas, mas a nuvem preta é tão densa que não sei se acertei alguma criatura. Ricard e eu estamos caminhando para longe à medida que tentamos matar aquelas coisas.

— Annie, Ricard!

Sem esperar mais, corro para onde Ankel e DT abriram uma das portas, esta, espessa e de um vermelho vivo. Ao entrar no espaço de não mais que 2x2 percebo que aquilo não é uma sala. Estamos em uma caixa. Marco se posiciona em frente aos botões, arregaças as mangas e toca num painel aberto expondo todos os fios elétricos. As criaturas pretas estão quase chegando quando o elevador quebrado desce repentinamente. Infelizmente o quase chegando, não quer dizer que eles ficaram pra fora do elevador quando a descida se inicia. Significa que uma parte entrou conosco.

Vários gritos ressoam na escuridão, sinto bicos de pássaros e suas asas passando pelo meu corpo. Alguém segura algo cortante nas mãos. Seja o que for, passou muito rente à minha cabeça. Ao levantar minha mão percebo um líquido dourado esvaí do topo da minha orelha. Ankel finalmente fez uma chama com os dedos. Ricard com a espada em punho dá investidas onde as criaturas estão, meu cinto. Sem muito cuidado sua Lamina atravessa o corpo deles com um só golpe. Meu moletom preso à cintura está rasgado, enquanto os gritos foram transformados em silêncio e os rostos agitados em olhares desconfiados. Coloco minha mão no bolso em que está a Ardep, e o calor me tranquiliza ao tocá-la.

O elevador para bruscamente, acho que chegamos ao final. Não sabemos o que fazer, aquelas criaturas estão caídas nos meus pés ainda. Volto-me para Marco, assim como todos, esperando algum comando.

— Queime. — Ele responde, simplesmente — O que quer que seja, está buscando a mesma coisa que vocês. — Marco aponta para minha cintura. Se antes ele estava desconfiado sobre o que eu carregava, agora tem certeza. — Estamos no subsolo. Talvez mais dessas coisas estejam na saída.

— Não é a primeira vez que isso acontece. — DT justifica, e dá uma leve batidinha no ombro de Ankel. — Pelo menos esses são matáveis.

Essa é a opinião de um otimista, no caso, DT. Por meu ponto de vista combater Clarcs ou isso, é a mesma coisa. Clarcs são seres prateados que não morrem a não ser por óxido de zinco e pó de enxofre que retém o mercúrio, o material que são feitos. Estavam atrás de nós na Terra justamente para achar as Ardeps, felizmente conseguimos neutralizá-los.

Crônicas dos Snay 2: Ilhas de ThoronOnde histórias criam vida. Descubra agora