— Quer que eu tente derreter?
— Não vai precisar Ankel, acho que entendi o mecanismo disso — DT diz trabalhando na armadilha que me encurralou. — Ricard, me ajude aqui.
Apoio minha cabeça nos meus braços, esperando que dessa vez funcione o tal mecanismo. Eles conversam antes de tentar. Ricard é contra, mas DT afirma que pela lógica as alavancas tinham que operar. No fim eles decidem arriscar.
Mordo meu braço com a picada repentina. Algo transpassou minha perna. Assim que eles começam a resmungar xingamentos, eu bato na areia furiosamente, como se assim a dor fosse sumir de alguma maneira; é claro que ela não se foi, apenas serviu para me deixar ainda mais nervosa com a situação.
— Eu disse que ia acionar outra alavanca! — Ricard repreende.
— Posso arrumar em questão de segundos, eu só preciso tirar o pé dela daí — DT responde assumindo uma expressão de angústia.
— E se amputasse o pé? — Ankel diz com uma espécie de luneta nas mãos, olha por entres as lentes e depois volta a falar — Aí, você pode costurar de novo.
— Péssima ideia. — reprimo um grito — Péssima,... Droga!
— Isso levaria mais do que segundos — DT admite, considerando a hipótese — mas, funcionaria.
— Não, não e não! — repito. A última coisa que quero é que amputem meu pé, penso — Olha, acho que consigo andar com isso, — Tento levantar, com o arataca no tornozelo, e Ricard impede, abraçando-me a ele. — é só até a ponte! Hannagan disse que vai nos encontrar lá!
— Annie, não dá para nós irmos por aqui! Olhe em volta, há muitas armadilhas. — Ricard me faz encarar o espaço que nos separa da ponte — Temos que ver outro caminho.
— Ei gente, tem thorianos vindo em nossa direção. — Ankel avisa — acho melhor fugirmos logo.
— Eles têm um veículo. — Ricard avisa — Podemos roubar.
— Não estamos em condições de fazer nenhum dos dois. São três veículos que estão vindo! — Temos sorte de DT estar no comando, se não, teríamos sido bombardeados por aqueles thorianos, antes mesmo de termos dado dois passos.
A biga maior estaciona bem próxima a nós e dois thorianos saem dela. O primeiro é meio corcunda como se fosse velho. A armadura parece pesar sobre seu peito e em seu corpo é possível ver marcas e alguns rasgos na pele. A segunda a sair da biga, tem dois coques na cabeça, um de cada lado, ambos são pretos e se escondem perto das orelhas, suas vestes são feitas de um tecido da cor do bronze e seu braço carrega vários apetrechos.
— Solarianos. — A mulher diz, num som nasalado.
— Sabe falar nossa língua? — DT pergunta, se aproximando dela.
— Viajamos pra Solarium uma vez. — Ela responde simplesmente.
— Estão sendo procurados pela OPRA — O thoriano informa, entrando na frente da mulher.
— Estão destruindo as agências! — Ela nos acusa, pousando uma de suas enormes mãos no ombro dele.
— Não! Estamos tentando salvar nosso planeta! — Ankel dá uma cotovelada nas costelas de DT que se esquiva.
— Podem me ajudar? — Dessa vez a atenção de todos vai para mim. Estou no chão com Ricard abraçando-me de lado e com uma armadilha no tornozelo.
O thoriano fala algo com sua voz nasal ordenando alguém para se juntar a nós. Da biga à esquerda sai um thoriano alto e forte, a armadura de Bronze lustrosa é tão grande quanto o tamanho dele. Há uma argola dourada pendurada em seu nariz de porco, ele coça ligeiramente e caminha até mim obedecendo ao que o ancião lhe pediu. Através de movimentos, pede para que DT se afaste, e então começa a mexer na armadilha a qual fui refém.
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Crônicas dos Snay 2: Ilhas de Thoron
FantasiaSINOPSE [O tempo está esgotando] Anjie e seus amigos estão em um novo planeta. Eles precisam achar as demais Ardeps para salvar seu planeta, Solarium, antes que o tempo se esgote. Nessa nova aventura, terão que sobreviver aos nativos canibais e fugi...