6. Endiabrados dentro da gaiola

1 0 0
                                    


— Quer que eu tente derreter?

— Não vai precisar Ankel, acho que entendi o mecanismo disso — DT diz trabalhando na armadilha que me encurralou. — Ricard, me ajude aqui.

Apoio minha cabeça nos meus braços, esperando que dessa vez funcione o tal mecanismo. Eles conversam antes de tentar. Ricard é contra, mas DT afirma que pela lógica as alavancas tinham que operar. No fim eles decidem arriscar.

Mordo meu braço com a picada repentina. Algo transpassou minha perna. Assim que eles começam a resmungar xingamentos, eu bato na areia furiosamente, como se assim a dor fosse sumir de alguma maneira; é claro que ela não se foi, apenas serviu para me deixar ainda mais nervosa com a situação.

Eu disse que ia acionar outra alavanca! — Ricard repreende.

— Posso arrumar em questão de segundos, eu só preciso tirar o pé dela daí — DT responde assumindo uma expressão de angústia.

— E se amputasse o pé? — Ankel diz com uma espécie de luneta nas mãos, olha por entres as lentes e depois volta a falar — Aí, você pode costurar de novo.

— Péssima ideia. — reprimo um grito — Péssima,... Droga!

— Isso levaria mais do que segundos — DT admite, considerando a hipótese — mas, funcionaria.

— Não, não e não! — repito. A última coisa que quero é que amputem meu pé, penso — Olha, acho que consigo andar com isso, — Tento levantar, com o arataca no tornozelo, e Ricard impede, abraçando-me a ele. — é só até a ponte! Hannagan disse que vai nos encontrar lá!

— Annie, não dá para nós irmos por aqui! Olhe em volta, há muitas armadilhas. — Ricard me faz encarar o espaço que nos separa da ponte — Temos que ver outro caminho.

— Ei gente, tem thorianos vindo em nossa direção. — Ankel avisa — acho melhor fugirmos logo.

— Eles têm um veículo. — Ricard avisa — Podemos roubar.

— Não estamos em condições de fazer nenhum dos dois. São três veículos que estão vindo! — Temos sorte de DT estar no comando, se não, teríamos sido bombardeados por aqueles thorianos, antes mesmo de termos dado dois passos.

A biga maior estaciona bem próxima a nós e dois thorianos saem dela. O primeiro é meio corcunda como se fosse velho. A armadura parece pesar sobre seu peito e em seu corpo é possível ver marcas e alguns rasgos na pele. A segunda a sair da biga, tem dois coques na cabeça, um de cada lado, ambos são pretos e se escondem perto das orelhas, suas vestes são feitas de um tecido da cor do bronze e seu braço carrega vários apetrechos.

— Solarianos. — A mulher diz, num som nasalado.

— Sabe falar nossa língua? — DT pergunta, se aproximando dela.

— Viajamos pra Solarium uma vez. — Ela responde simplesmente.

— Estão sendo procurados pela OPRA — O thoriano informa, entrando na frente da mulher.

— Estão destruindo as agências! — Ela nos acusa, pousando uma de suas enormes mãos no ombro dele.

— Não! Estamos tentando salvar nosso planeta! — Ankel dá uma cotovelada nas costelas de DT que se esquiva.

— Podem me ajudar? — Dessa vez a atenção de todos vai para mim. Estou no chão com Ricard abraçando-me de lado e com uma armadilha no tornozelo.

O thoriano fala algo com sua voz nasal ordenando alguém para se juntar a nós. Da biga à esquerda sai um thoriano alto e forte, a armadura de Bronze lustrosa é tão grande quanto o tamanho dele. Há uma argola dourada pendurada em seu nariz de porco, ele coça ligeiramente e caminha até mim obedecendo ao que o ancião lhe pediu. Através de movimentos, pede para que DT se afaste, e então começa a mexer na armadilha a qual fui refém.

Crônicas dos Snay 2: Ilhas de ThoronOnde histórias criam vida. Descubra agora