Síndrome de Waardenburg • Hyunlix

31

Estava sendo desgastante e dolorido quatro dias, quatro dias que Felix não sentia o calor de Hyunjin, quatro dias que não o abraçava, beijava ou sequer via ou falava, quatro dias isolado, quatro dias sozinho e trancada, quatro dias sem Storm, Chan, Minho ou Jisung...

Quatro dias sendo tratado como um animal preso em uma jaula e a sua era seu próprio quarto ao qual ficava trancado vinte e quatro horas por dia, Sana levava cerca de duas refeições por dia para o garoto -Almoço e janta- E uma garrafa com água fria para o garoto tomar durante o dia.

Sua mãe alegava que ele tinha de emagrecer pois estava atrás de uma noiva para si e ele devia estar em forma.

Maldito seja seus pais e a igreja doentia ao qual estava quase o matando, o garoto não saía mais daquele quarto, não tinha mais seu notebook nem mesmo seu celular que sua mãe fez questão de quebrá-lo ao chão em sua frente, e agora suas costas ardiam e latejavam por novas batidas vindas de sua mãe.

Já que seu pai nem ao menos deu as caras em nenhum daqueles dias que esteve trancado algumas vezes passando até fome ou frio. Felix estava em um caso crítico estava parecendo um gato assustado, sentado encolhido em sua cama com as costas encostadas nas parede fria em busca de alívio a pele quente e latejante de sua costas que agora tinham marcas roxas.

As grossas lágrimas escorriam silenciosamente por seus olhos o loiro estava resguardando um medo tão grande de sua mãe que quando a mesma entrava em seu quarto o baixinho escondia-se rapidamente por de baixo do cobertor quente por puro medo da mulher.

Seus banhos tornaram-se mais noturnos e demorados, mais frios e intensos já que na maioria das noites acordava assustado por sua nova coleção de pesadelos, sua mãe o batia e amedrontava todos os dias e em consequência daquilo uma depressão não medicada começou a crescer no subconsciente do pequeno que agora apenas chorava e pensava em quanto tempo mais ele demoraria para morrer...

Sim, ele vinha buscando a morte de um jeito eficaz por mais que tenham sido poucos dias já sentia-se destruído e sem resistência, seus pulsos antes brancos e leitosos estavam ásperos e doloridos por possuírem diversos cortes profundos feitos no banho que estavam em processo de cicatrização, cada dia um corte novo, cada dia uma marca nova.

A única coisa que fazia companhia para o pequeno loiro assustado, suas marcas e lágrimas.

...

Do outro lado da cidade, Hyunjin e Bangchan buscavam um jeito de arrancar o mais novo daqueles monstros, Hwang estava decepcionado já que o pai de Felix nem havia se comunicado o maior achava que o outro Lee ao mínimo teria o escutado, julgado e pensado melhor em suas atitudes mas talvez Hyunjin estivesse errado.

— O que vamos fazer? — O acastanhado Perguntou enquanto estava sentado em uma das cadeiras de sua mesa com o advogado e Chan conversando sobre o caso.

— Sr Hwang — O advogado chamou a atenção do professor — Eu sei sua urgência em ajudar seu semelhante mas, não podemos fazer as coisas por conta própria — O homem avisou arrumando os óculos em seus olhos — Precisamos da aprovação do juizado e causo fizermos algo sem permissão isso pode complicar na ajuda da posse de guarda que foi solicitado pelo Sr Bangchan — Disse calmamente e Hwang assentiu afinal era verdade, ele tinha razão querendo ou não os dois monstros ainda eram pais de Felix e um passo em falso poderia colocar a guarda do menor a perder.

— Mas Bambam o que vamos fazer? — Agora foi a vez de Chan perguntar ao advogado inquieto — Não sabemos se Felix está sendo bem tratado ele pode estar sofrendo agora mesmo, o que vamos fazer?! — Falou exasperado o moreno sabia muito bem o que o irmão e a cunhada eram capazes de fazer.

— Bom... — A advogado fez uma careta enquanto pensava — O juiz que vai dirigir seu caso é meu amigo, eu posso tentar conversar com ele para tentar adiantar a data de encontro ao tribunal — Disse por fim — Mas eu não poderia fazer mais que isso! — Declarou por fim e Chan negou, aquilo era pouco quase que nem faria diferença.

— Não poderíamos ir até lá e ver como ele está? — Hyunjin perguntou já sabendo a resposta.

— Na verdade não pois seria invasão de privacidade — O advogado deu de ombros — É crime e vocês até mesmo poderiam ser presos por invasão de residência.

— Mas que inferno — Declarou o Lee mais velho irritado — E se formos com a polícia até lá?!

— Sim, vocês até poderiam denunciá-los — Bambam começou a falar despreocupadamente com seus óculos formais sendo apoiados pelo nariz — Mas precisariam de alguma prova para comprovar!

— Mas uma denúncia não precisa necessariamente de uma prova! — Chan franziu o cenho — Apenas uma simples denúncia com depoimento da testemunha ou da vítima já basta — Chan prossegue e Bambam ergue as sobrancelhas assentindo.

— Então podemos fazer isso! — Hwang  disse óbvio já levantando alarmado.

— Hyunjin — Bang disse negando — Não temos a vítima nem a testemunha.

— Eu sou a testemunha! — O acastanhado disse rapidamente com os olhos arregalados.

— Não estava lá na hora da cena — Bambam declarou mas hwang o interrompeu antes de prosseguir.

— Mas vi com meus próprios olhos o sangue seco e os machucados de Felix! — Eu cuidei de cada ferida e ele disse-me como cada uma foi feita! — Afirmou exasperante e Bambam encarou Chan que agora o olhava com expectativa.

— Sendo assim, creio que amanhã mesmo podemos fazer a denúncia contra os pais de Lee Felix.

...

Era noite quase uma da manhã e Felix olhava pelas grades que tinham em sua janela, sim, agora sua mãe havia posto grades também.

Lee sentia-se sozinho passava horas pensando nos amigos e em seu cãozinho que ficou na casa da pessoa que mais pensava Hyunjin, será que ele ainda se lembrava de si? Bem ele não sabia mas seu coração doía pois ele estava começando a acreditar nas palavras dolorosas que Sana dizia diariamente.

"— Acha mesmo que viveria uma história de amor com seu professor? — A mulher dizia com nojo nem se importando com a imagem do filho machucado e assustado — Vai ir pra o inferno quebrando as regras de Deus — Sana terminava."

"— O que foi Felix? — Falou debochadamente — Hyunjin nem ao menos te procurou, nem tentou falar comigo para saber de você — O que era uma grande mentira pois o celular da mulher tocava vinte e quatro horas e sempre era o telefone de Hwang —Continue aí se enganando, enquanto ele arruma uma mulher e tem filho e aí vai ser perdoado por Deus."

Deus, Deus, Deus Felix já nem mais acreditava nele, o loiro nunca havia feito mal para ninguém e sofria o inferno então se Deus realmente existisse ele não estaria fazendo de sua vida um inferno certo?!

Bem, o medo era dominante.

E novamente naquela noite fria ele mesmo não acreditando fielmente mais em Deus rezou, rezou para que Hwang ainda o amasse, rezou para que ele o encontrasse ainda com vida pois ele não sabia mais quanto tempo iria aguentar, ele rezou enquanto o sangue das novas feridas em seus pulsou escorreram por ralo a baixo durante o banho.

Hyunjin precisaria ir mais rápido, pois faltava pouco para seu garoto desistir.