O dia não parecia muito extraordinário para Evie, quando ela acordou naquela manhã. Havia uma névoa fina no ar e, com certeza, estava um pouco mais quente do que o normal para esta época do ano, mas isso não era nada para piscar enquanto ela saía da cama. O inverno em Londres pode ser temperamental, mudando sempre que a cidade permite.Suas mãos abriram caminho até o prato de água agora morna que sua mãe colocou perto do fogo. Usando o pano, ela se lavou e se preparou para o dia, vestindo um macacão grosso sobre o vestido azul desbotado e as botas. Uma última olhada no espelho rachado na parede confirmou suas suspeitas.
Teria que servir.
De lá, ela então desceu as escadas e entrou na cozinha. Treze anos podem ter parecido jovens, mas ela sabia como se defender sozinha. Como na maioria das manhãs, ela enchia a chaleira e colocava no fogão para ferver. Ela então começou a esquentar o mingau no fogão, sabendo que sua mãe desceria a qualquer momento, pronta para o café da manhã também, antes de correr para a escola.
— Mãe, o café da manhã está pronto! — Evie chamou um momento depois, colocando as duas tigelas fumegantes sobre a mesa.
— Chegando! —
A voz de sua mãe era melódica enquanto ecoava escada abaixo, seguida rapidamente pelos saltos de suas botas batendo contra a madeira.
— Você deveria ter me acordado antes, eu que deveria organizar o café da manhã querida — Fala Megan
— Eu não me importo em fazer isso — Evie sorriu, contorcendo-se quando sua mãe beija sua bochecha e correu para pegar sua porção. — Você precisava de mais alguns minutos na cama. Além disso, é só mingau. Eu não posso bagunçar tanto isso, não em comparação com o acidente do bolo —
— Bom ponto, eu nem sabia que você podia bagunçar até a sala com massa — Diz ela se lembrando daquele dia.
— Foi um acidente! — Evie protestou, sabendo que era inútil. Ela não estava destinada a ter talentos culinários como ela havia descoberto em várias ocasiões. Em vez disso, ela se contentou em simplesmente reaquecer e servir os pratos que sua mãe já havia feito e esta manhã não foi uma exceção.
— foi divertido — sua mãe brincou, correndo para terminar sua porção.
— Mãe, foi um desastre! — Evie deu um sorriso nervoso.
— Verdade, mas você tentou e é isso que importa, isso é tudo que importa — Falou um pouco baixo a última parte, ela parecia deslocada e pensativa.
— mãe o que foi? — Evie chega perto dela.
— Nada querida.
Evie riu quando um pouco de mingau caiu no cabelo de Megan, e a mãe revirou os olhos para a menor. Ela era oficialmente uma idiota e sabia disso, ela comeria torrada queimado apenas para ouvir piadas e risos da filha. Mas isso era algo que fazia parte dela, sempre tentava deixar os outros felizes e deixar o mundo mais brilhante.
Era apenas mais um motivo pelo qual Evie amava sua mãe.
Se Evie soubesse que esta era a última manhã que passaria com ela, teria passado mais tempo em seus braços, ela teria tentado manter aquele último beijo na memória, junto com o suave aroma de seu perfume saindo dela em ondas quando ela terminou o café da manhã, e saiu correndo para fora.
Mas não. Como tudo na vida, o momento foi fugaz. Lá um segundo e desapareceu no próximo, claro, Evie não sabia desse segundo detalhe. Só mais tarde naquela noite, quando voltou da escola e pretendia falar com a mãe para perguntar o porquê ela não havia ido para a escola, já que a mesma tinha saído tão cedo de casa, encontrou um homem estranho esperando por ela.
Ela percebeu pelas roupas que ele era um policial. Ela já tinha visto o suficiente nas ruas do bairro para saber o que ele era, no entanto, o que ele estava fazendo fora de sua casa não estava claro. Nem ela nem sua mãe tinham feito nada ilegal… que ela lembrasse.
— Com licença senhor? — Evie resmungou, gesticulando para a porta que o homem bloqueia a entrada — Está é minha casa, e quero que saia da frente dela, por favor.
Ao som da sua voz, ele se virou, ele olhou para a menina diante dele e tossiu ansiosamente.
— senhorita Westmore, eu presumo?
— Sim? Posso ajudar? — Evie encostou na parede fria.
As palavras que Evie pensou que nunca ouviria saíram da boca do homem.
As palavras que fizeram seu mundo desabar em um milhões de pequenos pedaços.
Ela estava lá, um zumbido ecoando em seus ouvidos. Tudo o que ela podia ouvir era aquela palavra uma e outra vez … morta. Sua mãe estava morta?Um acidente de carro estúpido de todas as coisas. Algum idiota bêbado dobrando a esquina rápido demais, que nem mesmo a viu até que fosse tarde de mais.
Evie engasgou. Lágrimas começaram a escorrer em seu rosto e suas mãos tremiam a pronto da bolsa cair dali.
— Não… Não, você está errando — Ela falou desacreditada, balançando a cabeça enquanto alcançava a porta — Ela não é. Ela está lá dentro, esperando por mim como sempre.
— Perdão… — o homem tentou falar, mas Evie não deixou.
— você vai ver, ela não me deixaria. Ela não faria isso! —
Seu tom era energético enquanto lutava para abrir caminho para dentro de casa, ignorando os apelos do oficial enquanto ele tentava fazê-la ouvir, entender. Ele deve ter percebido que era inútil, pois ela logo ouviu sua vizinha, a Sra. Dunthorpe, entrar na casa. Ela podia ouvir a mulher gentil tentando fazê-la ver a razão, ouvir o que o oficial tinha a dizer.
— Não, não, não — Choramingou Evie, balançando a cabeça e tentando limpar inutilmente as lágrimas.
Foi inútil. A Sra. Dunthorpe foi gentil, mas firme, enquanto puxava a garota em seus braços, fazendo-a calar quando começou acariciar seus cabelos.
— Vai ficar tudo bem querida — Ela murmurou voltando sua atenção para o homem desconfortável na porta. — Obrigado por nos avisar, eu vou cuidar dela hoje a noite, oficial —
— Bom — ele acenou com a cabeça, visivelmente grato por ter sido retirado da situação — Tenho certeza de que alguém entrará em contato com os desejos do falecido amanhã —
O nome dela era Megan! Evie teve vontade de gritar, sua mãe não era apenas um número, apenas "a falecida", apenas um rosto vazio ou um nome, ela era uma pessoa… uma pessoa maravilhosa que nunca voltaria para casa, que mesmo prometendo não ficaria com Evie, era uma pessoa… uma pessoa agora morta.
O pensamento a fez soluçar ainda mais, agarrando-se ao vestido da Sra. Dunthorpe enquanto lutava para respirar. Para se concentrar em qualquer coisa diferente do abismo que se abriu dentro dela.
Isso não estava acontecendo.
Não podia estar acontecendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A primeira filha
Novela JuvenilA vida para Tommy Shelby era bem comum; tudo o que ele sempre teve com que se preocupar era sua família, seu negócio e os Blinders. Nada mais nada menos. Bem, isso foi até sua 'filha', uma garota de 13 anos chamada Evelyn Westmore, ser lançada em su...