Life Sucks

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Você acha que sabe o que é dor quando bate a cintura na quina da bancada, quando soca a cabeça com tudo na hora de entrar no carro, quando prende o seu dedo em algum lugar, quando alguém te magoa por esquecer de uma data importante ou quando você tem o seu coração partido pela primeira vez pela sua primeira paixão.

Mas a dor de perder a pessoa que você ama com tudo que existe em você para a morte, não se compara.

Namorei Camila cinco anos e meio, nós nos conhecemos em uma das festas do meu terceiro ano da faculdade e foi praticamente amor à primeira vista. Naquela noite ela vestia um vestido preto básico e andava toda desengonçada com o salto alto que combinava com a sua roupa, seu sorriso chamava mais a minha atenção do que suas lindas pernas expostas. Nós conversamos a noite toda, dançamos, rimos e bebemos um pouco, porém nós não nos beijamos.

Vivenciei uma paixão platônica por ela, uma paixão esmagadora e que me deixava cega para todas e quaisquer imperfeições, que mais tarde descobri nunca existirem em Camila. Depois de dois meses de uma amizade intensa ela acabou me beijando, então eu a beijei e isso se tornou um ciclo vicioso e totalmente necessário. Quando demos por nós, já estávamos namorando, dividindo um apartamento e conhecíamos uma a família da outra.

Camila sempre foi uma pessoa maravilhosa, tinha um gosto pela vida, dava valor para pequenas coisas, não desmerecia ninguém e encantava a todos com o seu charme e beleza. Ela não sabia ser inimiga com ninguém, tornavam todas as pessoas suas pessoas seus grandes amigos e aliados, não foi diferente quando minha mãe a conheceu melhor e elas acabaram se tornando melhores amigas.

Quando dei por mim já havia passado cinco anos e meio e a vontade de concretizar, o que eu sempre tive certeza, ficou ainda mais evidente. Eu acabei decidindo comprar uma aliança cara de noivado para pedir Camila em casamento no nosso apartamento, depois de um jantar romântico a luz de velas.

Porém esse jantar nunca aconteceu.

Eu estava a esperando em nosso apartamento, com tudo pronto para o grande pedido, havia feito um jantar maravilhoso com a ajuda de minha mãe quando o telefone de casa tocou, depois de três minutos com o aparelho no ouvido senti minha garganta se fechar, as lágrimas rolarem incontrolavelmente pelas minhas bochechas e o chão sumir debaixo dos meus pés.

Bebida e direção nunca combinaram, qualquer pessoa com cérebro sabe muito bem disso, acho que o filha da puta que matou Camila se esqueceu.

De acordo com os paramédicos ela nem chegou ao menos ter tempo de sentir dor por tamanha força do impacto. Camila estava abrindo a porta do seu carro estacionado no lugar de sempre, saindo da empresa de marketing na qual trabalhava quando um carro em alta velocidade que estava na contra mão perdeu o controle após desviar de outro automóvel a prensou entre as latarias cinzas, Camz morreu na hora e o desgraçado ficou vivo, apenas com um corte na cabeça e duas costelas quebradas.

Palavras nunca seriam o bastante para descrever a dor que eu senti e ainda sinto, é algo sufocante e esmagador, é como se eu pudesse ser sugada por tamanha tristeza e esse arrombo que tenho no peito jamais seja fechado permitindo que esse misto de sentimentos ruins todos os dias finalmente acabem. Já havia me conformado que ninguém nunca vai substitui-la, tomar seu lugar na nossa cama, no nosso sofá, na nossa família, ninguém nunca poderia usar sua parte no nosso armário... ninguém nunca iria substitui-la na minha vida, no meu coração.

Ninguém nunca, nem em um milhão de anos iria substituir Karla Camila Cabello Estrabao.

Todas as vezes que fecho os olhos vejo seu sorriso contagiante estampado em meus pensamentos, consigo até mesmo me lembrar dos furinhos que se formavam ao lado de seus olhos quando ela sorria. Assim como conseguia me recordar –cada vez mais dificilmente- de sua risada gostosa, a sua voz sexy perto do meu ouvido para falar qualquer idiotice me perseguia a noite, assim como o pavor que eu agora sentia por estar me lembrando cada vez mais vagamente de como esses sons realmente eram. A lembrança do brilho de seus olhos castanhos que aqueciam o meu coração todas as manhãs, sempre estavam frescos em minha memória, assim como seu jeito feliz e amigável que trazia o bom humor até de uma pessoa desconhecida, seu coração puro que encantava a todos e sua personalidade infantil que sumia quando se tratava de seu trabalho, no qual era tão centrada e apaixonada.

Never Say GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora