A Guerreira - parte 1

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Eu já estava cansada da mesma estrada, minha bunda doía de estar sentada naquela sela há pelo menos dois palmos de Sol. No entanto, eu precisava manter-me firme e forte, por mim e por minha amiga. Olhei para trás para checar como ela estava, ela não lidava bem com cavalos, acho que nunca vai lidar, mas isso não é um problema, o importante é continuar nossa viagem., para longe de Damaria.

As dores dos últimos dias nos fez sair da capital do reino as pressas, é uma droga receber notícias tão graves por via de cartas. Eu gostaria de ver a situação com meus próprios olhos, na verdade, eu talvez ainda pudesse, mas minha atrapalhada amiga ainda precisava de mim. Ela precisava de mim mais do que eu precisava de respostas e confrontos. Embora um confronto agora seria ótimo.

Sinto muito em ter que deixar o resto do grupo para trás, é necessário. Precisamos dessa distância e ela precisa de uma guarda-costas, mesmo sendo poderosa como ela é, ela ainda pode se meter em problemas maiores do que os poderes dela. Nem sei como convencemos a Neesha de levarmos os dois cavalos, mas estou feliz que podemos andar depressa e, quem sabe, voltar depressa. A viagem será longa, mas acredito que valerá a pena. No momento estou buscando algum lugar para acampar pela noite, em breve Kolzes irá se pôr e ficará frio demais para qualquer uma de nós cavalgar no relento. Talvez alguma colina com uma boa visão sirva para essa noite, mas o ideal seria encontrar alguma estalagem de estrada, mesmo que eu seja uma elfa, e minha amiga uma olfe, acredito que észas valem mais do que raça, pelo menos nesta parte do reino.

Ainda não consigo acreditar que praticamente as mesmas coisas aconteceram comigo e com ela, digo, não são exatamente a mesma coisa, mas são estranhamente parecidas. Temos um laço e uma forma de nos metermos nos mesmos problemas das mesmas formas que eu acho fodidamente lindo. É uma porcaria, mas estar praticamente com os mesmo problema amoroso que minha amiga é unificador. Checando mais uma vez ela, percebo que ela possivelmente está limpando uma lágrima, eu a compreendo, mas eu não posso chorar, não agora, pelo menos não na frente dela. Minhas tentativas de começar algum diálogo forma inúteis, talvez nós duas ainda tenhamos muito o que aceitar e pensar, pelo menos eu tenho. Certamente ela também. Ela é mais emotiva, mais mole por dentro, e por fora, ela deve ter muito o que pensar e aceitar. Ainda não consigo acreditar que todas aquelas cartas, orações e tudo aquilo que ela fazia por ele, resultou nisso. Nem acredito que tudo o que eu fiz resultou naquilo. Me sinto uma idiota. Me sinto o os restos de lixo que Vafala deixou para trás quando cagou em Bellen. Eu sou uma idiota.

Acredito que nunca mais vou sentir algo por homem algum, ou elfo, ou olfe, ou qualquer ser vivo que se declare macho. Não que eu tenha preferências pelo outro lado, mas é uma decepção tão profunda que me faz ter novo por mim, por eles. Eu cuspo no chão. Pelo menos tenho outras svärds, isso me fez bem. O metal frio ao toque me faz me sentir bem, me dá um ânimo diferente, algo que me faz ver uma luz no fim do túnel. Mas que túnel é esse? Para que futuro estou cavalgando? Certamente um sem Sewenger Wolf.

Eu afasto esses pensamentos da minha cabeça com violência. Volto a focar minha atenção nos cascos dos cavalos batendo nas pedras cobertas de neve. Está frio. Ficará mais frio em breve. Eu olho ao redor e busco mais uma vez por alguma colina onde possamos acampar, e tento forçar minha vista para enxergar alguma construção mais a frente, porém nada. Apenas quilômetros e mais quilômetros de neve. Algumas árvores aqui e ali, pequenos bosques onde podemos acampar escondidas, mas nada que me passe uma verdadeira segurança. Checo minha amiga mais uma vez. Seus olhos ainda estão baixos, ela deve estar deixando o cavalo dela seguir o meu, nem mesmo as rédeas ela está segurando. Ela realmente deve estar bem abalada com a notícia que ela recebeu. Eu certamente estou abalada com a minha, embora seja algo bem indireto e vago, talvez seja pior do que a situação dela. Mas dizem que nossas dores são sempre maiores do que as dos outros, peppar i rumpan pa andra är förfriskning.

A Guerreira e a BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora