A Emissária dos Prazeres

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Naquela noite, a vila de Pécs abrigaria muito mais do que apenas duas estrangeiras, especialmente duas estrangeiras de nações invasoras. Se ao menos fosse apenas isso. Não. Aquela noite, Pécs seria palco de algo muito maior do que os preconceitos nórdicos, os eventos a seguir fugiriam até mesmo da compreensão das protagonistas desse romance proibido e promíscuo. Nem a elfa, nem a olfe, tinham ideia de que o que estava por vir seria de tamanha proporção, de algo fora de suas perspectivas terrenas e mortais.

Sem que elas soubessem, a Emissária dos Prazeres passava por Pécs aquela noite. Como uma criatura noturna e movida pelos prazeres carnais dos mortais, ela não podia deixar de sentir a crescente tensão de uma certa olfe na vila e, fazendo uso de suas magias divinas, ela se tornou invisível. Sua roupas de veludo avermelhadas num tom vinho, bordadas com rendas de seda negra não seria vistas aquela noite. Nem mesmo sua pele branca como as nuvens ou seus chifres negros como ébano, muito menos a sede de sangue e prazer que seus olhos buscavam de forma incansável e predatória.

A emissária caminhou tranquila e serena pela vila, intocável pelos mortais e invisível para todos, mesmo os usuários de magia e homens de fé. Mas é claro que ela não poderia passar completamente despercebida. Sua presença e sua aura de prazer contagiava todos os que se aproximavam dela. Inconscientes da criatura ao seu lado, homens e mulheres tremiam, seus corpos expeliam fluídos promíscuos e quase descontrolados se apressavam para suas residências, em busca de seus cônjuges. Sua mera presença e passagem pelos transeuntes da vila os faziam pensar e desejar por carne. Naquela noite, muitos não dormiram em paz até que sua sede fosse saciada. Mas é claro que, de longe, perante as duas Luas, a emissária tinha um alvo, um foco. Naquela noite ela se divertiria com duas pessoas, acredite, se sua mera presença é capaz de desviar o mais santo dos homens, sua intenção e toque poderiam levar a loucura quaisquer sujeitos.

A já sedenta de prazer, Laysla, não esperava que sua noite saísse do controle meticuloso que ela havia estabelecido especialmente sobre seu corpo e mente. Suas orações, crenças e gestos foram ótimos, até certo ponto. A noite tinha corrido bem, de estômago cheio, as duas amigas se descontraíram um pouco com conversas paralelas, mas logo ocuparam o fino colchão de palha e, cada uma para um lado, tentavam dormir.

De olhos fechados, Amyliss orava em silêncio, pedindo para seu dia amanhã, para que tudo se resolvesse bem e, em foco, que fossem capazes de encontrar quem precisavam. Subitamente seus olhos se abriram, e o par de âmbares fitaram o quarto e a escuridão. Algo não estava certo. Antes mesmo de entender o que estava acontecendo, a elfa já podia sentir uma presença. Alguém andava do lado de fora do quarto, seus passos lentos, precisos e confiantes. Era uma presença maligna, faminta e voraz. Amyliss tentou reagir, sua mente focou nas svärds e na sua imaginação ela se levantou e enfrentou a figura. Na realidade, ela estava paralisada, seu coração palpitava sonoramente, seus corpo retesado e letárgico. Ela não podia se mexer, mas ela podia sentir. E ela sentiu.

Amyliss sentiu quando, de suas pernas, fluídos escorreram, molhando suas coxas e descendo para a palha, ela sentiu quando suor nasciam e escorria de sua testa, sentiu suas coxas tremeram e endurecer, seu corpo suava, mas estava frio. Seus olhos arregalados viajam de um canto para o outro do quarto, buscando a fonte de tanta confusão, mas tudo parou quando de forma lenta e decidida, uma mão roxa tocou sua nuca e, se arrastando pela sua pele úmida, subiu pelo pescoço e agarrou firme seu pescoço. Sem perceber, Amyliss deixou sair um grunhido involuntário de sua garganta. A mão roxa agora frouxamente a sufocava e puxava para trás. De olhos fechados Amyliss se entregava ao desconhecido.

Com um força súbita e oriunda de suas convicções, Amyliss reabriu os olhos e se virou para Laysla, pavor e preocupação inundavam a mente da elfa. Foi quando seus olhos âmbares encontraram os olhos roxos da olfe. Como um reflexo, os olhos roxinhos de sua amiga ficaram vermelhos e vibrantes, assumindo novamente sua cor roxa no instante seguinte. Com um riso lupino e malicioso, a olfe encarou os lábios da elfa, que mais uma vez estava paralisada. A olfe, possuída por algo além da compreensão de Amyliss, avançou, tocando os lábios de ambas. Aquele mesmo grunhido inapropriado saiu da garganta da elfa, e foi intensificado por determinado toque entre suas coxas.

A Guerreira e a BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora